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Audiovisual paulista

Na sexta, estréia, simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo, um dos filmes mais elogiados pelo público na última Mostra Internacional de Cinema. 1,99 – Um supermercado que vende palavras, de Marcelo Masagão, questiona o consumismo e a necessidade de falar das pessoas com uma história em que os personagens não saem de um supermercado e não pronunciam uma palavra sequer. O que fala pelas pessoas são os produtos, os anúncios, os aparatos tec-nológicos e a música de Wim Mertens, intimamente integrada às imagens de Masagão. Aliás, na semana que o filme entra em cartaz, o compositor belga da trilha sonora vem ao Brasil. Mertens, autor também das músicas de Nós que aqui estamos por vós esperamos, faz única apresentação nesta quarta, às 21h, com o saxofonista Dirk Descheemaeker, no Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 5080-3000, com ingressos a R$ 20,00).

O contraste entre a atitude de Barbatuques e a apatia diante das máquinas

Irreverentes, como a de uma máquina provocando prazer sexual ou a de uma vaca marcada com o slogan “Just do it”, quase todas as cenas do filme são completadas pelos sons de Mertens, com música feita originalmente para o longa. Um dos momentos de exceção acontece com o grupo brasileiro Barbatuques, que entra no local levantando a placa de “intervenção contra o tédio”: os atores-músicos produzem sons usando somente seus próprios corpos. Ou então com uma canção inesperada do Funk como Le Gusta. O minimalismo de Mertens transmite as sensações de angústia, compulsão e desejo, recorrentes no supermercado todo branco e asséptico, cheio apenas de ordens e fetiches em seus produtos. “O supermercado vende necessidades? Ou vende a necessidade do fetiche?”. Num mundo “que está ficando cada vez mais complicado”, certamente ele vende palavras.

 

 

 

 

 

O menino e o crocodilo, de Moustapha Dao, da tradição oral

África pelo cinema

Paralela à exposição “Arte da África”, a mostra Impressões da África – A África em 29 Curtas apresenta filmes feitos no continente nos últimos 30 anos, entre ficção, documentário e animação. São 29 curtas-metragens de 27 diretores, divididos em seis programas: “Infâncias do Maghreb”, “Linhas de vida”, “A iniciação”, “Contos e lendas”, “Jogos e brinquedos” e “Contos de animais”. Traz, entre outros filmes, A falésia (1998), de Faouzi Bensaidi, sobre dois garotos que vivem de pequenos bicos até um deles deparar-se com a morte; Abril (1998), de Raja Amari, em que o silêncio do dia contrasta com as noites cheias de gritos e doenças imaginárias; Um riso demais (1999), de Ibrahim Letaief, que mostra o sofrimento de um cidadão comum depois de participar de uma “pegadinha” de TV; e a animação Boa viagem, sim (1966), de Moustapha Alassane, com a viagem do presidente de uma república de sapos. Em cartaz a partir desta quinta até 26 de março, com sessões de terça a domingo, às 14h, 16h e 18h. No Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113- 3651), onde também acontece até este domingo a mostra Mulheres em Apuros, com filmes e vídeos realizados por sete mulheres de sete países diferentes. Veja a programação no site www.cultura-e.com.br.

 

 

 

 

 

Ditadura militar

Continua em cartaz a mostra Golpe de 64: Amarga Memória, que vai exibir nesta semana filmes como Lance maior (1968), de Sylvio Back, um retrato sobre a juventude intelectual de 68 feito através da história de um estudante que também é bancário e enfrenta greve no emprego, crise de identidade e dúvidas acerca de seu engajamento político (terça, às 20h); e dois filmes de Leon Hirszman: Eles não usam black-tie (1981), baseado em peça homônima, que mostra o conflito de um jovem com seu pai por aderir à greve (sábado, às 20h15), e ABC da greve (1979/90), que retrata a greve de 15 mil metalúrgicos do ABC em 79 (domingo, às 16h). Também no domingo, às 20h, acontece debate sobre o período de abertura para a democracia com Renato Tapajós e Rubens Machado Jr. No Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611), com entrada gratuita. Ainda no CCSP acontece uma mostra de vídeo que traz importantes nomes do humor no cinema: o cineasta francês Jacques Tati, o ator italiano Totó, o mexicano Cantinflas e os Irmãos Marx (Groucho, Harpo, Chico e Zeppo, conhecidos por seus musicais), em sessões de quarta a sábado, sempre às 14h. Confira a programação completa no site www.prodam. sp.gov.br/ccsp.

 

 

 

 

 

O pianista, de 2002

Roman Polanski

A partir de quinta acontece a maior retrospectiva do diretor polonês no Brasil, contando com a presença de Polanski que vem a São Paulo para acompanhar a mostra. São filmes de rara exibição, como sete curtas-metragens dirigidos por Polanski entre 1957 e 1962 na Polônia, e mais 12 longas, desde sua estréia, em 1962, com A Faca na Água (apresentado na abertura da mostra, às 20h30), que conta a história de um estudante que pega carona com um casal e acaba embarcando com eles em um iate nos lagos de Mazury, na Polônia, onde se estabelece uma disputa entre os homens; até o recente O Pianista (2002), uma co-produção entre França, Polônia, Alemanha e Inglaterra vencedora do Oscar de melhor direção, sobre o compositor e pianista Wladslaw Szpilman que tocou a última peça clássica executada ao vivo na rádio estatal da Polônia antes do exército alemão abrir fogo, dando início à Segunda Guerra Mundial. Também estão presentes seus filmes de grande repercussão internacional, como A Dança dos Vampiros (EUA/Inglaterra, 1967), O Bebê de Rosemary (EUA, 1968), Lua de Fel (Inglaterra/França/EUA, 1992) e O Último Portal (EUA/França/Espanha, 1999). No Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 3082-0213), com ingressos a R$ 6,00 (quarta), R$ 8,00 (segunda, terça e quinta) e R$ 10,00. Mais informações no site www.sescsp.com.br.

 

 




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