PROCURAR POR
 NESTA EDIÇÃO
  
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desde a fundação da USP, em 1934, as várias unidades da Universidade se dedicam a iniciativas que promovem a inclusão social e ampliam a cidadania no Brasil. Em razão da grandeza e da variedade da instituição, porém, não existem dados precisos sobre tudo o que é realizado pela academia em favor daqueles que sofrem limitações – sejam famílias de baixa renda ou deficientes físicos. A socióloga Cristina Guarniery, diretora de Projetos Especiais da Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais (Cecae) da USP, explica que essa dificuldade ocorre em função da autonomia das unidades, que têm um trabalho descentralizado. “Podemos dizer que essas atividades têm crescido bastante, mas ainda não conseguimos quantificá-las.”

Justamente para conhecer com mais exatidão essas atividades, a Cecae criou o Programa USP Formação e Transformação – Iniciativas Sociais, Culturais e Empresariais. O objetivo do programa é conhecer todas as atividades que contribuam, direta ou indiretamente, para a preparação de uma vida em sociedade e para o mundo do trabalho dos que se formam no ensino superior. O levantamento será feito através de um questionário que se encontra acessível na página virtual da Cecae (www.cecae. usp.br/pisces). “O programa é fundamental para acabar com essa carência de dados numa área tão importante como a extensão universitária”, diz Cristina.

Para o coordenador da Cecae, professor Sérgio Muniz Oliva Filho, o programa é importante para ajudar a Universidade a definir seu papel na área de extensão. É imprescindível, segundo o professor, que a Universidade pense nessas questões, pois cada vez mais será cobrado o seu compromisso social. “Acredito que a tendência da universidade pública seja mostrar sua cara através de projetos sociais, que também são formas de divulgar o conhecimento apreendido. A área de extensão é muito profícua para divulgar o conhecimento que não o científico.”

Jardim São Remo – Mas a Cecae não se dedica apenas a centralizar as informações sobre as atividades de extensão realizadas na USP. Ela mesma promove projetos que colaboram diretamente para a construção de uma sociedade mais justa.
Um desses projetos é o Programa Avizinhar, implantado há seis anos. Através dele, a Cecae oferece atividades culturais e sociais para crianças e jovens do Jardim São Remo, um bairro carente localizado ao lado da Cidade Universitária, em São Paulo. Orquestra, coral, esportes e informática preenchem o cotidiano dos jovens da comunidade.

Realidades distintas: o Avizinhar, da Cecae (esquerda) e o Clicar, da Estação Ciência, como alternativa às mazelas da sociedade

Já a Rede Saci (www.saci.org. br) desenvolve um trabalho de inclusão social de usuários da Internet portadores de deficiência. Pensando em promover o contato entre essas pessoas e entidades, a rede disponibiliza canais de comunicação para difusão de informações sobre o tema. Com isso, visa a estimular a melhoria da qualidade de vida e o exercício da cidadania das pessoas portadoras de deficiência.

Destacam-se ainda atividades voltadas para a assistência a micros e pequenos empresários, através dos projetos Atual-Tec e Disque-Tecnologia. O objetivo do Atual-Tec é contribuir para a capacitação tecnológica de micros e pequenas empresas, mediante aproveitamento do potencial tecnológico da USP. Proporciona treinamento básico em qualquer área de interesse. Por sua vez, o Disque-Tecnologia é um serviço que coloca à disposição das empresas a competência da USP para a solução de problemas específicos de natureza tecnológica ou de gestão empresarial. “O objetivo dos dois projetos influencia muito na questão social porque pode gerar mais empregos”, explica Cristina.

