Ficou para esta quinta-feira, dia 20,
a decisão sobre o reajuste salarial dos professores e funcionários
das três universidades públicas de São Paulo
USP, Unicamp e Unesp. A primeira reunião entre o Conselho
de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) e o Fórum
das Seis, que integra os sindicatos de docentes e servidores das
três instituições, realizada no dia 7 na Reitoria
da Unicamp, em Campinas, terminou com o anúncio de que não
haveria aumento neste mês. No momento, considerando
o alto índice de comprometimento do orçamento das
universidades com a folha de pagamento, diz a nota divulgada
pelo Cruesp, nos vemos, infelizmente, sem qualquer margem
de recursos para reajustar os salários em maio de 2004
(leia abaixo a íntegra do comunicado).
O Conselho assumiu o compromisso de realizar reuniões bimensais
de sua Comissão Técnica com o Fórum das Seis,
para acompanhar o comportamento da arrecadação
do Estado, além de reavaliar a questão do reajuste
em novembro deste ano. Deixamos aberta a possibilidade de
analisar a evolução da arrecadação estadual
de tal modo que, imediatamente que se torne possível uma
revisão salarial, isso seja feito, afirmou o reitor
da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente do Cruesp.
O reitor da USP, Adolpho José Melfi, disse aos sindicalistas
que o aumento do valor do auxílio-alimentação
será um dos temas em pauta nesta quinta.
Para pressionar por uma mudança na decisão do Cruesp,
o Fórum das Seis aprovou um indicativo de paralisação
para o dia 20 e, dependendo do resultado da reunião em Campinas,
não está descartada a possibilidade de greve a partir
do dia 25. Vamos investir na mobilização e esperamos
uma adesão muito maior na paralisação e também
nos atos públicos, porque os servidores reagiram com bastante
insatisfação a essa notícia, diz Vera
Helena Monezi, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).
É preciso haver o reconhecimento por parte das reitorias
de que o quadro funcional das universidades é muito bom e
qualificado.
Índices
O professor Adilson Carvalho, da Coordenadoria de Administração
Geral (Codage) da USP, disse na semana passada que não havia,
até aquele momento, perspectiva de que o Cruesp alterasse
sua decisão. Espero que o bom senso prevaleça
e que não haja greve, declarou Carvalho sobre a possibilidade
de que os servidores iniciem uma paralisação.
Os sindicalistas esperam reunir nesta quinta-feira um grande número
de trabalhadores numa manifestação em frente à
Reitoria da Unicamp, novamente a sede da reunião. No dia
7, saíram da USP dez ônibus levando cerca de 450 pessoas
até Campinas. Havia também servidores da Unesp e da
Unicamp, porém a forte chuva que caiu sobre a cidade durante
boa parte do dia acabou prejudicando o ato.
Aguardando o anúncio do Cruesp, os docentes da USP não
paralisaram suas atividades no dia 7, mas o professor Américo
Kerr, presidente da Associação dos Docentes da USP
(Adusp), acredita que a categoria vai aderir com mais intensidade
ao movimento caso se mantenha a decisão do Conselho. O índice
de reajuste pedido pelos funcionários e professores é
de 16%. Para Américo Kerr, esse percentual inclui 10,5% de
perda inflacionária desde maio de 2001 e mais 5,5% para recompor
prejuízos de outros anos. Essa perda acumulada se deve
ao uso do índice da Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas), que está abaixo de qualquer
outro utilizado no País, afirma. Em 2002, os servidores
receberam 8% de aumento e, no ano passado, 14,45% exatamente
o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido pela
Fipe.
Desde a implantação da autonomia universitária,
em 1989, o financiamento das universidades estaduais paulistas se
dá com o repasse do equivalente a 9,57% da arrecadação
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS). A maior parcela cabe à USP: pelo orçamento
de 2004, ela fica com R$ 1,575 bilhão dos mais de R$ 3 bilhões
destinados às instituições. De acordo com os
números e planilhas apresentados pela Comissão Técnica
do Cruesp, a arrecadação do Estado caiu, o que faz
com que os recursos diminuam.
Pessoal
O presidente da Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp)
e coordenador do Fórum das Seis, professor Milton Vieira
do Prado Júnior, contesta os dados do Cruesp e diz que há
projeção de aumento de arrecadação do
ICMS para o segundo semestre, já consolidada nos quatro
primeiros meses do ano, que são os piores em termos de arrecadação.
Sobre o anúncio de que os servidores ficarão sem reajuste,
Prado afirma que agora cabe às entidades avaliar o que fazer.
Mas, como eu disse para os reitores em Campinas, não
é o arrocho salarial que vai garantir a manutenção
das universidades públicas paulistas, ressalta.
O alto volume de recursos orçamentários destinados
à folha de pagamento é a principal justificativa apresentada
no comunicado do Cruesp para a não concessão de aumento
salarial neste mês. Segundo a nota, a Unicamp consome 95,29%
de sua verba total com o pessoal ativo e inativo, enquanto na Unesp
esse percentual chega a 93,40%. A USP vinha conseguindo manter a
média de 85% do orçamento para despesas com pessoal,
mas em 2004 a projeção é de que o índice
chegue a 86,96% 18% a mais do que no ano passado.
A palavra do Cruesp
Esta
é a íntegra do Comunicado Cruesp no 02/2004,
divulgado após a reunião com o Fórum
das Seis, no dia 7.
Nos
últimos dois anos, o Cruesp ofereceu reajustes de 8%
(em 2002) e 14,45% (em 2003) aos servidores e docentes das
três universidades estaduais paulistas, quando os índices
IPC-Fipe respectivos foram 6,43% e 14,45%. No momento, considerando
o alto índice de comprometimento do orçamento
das universidades com a folha de pagamento Unicamp:
95,29%, Unesp: 93,40% e USP: 86,96% , nos vemos, infelizmente,
sem qualquer margem de recursos para reajustar os salários
em maio de 2004.
O Cruesp assume o compromisso de agendar reuniões bimensais
de sua Comissão Técnica com representantes do
Fórum das Seis, para acompanhar o comportamento da
arrecadação.
Além disso, ficou agendada nova reunião com
o Fórum das Seis para o dia 20 de maio. Agendou-se
também uma segunda reunião para o mês
de junho para discutir outros itens da pauta apresentada pelo
Fórum: assistência estudantil, reforma universitária
e expansão de vagas no ensino superior paulista.
Consciente da necessidade de preservar o poder aquisitivo
dos servidores, o Cruesp reavaliará a questão
salarial no mês de novembro deste ano.
Esclarecemos que temos envidado grandes esforços junto
ao senhor governador, senhor vice-governador, senhores secretários
da Fazenda e da Ciência e Tecnologia e junto ao Poder
Legislativo para que a contribuição de 5% para
o custeio das aposentadorias dos servidores autárquicos
seja mantida nas universidades. O repasse desses recursos
ao Ipesp tornou-se obrigatório pela Lei Complementar
954/2003, de 31 de dezembro de 2003. Não obstante,
os reitores continuarão a fazer gestões junto
ao governo do Estado para rever essa situação
injusta.
Campinas, 7 de maio de 2004.
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