Cuidar
da manutenção é a prioridade da administração
do prefeito do campus da USP em São Paulo, professor Wanderley
Messias da Costa. A responsabilidade de pensar nos problemas do
dia-a-dia de todas as unidades, museus e institutos localizados
na capital e não apenas na Cidade Universitária
está sendo dividida, pela primeira vez, com um colegiado.
Em meados do ano passado foi instalado, por iniciativa da Reitoria
e da Prefeitura, o Conselho do Campus, constituído pelo prefeito,
diretores das unidades da capital, diretores de institutos especializados
e dos museus, coordenadores da Coseas, Cecae e Coesf, superintendente
do Hospital Universitário e representantes do corpo discente
e dos funcionários.
O problema da manutenção no nosso campus é
muito grave, afirma o prefeito. A Universidade se expandiu
muito nas duas últimas décadas. Por exemplo: para
instalar a sede do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica
e Ciências Atmosféricas), que se encontrava na Água
Funda, foi necessária a edificação de um prédio
adequado. Também foram inaugurados diversos laboratórios
e isso vem provocando uma saturação óbvia.
Costa explica que esse crescimento onera o orçamento da Universidade.
Não é fácil manter a integridade de todas
essas instalações. Os diretores das unidades, muitas
vezes, se vêem em uma situação desesperadora.
Teto com infiltrações, paredes com rachaduras, esquadrias
que se deterioram, problemas de drenagem, esgoto sanitário
são alguns desses graves problemas.
Um grande transtorno é a tensão da rede elétrica
provocada justamente por essa expansão. Temos uma rede
dimensionada para um determinado consumo e de repente surgem três,
quatro laboratórios com equipamentos pesados que consomem
muita energia. O que fazer? Só a adequação
do prédio para esse consumo não basta, aí vem
a saturação. Quando há uma queda de energia,
não é só a luz que se apaga. Tem gente perdendo
pesquisas em blecautes, equipamentos sofisticados acabam sendo danificados.
Portanto, é preciso readequar toda essa energia à
realidade.
Costa lembra que existem prédios no campus que ainda não
funcionam com fibra óptica. Há toda uma estrutura
que precisa ser avaliada. Diante dessa realidade, o prefeito
e o Conselho justificam a prioridade de zelar pela manutenção.
As pessoas acham que um bom prefeito é aquele que constrói.
Eu sou contra, protesta. Precisamos pisar no breque.
Gerenciar o que temos. Creio que o maior desafio da USP é
ter de se expandir fora da Cidade Universitária, daí
a importância de um novo campus na zona leste.
Câmaras
técnicas
Para
planejar esse cotidiano, foram instituídas, no dia 29 de
março, três câmaras técnicas: Manutenção
de Áreas Comuns e de Unidades, Paisagismo e Manutenção
de Áreas Verdes; Sistema Viário e Transportes; e Segurança
e Qualidade de Vida. Assim, os membros do Conselho vão disciplinar
as discussões com mais objetividade.
O prefeito Wanderley da Costa conta que a questão do consumo
do álcool no campus já está na Câmara
de Segurança e Qualidade de Vida. Vamos observar a
venda de bebida. Não há uma comercialização
explícita. Alguns centros acadêmicos vendem no cotidiano,
outros só durante as festas. Para resolver essa situação
pretendemos debater o assunto de forma lúcida, transparente
e adulta.
Segundo o prefeito, de nada adianta proibir, porque os estudantes
poderiam, por exemplo, argumentar que há consumo de álcool
no Clube dos Professores ou nos coquetéis e em pequenas festas.
Podemos rebater, dizendo que não morreu ninguém
de coma alcoólico. Mas é uma questão de magnitude.
Precisamos estabelecer princípios que sejam válidos
para todos. É um problema grave. A solução
depende de um pacto. E há que haver um pacto para evitar
excessos. Uma das providências é a exigência
de um termo de compromisso dos organizadores das festas para que
o patrimônio da USP não corra riscos. As festas
estão sendo cada vez mais planejadas. O que eu não
gostaria, neste trabalho, é de demonizar os nossos estudantes.
Afinal, são nossos alunos e nossos filhos.
Costa afirma que há estudos e relatos de vigilantes de que
boa parte dos problemas está relacionada à presença
de elementos estranhos. As festas, em geral, são abertas
e vem muita gente de fora, que não são estudantes.
Um outro problema que o prefeito questiona é o tráfico
de drogas. Este é um problema do Brasil, da cidade
e também ocorre na USP. Pelas estatísticas do ano
passado, houve uma queda no caso de flagrantes nas áreas
comuns da Universidade. Diminuíram as prisões de traficantes
em praças, ruas e avenidas. Mas não temos estatísticas.
Alguns professores se queixam do cheiro de maconha durante as aulas,
mas não temos ocorrência documentada. Não queremos
que as festas propiciem o tráfico de drogas.
A presença da Polícia Militar é uma das ações
para inibir o tráfico. Uma coisa é o consumo.
Outra é o tráfico, que é crime inafiançável.
O prefeito ressalta que a presença da PM é indispensável
diante da necessidade de maior segurança. As ocorrências
de assalto, de furto qualificado ou furto simples, de casos de agressão,
de colisão de veículos qualificam a USP como uma cidade,
submetida a todo o tipo de violência. É claro que com
índices menores.