O USP Recicla é uma referência dentro da Cecae. Existe há dez anos e está implementado nos seis campi da USP. É um programa que busca contribuir para a formação de sociedades sustentáveis por meio de iniciativas de gestão ambiental. Atualmente vem formando agentes locais para dar sustentabilidade socioambiental. Com cursos de especialização voltados para funcionários, a intenção é ampliar o quadro técnico capaz de atender à demanda da sociedade. Outro projeto da Cecae, o USP Legal tem o objetivo de incluir pessoas com deficiência no ambiente universitário, propondo mudanças físicas nos prédios, ruas e salas de aulas para que alunos, professores e funcionários tenham fácil acesso a todo o campus.

USP o Ano Inteiro Solidária nasceu há cinco anos como uma forma de aperfeiçoar o projeto Comunidade Solidária, do governo federal. Enquanto o Comunidade Solidária propunha um programa pontual de 21 dias, em que estudantes eram mobilizados para desenvolver alguma atividade no interior do Nordeste, a proposta da Cecae enfatiza a continuidade das ações. “Criamos uma cartilha sobre o uso racional da água em Candial, na Bahia, e fizemos ações de desenvolvimento sustentável em Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco, por exemplo”, conta Cristina. A Cecae mantém ainda o Grupo de Assessoramento ao Desenvolvimento de Inventos (Gadi), que tem como missão proteger a propriedade intelectual na USP.

 

 

 

 

Projetos que espalham a cidadania

Os projetos promovidos pela Cecae não são os únicos exemplos de atividades feitas na USP diretamente ligadas à questão da inclusão social. Existem inúmeros outros. Veja-se o Projeto Clicar, desenvolvido na Estação Ciência da USP, no bairro paulistano da Lapa, em parceria com a ONG Cepeca, com patrocínio da Petrobras. Atende diariamente cerca de 40 crianças em situação de risco social.

Ali, o maior atrativo são os computadores, com jogos e Internet, mas também são oferecidas outras atividades, como desenho e sessões de cinema. Surgiu da necessidade de um projeto com as crianças que perambulavam pela Estação Ciência. Não é cobrada freqüência, mas, para participar, as crianças devem fazer uma carteira de identificação.

Nove educadores atuam no Clicar. Um deles é Luis Eduardo Araújo, de 20 anos, que começou a freqüentar o espaço quando o projeto ainda estava no início, em 1996, com apenas dois computadores. Na época, ele guardava carros e morava na rua. Com a bolsa-escola que ganhou, concluiu o ensino médio sem ter que trabalhar.

Antônio, de 16 anos, também passa suas tardes nos computadores do Clicar desde 1996. Ele já montou um site sobre um desenho animado japonês. “Pretendo trabalhar com informática e estou fazendo um curso de manutenção e instalação de micro. Vou agora para o terceiro ano (do ensino médio). Nem acredito. A matéria que vou melhor é matemática, que tem mais a ver com computador.”

Jonas, de 13 anos, também tem boas impressões do Clicar: “Quando vi os brinquedos e os computadores, fiquei louco para entrar aqui. Foi a primeira vez que mexi num computador. Venho há mais ou menos um ano para desenhar, jogar, entrar na Internet. Se eu tiver dificuldade para estudar, eles (os educadores) me ensinam. E também faço amigos”.

Projeto Piá – Coordenado pela professora Izabel Galvão, da Faculdade de Educação da USP, o Projeto Piá é outra iniciativa da Universidade que espalha a cidadania. Também com patrocínio da Petrobras, atende diariamente cerca de 60 crianças e adolescentes da região da Barra Funda, em São Paulo. Inclui biblioteca, brinquedoteca e espaço para atividades artísticas e cênicas. Chega a cumprir o conteúdo oferecido nas escolas tradicionais, como a alfabetização, porém com atividades lúdicas e culturais. No total são cinco educadores e quatro estagiários. “Vivemos na Universidade um momento em que o conhecimento tem a maior oportunidade de tornar-se ação social”, sentencia a educadora Lizandra Guedes, mestranda do Instituto de Psicologia da USP, que participa do Projeto Piá.

CRÍCIA GIAMATEI

 

 




ir para o topo da página


O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
[EXPEDIENTE] [EMAIL]