A manifestação dos funcionários no portão
1: mais recursos para a universidade
Cabe aos diretores de unidades fazer
chegar a funcionários e docentes da USP os números
e informações que demonstram
por que é praticamente impossível a concessão
de reajuste salarial aos servidores neste momento. A solicitação
foi feita pelo reitor da USP, Adolpho José Melfi, em reunião
na manhã do dia 9 de junho, no auditório do Instituto
de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária.
Para o reitor, é fundamental que os diretores contribuam
no processo de difundir as informações, pois são
eles que estão em contato direto com a comunidade acadêmica
em seus locais de trabalho. Cerca de 60 pessoas, entre diretores
de unidades, pró-reitores e assessores da Reitoria, participaram
do encontro. O professor Adilson Carvalho, coordenador da Coordenadoria
de Administração Geral (Codage) da USP, apresentou
os números que atestam a dificuldade da situação
atual. Carvalho também explicou a fórmula de política
salarial proposta, na reunião do dia 7 de junho, pelo Conselho
de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) aos representantes
do Fórum das Seis - que integra
os sindicatos de docentes e funcionários da USP, Unicamp
e Unesp.
Havendo
excedente na arrecadação do ICMS no ano, 80% do porcentual
do reajuste serão concedidos no mês de outubro. Parte
do excedente comporá um fundo de reserva para um eventual
complemento no reajuste - os demais 20% - em janeiro de 2005. O
professor Carvalho ressaltou que o orçamento para 2004 já
está extremamente reduzido. As despesas de custeio na USP,
exemplificou, orçadas inicialmente em R$ 226,5 milhões,
foram reduzidas para R$ 200,7 milhões. Se dizemos que
hoje não é possível um reajuste, é porque
isso realmente é sério e não há espaço
para tal dentro desse quadro, afirmou.
Pagamentos
Adilson Carvalho alertou ainda que vários compromissos financeiros
da Universidade, como repasses e pagamentos, inclusive de contas
públicas, não estão sendo honrados por causa
da paralisação das atividades de setores Reitoria.
Alterações na folha de pagamento, como férias,
afastamentos, licença-prêmio, aposentadoria etc., não
estão sendo registradas. Outra complicação
é que alguns processos seletivos foram interrompidos e, a
partir de 3 de julho, não podem mais ser iniciados em razão
da Lei Eleitoral. Todos esses problemas podem representar
a paralisia completa da Universidade, com sérias conseqüências
financeiras e administrativas, afirmou Carvalho. Um dos docentes
que se manifestaram quando a sessão foi aberta para debate
foi o professor Ricardo Toledo Silva, diretor da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo (FAU). Quem perde com a greve não são
só os alunos, mas sim toda a sociedade, ue nos paga,
disse. O Fórum das Seis pede aumento de 16%, além
de plano de carreira e unificação do benefício
do auxílio alimentação as três universidades
num valor de R$ 130,00. Em assembléias realizadas no dia
8, os sindicatos de professores e funcionários da Universidade
decidiram continuar com o movimento grevista iniciado no dia 27
de maio, além de fazer nova manifestação na
Assembléia Legislativano dia 16. Os servidores querem que
os deputados aprovem a destinação de 11,6% do ICMS
para o custeio das universidades públicas - o índice
atual é 9,57%. No dia 22, um ato público será
realizado em frente ao Palácio dos Bandeirantes. No dia 18
- depois do fechamento desta edição do Jornal da USP
-, o Cruesp e o Fórum das Seis realizariam nova rodada de
negociações na Reitoria da Unicamp, em Campinas.
Planos
O reitor Adolpho Melfi reconheceu que a USP está em situação
melhor que as demais universidades públicas do Estado.
Porém, dada a realidade da isonomia, é preciso levar
em conta o alto índice de comprometimento da Unesp e da Unicamp
com a folha de pagamento dos servidores. Melfi também lamentou
a perspectiva de uma greve relativamente longa, com prejuízos
ainda mais sérios para a Universidade, e disse que em nenhuma
das reuniões o Fórum das Seis apresentou uma contraproposta
de negociação inferior aos 16% pedidos inicialmente.
No dia 14, o reitor recebeu diretoria do Sindicato dos Trabalhadores
da USP (Sintusp) para uma reunião sobre os temas da sua pauta
específica. Os professores Wanderley Messias, prefeito da
Cidade Universitária, e Luiz Nunes de Oliveira, pró-reitor
de Pesquisa, apresentaram os planos do aumento no auxílio-alimentação
e da implantação da nova carreira, em estudo pela
Reitoria. Este último tema, na avaliação dos
sindicalistas, só deve ser discutido quando da normalização
das atividades. Aos diretores de unidades da USP, o reitor Adolpho
Melfi disse que existe possibilidade de aumento substancial do auxílio-alimentação
para os funcionários, inclusive com a extensão do
benefício para os docentes.
Manifestação
fecha portão principal da USP
Funcionários, estudantes professores fecharam no dia
15 a Portaria 1 da USP. O bloqueio ocorreu logo no início
da manhã, impedindo o acesso de alunos, docentes, servidores
e comunidade em geral, que se utiliza de serviços como
o Hospital Universitário. Os demais portões
permaneceram abertos e para eles - especialmente a Portaria
3, na avenida Corifeu de Azevedo Marques, e a entrada do Instituto
Butantan, excepcionalmente liberada por causa do ato - se
deslocaram os que desejavam entrar normalmente na Cidade Universitária.
Na manifestação, que reuniu cerca de 400 pessoas,
foram distribuídos panfletos e uma carta aberta à
população, na qual o comando da greve explicou
os motivos do fechamento e do movimento grevista na Universidade.
Reivindicamos que o porcentual do ICMS destinado à
USP, Unesp e Unicamp aumente dos atuais 9,57% para 11,6%,
que os salários dos funcionários e professores
tenham a reposição de perdas de 16%, a democratização
da Universidade, o fim das fundações e a assistência
estudantil, que precisa ser aumentada e melhorada, diz
o texto. A Polícia Militar foi chamada para garantir
a segurança e a integridade das instalações
da Universidade. Não foram registrados incidentes.
O bloqueio do portão estendeu-se até o início
da tarde, quando os manifestantes dirigiram-se em passeata
ao prédio do Centro de Computação Eletrônica
(CCE) da USP. A Reitoria lamentou a atitude, que classificou
como mais uma irresponsabilidade do Sintusp. Depois
de atitudes arbitrárias como o fechamento de prédios
e a colocação de piquetes intimidatórios,
o bloqueio da principal entrada para a Cidade Universitária
atinge a toda a comunidade da região oeste da cidade,
que faz uso dessa via de passagem, e compromete
ainda mais os serviços essenciais da Universidade,
registra o boletim Reitoria Informa - Em Cima do Fato divulgado
no próprio dia da manifestação. Este
ato de violência é inaceitável e não
condiz com os valores que a Universidade de São Paulo
tem difundido durante os seus 70 anos de existência,
completa o texto.
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