Costa explica que a PM atua numa ação coordenada pela
Guarda Universitária e pela Prefeitura, seguindo normas de
segurança definidas pela Universidade. A Polícia
Militar não tem autonomia para agir livremente dentro da
USP. Ela só se movimenta a partir de uma determinação
nossa. Nesse aspecto, a sua presença é imprescindível.
Os professores e servidores estão de acordo. Não tem
contestação.
Outro
grave problema é o trânsito na Cidade Universitária.
Vejo duas conseqüências graves da expansão
dos últimos anos. Uma delas é a manutenção
e a segunda é o problema dos carros. Um problema agudo e
que precisa ser resolvido em curtíssimo prazo é o
excesso de veículos, observa Costa. A Cidade
Universitária está sendo atacada pelo trânsito
externo e pelo interno. Milhares de veículos circulam aqui
o dia inteiro. Só isso já cria um impacto em termos
de trânsito, poluição e deterioração
do asfalto.
Segundo o prefeito, o usuário do campus também não
respeita os limites de velocidade nem as faixas de pedestres. Isso
é terrível. Estamos numa universidade e é um
verdadeiro escândalo o nível de agressão dos
veículos aos pedestres. Não é certo ter pedestres
inseguros, motoristas irresponsáveis e bandos de ciclistas
absolutamente indisciplinados. Isso não pode acontecer.
A falta de vagas nos bolsões de estacionamento é outro
grave problema. Todas as praças e ruas estão
tomadas por carros e não temos CET para multar. Não
multamos, não guinchamos, não temos segurança
no estacionamento, pois as empresas de vigilância não
dão conta. Enfim, esse é um assunto que vamos ter
de resolver e vamos discutir com a CET regras para impor controle
de tráfego. Pretendemos colocar vários semáforos
aqui na Universidade, pelo menos nas faixas de pedestres.
Posição
democrática
Com a experiência de ex-prefeito da Cidade Universitária,
o professor José Geraldo Massucato considera muito importante
a atuação do Conselho do Campus. A formação
de um colegiado foi uma decisão que discuti com o reitor,
lembra. O Conselho dá força ao prefeito nas
situações mais difíceis e acentua a posição
democrática da Universidade. Massucato destaca que
cabe a esse colegiado promover o entrosamento das atividades de
interesse das unidades e demais órgãos compreendidos
pelo campus, de forma a atender aos princípios de integração
e economia de recursos. Também recebe e analisa propostas
apresentadas pela comunidade, voltadas à melhoria da qualidade
de vida e da segurança, recomendando à Prefeitura
a sua adoção, entre outras competências.
Mais espaço para a
Guarda Universitária
Foram
inauguradas, no dia 14 passado, as novas instalações
da base operacional da Guarda Universitária do campus
da Cidade Universitária da USP. A reforma foi realizada
no antigo espaço da marcenaria e vai agregar todos
os centros operacionais, como o Centro de Planejamento e Controle,
Centro de Prevenção de Perdas, Centro de Informações
e Análise e o Grupo de Estudos Técnicos de Segurança.
A infra-estrutura local é completa. Ali há salas
para todos os centros, microcomputadores de última
geração, uma sala de monitoramento de alarmes,
vestiário, refeitório, sala de descompressão
para os funcionários fazerem atividades antiestresse
de relaxamento e área de descanso. São
aproximadamente 400 metros quadrados, que incluem também
área de exposição fotográfica,
que mostrará campanhas de trânsito e prevenção
de acidentes realizadas no campus.
Conta com um auditório para 90 pessoas, que poderá
ser usado pela comunidade acadêmica. Este novo
espaço vem sendo reivindicado pela Guarda Universitária
há 20 anos, ressalta Ronaldo Elias Pena, diretor
de operações da Guarda Universitária.
Essa conquista faz parte do Programa de Segurança Preventiva
Comunitária, uma iniciativa do reitor Adolpho José
Melfi, que tem como meta reorganizar o espaço físico
para melhoria da atividade operacional.
Pena afirma que essa reestruturação é
um grande incentivo para a Guarda. Com um espaço
mais adequado, será possível desenvolver o planejamento
da segurança de forma centralizada. O diretor
de operações explica que, até a atual
reforma, os funcionários da Guarda utilizavam várias
salas do prédio da Prefeitura do campus, o que acabava
causando um desperdício de tempo e serviço.
Agora as ações operacionais ficarão
centralizadas desde a chegada do funcionário ao serviço
e o seu preparo para o trabalho, o que é muito bom.
A nova infra-estrutura também vai proporcionar um espaço
de descanso para os 64 guardas universitários, durante
os intervalos do almoço, com direito a televisão,
que além da programação normal contará
com filmes educativos.
O Centro de Planejamento e Controle é a área
que agrega o mapa de ocorrências do campus e a mobilidade
dos funcionários. O Centro de Prevenção
de Perdas atende a todas as unidades e os setores de segurança
ligados a ela. É oferecida assessoria de gestão,
de aplicação de projetos, formas de proteção
e transferência de tecnologia. No Centro de Informações
e Análise se encontra o banco de dados, que centraliza
todas as ocorrências.
Mais informações podem ser obtidas na página
eletrônica
www.usp.br/vigilância ou pelos telefones (11) 3091-4971
e 3091-4222.
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