Os reitores
das três universidades públicas paulistas, USP, Unicamp
e Unesp, vão se reunir com o governador Geraldo Alckmin nesta
terça-feira, dia 13, às 18 horas, no Palácio
dos Bandeirantes, para discutir o decreto que fixa o teto salarial
do funcionalismo público do Estado em R$ 12.720,00, assinado
por Alckmin no dia 6 de janeiro. O decreto – segundo o qual
nenhum funcionário público em São Paulo poderá
ter salário maior que o do governador – deverá
atingir cerca de 6.500 servidores e render uma economia de R$ 52
milhões em 2004, segundo estimativas do governo.
Também
na terça-feira, antes da reunião com Alckmin, os três
reitores – Adolpho José Melfi, da USP, Carlos Henrique
de Brito Cruz, da Unicamp, e José Carlos Souza Trindade,
da Unesp – terão um encontro para avaliar a situação
e elaborar uma posição conjunta, que será levada
ao governador. O encontro será realizado na USP, na parte
da manhã, com a presença da equipe técnica
dos reitores.
Melfi se mostrou
preocupado com o limite de salários imposto pelo decreto
de Alckmin. Segundo ele, como o cargo de governador não está
atrelado a uma carreira profissional, mas a uma situação
política momentânea, o teto salarial poderá
ficar estacionado por um longo tempo. Isso prejudicaria aqueles
professores, por exemplo, que – graças ao tempo de
serviço, à dedicação integral e à
aprovação em teses e concursos – poderiam atingir
um nível salarial maior. O atual salário do governador
do Estado, de R$ 12.720.00, foi estabelecido em 1998 por Mário
Covas.
O professor
Adilson Carvalho, da Coordenadoria de Administração
Geral (Codage) da USP, destacou que o decreto produzirá um
“grande desestímulo” para o professor em sua
carreira universitária. “O docente que tem um salário
próximo ao teto, por exemplo, sabe que, por mais que ele
trabalhe, não poderá ganhar mais.” Carvalho
tem esperanças de que Alckmin reveja sua posição,
pelo menos no que se refere às universidades. “Não
é possível tratar todo o funcionalismo de uma maneira
única, sem levar em conta as especificidades de cada categoria”,
defende o professor, lembrando o caráter especial de uma
instituição voltada para a produção
de conhecimentos. No momento em que falou ao Jornal da USP, na quinta-feira
da semana passada, Carvalho não tinha o número exato
de servidores da USP que serão atingidos pelo decreto de
Alckmin, pois os dados ainda estavam sendo obtidos pelos técnicos
da Codage. No entanto, ele tem uma certeza: “É falsa
a informação, divulgada pela imprensa, de que a maior
parte dos servidores com supersalários está nas universidades”.
Adusp –
A diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp)
discutirá nesta semana um cronograma de ações
contra pontos polêmicos aprovados na reforma da Previdência
e o encaminhamento das discussões poderá incluir o
ingresso de ações judiciais contra o Estado. “A
discussão sobre o teto salarial entra num conjunto de ações
contra a reforma da Previdência como um todo. Não estamos
dando destaque só para isso, mas também para outras
questões, como aposentadorias e paridade entre ativos e inativos.
As consultas ao Departamento Jurídico ainda estão
sendo feitas e não deliberamos nada. Não sabemos,
por enquanto, como ou quando moveremos as ações”,
diz a professora Raquel Casarotto, da diretoria da Adusp.
O Departamento
Jurídico da Adusp avalia vários instrumentos. Segundo
a advogada Lara Lorena, a Adusp pode entrar com uma ação
direta de inconstitucionalidade em primeira instância, em
São Paulo, ou participar como parte interessada em ações
judiciais que já tramitam em Brasília, impetradas
por partidos políticos. “Ainda é muito cedo
para afirmar qual meio escolheremos. Tudo depende da pauta política
da entidade e de avaliarmos se será mais vantajoso atuarmos
em nível regional ou federal.” |
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