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Nesses tempos em que a fotografia é digital e, cada vez mais, manipulada em computador, levanta-se a discussão entre realidade e ficção. Tema fundamental, já que não existe hoje debate sobre comunicação sem a imagem, como informa o professor Atílio Avancini, que ministra a disciplina Fotografia em Editoração, e é curador da mostra “Papel de Ficção”. São trabalhos de alunos que apresentam fotomontagens a partir desse debate, cada com sua visão subjetiva do mundo, reinventando a realidade. O professor também diz que, além desse caráter atual, a mostra representa de forma metafórica o curso ainda em formação na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

A maioria das imagens traz brincadeiras que refletem de forma crítica sobre alguma questão, da arquitetura à guerra. Glaucy Marques Vulcano fotografou a arquitetura do bairro da Vila Leopoldina, onde mora, mostrando os contrastes arquitetônicos, com sua crescente verticalização, e no centro da fotomontagem uma moldura antiga, com a imagem de uma fábrica demolida há 11 anos, que deu lugar a um dos condomínios residenciais da região. Também do lugar onde mora, Luciano Gaubatz Borges mostra o bairro de Heliópolis, com seus prédios e a favela. Clarissa Boraschi Maria traz fotos do Porto de Santos inseridas nos paralelepípedos do mesmo local. Ainda de lugares, só que por onde passa, Estevan Daniel Navarro Gurgel Praxedes tirou fotos de dentro do ônibus e do próprio transporte, trabalhando sobre os filtros, com um resultado final surpreendente. Já Luiz Henrique de Almeida colou imagens dos grafites que estão pintados no túnel da avenida Paulista em cima da fotografia do próprio local.

Soldadinhos de brinquedo em posicionamento de luta aparecem no contexto de manchetes de jornais sobre conflitos e guerras, no trabalho de Maurício Y. Katayama. Leonardo José Pascoal também usou a banca de jornais como fundo de seu trabalho, inserindo bichinhos de pelúcia e fazendo algumas intervenções. O contraponto entre a religiosidade presente em estátuas e o dinheiro representado pela máquina registradora é o que propõe o trabalho de Beatriz Moreira Berto. Já a questão da morte é abordada por Renata Dias Gomide Torres, na última foto de uma série sobre os sentimentos, da alegria à depressão.

É sobre moda o ensaio fotográfico de Eliane Alves de Oliveira, que recortou os manequins. Uma modelo sem maquiagem aparece na fotomontagem de Willian Rezende Paiva, rasgando a própria foto, e seu detalhe com maquiagem e acessórios. Thaís Coutinho também trabalhou sobre detalhes, desta vez de um bar, refletidos em dois espelhos, com seus respectivos reflexos. Os shows são o mote de Daniela Picarelli Gurgel, que traz um ambiente escuro, com imagens em tom amarelado e efeito rasgado. Ainda comparece na mostra fotomontagem de cachorros de Denis Pierri Araki.

É uma síntese da produção de todos os alunos, que mostra não só um recorte da realidade, mas também assume que fotografia é ficção.

O vernissage da mostra “Papel de Ficção” acontece nesta quinta, a partir das 19h30, com recital de violão, no Espaço Milton Santos do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP (av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A, Cidade Universitária). A mostra pode ser visitada de segunda a sexta, das 8h às 22h, com entrada gratuita.

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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