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Os curtas A Foto, de Rodrigo Campos, e Feito
Não Para Doer, Caetano Gotardo, dentro do Cinema
em Curso |
Uma
vitrine da produção mundial da atualidade no formato
curta. Assim pode ser definido o Festival Internacional de Curtas-Metragens
de São Paulo, que vai trazer filmes dirigidos por cineastas
consagrados como John Woo e Tony Scott, uma mostra dedicada a Jacques
Tati (maior nome do humorismo francês), os destaques da Semana
de Crítica do Festival de Cannes deste ano, a mais recente
safra internacional e ainda trabalhos nacionais originários
de oficinas digitais da periferia. Há
também as tradicionais seções como a Mostra
Latino-Americana e Programas Especiais, que nesta 14a edição
traz como foco o terror, considerado um dos mais propícios
à criação e à ousadia, envolvendo nomes
como o do mestre Orson Welles e de José Mojica Marins; e
ainda várias obras produzidas pelo inglês Nick Park
(de A Fuga das Galinhas), além de uma série de filmes
da dupla Wallace and Gromitt, integrante da programação
Lixo Branco, que faz sua estréia mundial no festival de São
Paulo.
A produção
brasileira é apresentada nas seções Panorama
Brasil, Mix Brasil e Cinema em Curso, esta última reunindo
filmes produzidos por alunos de universidades, entre elas a USP.
Um deles, por exemplo, está concorrendo no Projeto Nascente,
que visa a descobrir novos talentos da USP. É o curta A Foto,
construído a partir de um roteiro não linear para
contar a história de um rapaz que está deixando a
sua casa e sua mãe enferma para seguir sozinho. Em um primeiro
momento, como explica o realizador Rodrigo Campos, ele sai de casa
depois de envenenar a mãe, registrando seu sofrimento com
uma câmera fotográfica, e passa a viver na rua; depois,
retornando a essa mesma cena, ele vai embora, mas com o consentimento
da mãe. Na trilha sonora estão conjuntos vocais africanos
e ainda a música instrumental progressiva dos anos 70.
Outro
filme, que foi contemplado com sua finalização no
curso de Cinema da Escola de Comunicações e Artes
(ECA) da USP – última turma com esse título,
já que depois foram incorporados Rádio e TV e o curso
passou a se chamar Audiovisual – é Feito Não
Para Doer, de Caetano Gotardo. Como ele mesmo diz, é um filme
essencialmente sobre a perda. Na história, o reencontro de
duas amigas acontece com a morte do marido de uma delas (os três
estudaram juntos na faculdade). A amiga que veio de Florianópolis
para o enterro traz fotos que ele tirava, quando ainda era estudante,
de passageiros de ônibus. A mulher vai então para um
ônibus na tentativa de retomar o olhar do marido. A trilha
sonora traz um samba, composto pelo diretor, cantarolado no início
pelas atrizes, com a melodia através da flauta e, no final,
na voz da cantora Andrea Marquee. Ainda de alunos da USP são
os filmes Boa Vizinhança, de Maurício Fernandes, sobre
uma catástrofe que está prestes a acontecer; Cheque
de Terceiro, de Thiago Villas Boas,de alguém que se vê
em apuros; Dia de Glória, de Carolina Gonçalves, sobre
um casal que resolve discutir a relação após
50 anos de convivência; Nossos Parabéns ao Freitas,
de Felipe Marcondes, que narra o trágico aniversário
de um pai de família reacionário e reprimido; Que
Fazer?, de André Luiz de Luiz, em que um velho e uma garota
disputam espaço.
No
Cinusp – Na primeira semana de setembro, o Cinusp vai exibir
em duas sessões parte do festival, trazendo vários
programas: 30 anos da Associação Brasileira de Documentaristas
(ABD), que reúne filmes como Eu Sou a Vida, Não Sou
Morte, de Haroldo Marinho Barbosa, Lampião (ou para cada
grilo uma curtição), de Still, e O Guesa, de Sérgio
Santeiro; Curta Petrobras (Carro-forte, de Mário Diamante,
Equilíbrio e Graça, de Carlos Reichenbach), Cineastas
e Imagens do Povo (A Pedra da Riqueza, de Vladimir Carvalho, e Lavra-dor,
de Paulo Rufino, entre outros), Brasileiros no Exterior (Colapso,
de Gustavo Curi, Luz Brilhante, de Carolina Gonçalves), e
também a homenagem a Jacques Tati (com legendas em português).
O especialista Yann Goupil vem ao Brasil acompanhar as projeções
e ministra palestra na ECA sobre a experiência de distribuição
da Agência do Curta-Metragem, responsável pela política
de distribuição do formato na França.
O festival
sedia também o Encontro Nacional da ABD, que reúne
realizadores de curtas-metragens e de documentários, com
o programa de filmes apresentados na primeira edição
da Jornada da Bahia, em 1973, ocasião em que a associação
foi fundada. Ainda será realizado um seminário, organizado
pelo crítico Jean-Claude Bernardet (ECA/USP), no Centro Cultural
Banco do Brasil, reunindo realizadores e organizadores de oficinas.
E tem muito mais!
O festival
acontece em 11 lugares: Cinusp, Centro Cultural Banco do Brasil,
Centro Cultural São Paulo, CineSesc, CineMAM, Espaço
Unibanco de Cinema, Faap, Museu da Imagem e do Som, Sala Cinemateca,
Sesc Vila Mariana e Cine Morumbi Shopping. A programação
completa pode ser acessada no site da organizadora www.kinoforum.org.
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