Melaine
Klein começou a trabalhar com a psicanálise
infantil na década de 20, lançando nova luz
sobre o seu desenvolvimento. Freud relatava que todos os problemas
se originam na infância, mas a psicanalista, sua aluna
e discípula, foi a primeira a realizar, na prática,
estudos com crianças. Ela implementou a técnica
de brincar, inspirada nas observações de Freud
sobre o brincar da criança com carretel. Melanie percebeu
que isso representava simbolicamente as ansiedades e fantasias
infantis. Assim, tratou seus pequenos pacientes na sala de
recreio, e foi lá que descobriu o caminho para o inconsciente
da criança. Austríaca, a psicanalista exerceu
sua profissão em Londres e até hoje seus trabalhos
permanecem atuais e fundamentais nos diagnósticos e
tratamentos tanto para crianças quanto para adultos.
Seio
bom e seio mau. Ou seja, a mãe que amamenta, dá
carinho e amor, é a mesma que maltrata e agride o filho.
Essa é apenas uma parte da teoria de Melanie Klein,
que está presente na peça em cartaz no Espaço
Promon. Sua trajetória inspirou o espetáculo
Melanie Klein, dirigido por Eduardo Tolentino de Araújo.
Uma trama que se desenrola repleta de inveja, dor, ódio,
culpa, reparação, e ainda permeada de simbologismos
e psicologismos. Um espetáculo forte e denso, que mostra,
na maior parte de forma intrínseca e às vezes
totalmente explícita, a natureza humana, e exatamente
por isso se aproxima do público.
Escrita
por Nicholas Wright, a peça traz o confronto de três
psicanalistas: Melanie Klein (Nathália Timberg), sua
filha Melita Schmideberg (Carla Marins) e sua admiradora e
assistente Paula Heimann (Rita Elmor). A história se
passa numa noite de 1934 na casa da psicanalista. Após
a morte do filho, Melanie não consegue ir ao enterro,
voltando para casa onde reencontra sua filha e sua assistente.
Melita, que segue outra linha de análise, a acusa de
nunca ter sido mãe e ainda de ter usado os filhos para
suas experiências com o objetivo único de comprovar
suas teorias. Ela, a mãe, por sua vez rebate com a
própria teoria e, apesar de amá-la, também
a acusa de tantas outras coisas. Conceituada e autora de vários
livros, Melanie se coloca em um pedestal, de onde cai a partir
de uma revelação. É claro que há
sempre uma guerra interna entre a mãe e a psicanalista.
Quem ganha?
A
peça Melanie Klein está em cartaz até
30 de novembro, sexta, às 21h30, sábado, às
21h, e domingo, às 19h, no Espaço Promon do
Condomínio São Luiz (av. Juscelino Kubitschek,
1.830, Itaim Bibi, tel. 3847-4111). Os ingressos custam R$
30,00 e R$ 40,00 (sábados); estudantes e pessoas com
mais de 65 anos pagam meia-entrada. |