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Manifestação na USP: reposição de aulas será discutida caso a caso Reunião do Cruesp com o Fórum das Seis, dia 18: perspectiva otimista


A
procura de um desfecho rápido para a greve de professores e funcionários, deflagrada na USP no dia 27 de maio, foi a tônica do pronunciamento do reitor Adolpho José Melfi na reunião com os diretores de unidades e órgãos da Universidade realizada na segundafeira, dia 21, no auditório do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), na Cidade Universitária. Participaram do encontro cerca de 70 pessoas – entre elas o vicereitor, Hélio Nogueira da Cruz, pró-reitores e assessores, além dos diretores de unidades da capital e do interior. “Sentimos que existe, principalmente por parte dos sindicatos dos docentes, uma intenção forte e séria de encontrar uma solução para o problema”, declarou Adolpho Melfi.

A expectativa ficou direcionada para a nova rodada de negociações entre o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) e o Fórum das Seis, que integra os sindicatos de docentes e funcionários da USP, Unesp e Unicamp. Realizadas no mesmo dia 21, as assembléias do Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp) e da Associação dos Docentes (Adusp) votaram pela continuidade do movimento grevista. As entidades aprovaram ainda contrapropostas para a discussão sobre os parâmetros da fórmula de política salarial que vem sendo discutida com o Cruesp.

O reitor Adolpho Melfi lamentou a ocorrência de eventos que têm prejudicado a comunidade universitária, como a manifestação que promoveu o fechamento do portão principal da USP durante toda a manhã do dia 15. De acordo com Adolpho Melfi, já estão definidas três linhas de benefícios para os servidores da Universidade a ser adotadas tão logo seja encerrada a greve. Dois desses benefícios são a elevação substancial do auxílio-alimentação, que será estendido também para os docentesem regime de dedicação integral, e a concessão de uma gratificação para os coordenadores de cursos, na graduação e na pós – o que beneficiaria cerca de 500 docentes.

O outro ponto diz respeito à reestruturação da carreira dos funcionários. Conforme o diretor de Recursos Humanos da USP, professor Adnei Melges de Andrade, num prazo de três anos – com início já no segundo semestre de 2004 – cerca de 6 mil servidores mudarão da faixa I para as faixas II e III. O impacto na folha de pagamento será de aproximadamente 0,7% por ano.


Reposição de aulas

O coordenador da Coordenadoria de Administração Geral (Codage), professor Adilson Carvalho, voltou a lamentar os problemas ocorridos com processos e pagamentos em razão da greve. As alterações da folha, como afastamentos, aposentadorias ou licenças, não estão sendo cadastradas. Além disso, os pagamentos avulsos ou que dependam de folhas manuais, como horas extras, diárias, participação em bancas de mestrado e doutorado e algumas bolsas, também não têm como ser feitos. São prejudicados com essa situação, por exemplo, os plantonistas do Hospital Universitário (HU).

Na reunião, vários diretores trouxeram informes sobre a situação de suas unidades. Os museus, como o Paulista e o Republicano Convenção de Itu, estão com suas atividades administrativas em andamento, mas a visitação pública está suspensa. Permanecem paralisados serviços como as creches, os ônibus circulares, os restaurantes universitários e o Centro de Práticas Esportivas (Cepeusp). Já na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp), a direção reuniu todos os funcionários, apresentou seus argumentos, solicitou que os representantes do Sintusp fizessem a defesa de sua posição e promoveu uma votação secreta. Por ampla maioria, os servidores decidiram não aderir à greve.

Outra preocupação manifestada foi quanto à reposição das aulas não dadas durante o período da greve. A pró-reitora de Graduação, professora Sonia Penin, explicou que, devido à heterogeneidade da paralisação nas faculdades e institutos, cada unidade deve decidir sobre o seu calendário tão logo o movimento seja encerrado. “Mas é preciso ter clareza de que cada dia deve ser reposto”, alertou a pró-reitora.




Cruesp vai aguardar nova proposta
do Fórum das Seis


Se na reunião entre o Cruesp e o Fórum das Seis no dia 18 chegou-se a números de consenso para a fórmula de política salarial a ser adotada para o ano de 2004, no último encontro, realizado na terça-feira 22 na Reitoria da Unicamp, em Campinas, foi obtido avanço no debate, porém não em relação aos índices. Na reunião do dia 18, estipulou-se que a fórmula teria R$ 32,4 bilhões como parâmetro de arrecadação do ICMS a partir do qual poderia ser concedido um reajuste – 88% a ser dado em outubro e um eventual resíduo em janeiro de 2005. Na prática, isso significa que, a cada R$ 100 milhões arrecadados acima daquele montante, haveria 0,33% de reposição. Para uma arrecadação hipotética de R$ 33,2 bilhões, o reajuste seria de 3%. No dia 22, o Fórum voltou a cobrar um reajuste neste momento, data-base das categorias, além da aplicação da fórmula. Uma das propostas para o aumento seria a reposição da inflação dos últimos doze meses – por volta de 4%. Alegando que isso levaria a comprometimentos com folha de pagamento acima do que seria possível ao conjunto das universidades, o Cruesp informou que não poderia atender a reivindicação. “O aumento integralizaria cerca de 3,4% no total, e esse – de certa forma o horizonte que os reitores reafirmaram”, diz o presidente da Adusp, professor Américo Kerr. Aventou-se na reunião a possibilidade de que parte desse reajuste com base na fórmula seja antecipado agora, mas o Cruesp solicitou ao Fórum que as assembléias dos servidores deliberem sobre o assunto e tragam contrapropostas. A agenda do Fórum das Seis previa a realização das assembléias ainda na semana passada e a continuidade de encontros com deputados estaduais para pressionar pela aprovação da emenda dos 11,6% na LDO, além de uma passeata junto a outros sindicatos de servidores públicos até o Palácio dos Bandeirantes na sexta-feira 25 (depois do fechamento desta edição do Jornal da USP). Para o vice-reitor da USP, professor Hélio Nogueira da Cruz, “as negociações não estão encerradas e estamos aguardando uma proposta por parte do Fórum que permita que as universidades mantenham a qualidade dos seus trabalhos em defesa do ensino público”.


Melfi (primeiro 'a dir.) em reunião
com diretores de unidades: em busca
de um desfecho rápido para a greve


Seguem gestões pelo aumento do repasse do ICMS


Uma delegação do Fórum das Seis reuniu-se com o governador Geraldo Alckmin no final da tarde da sexta-feira 18, na cidade de Marília. Entre outras reivindicações, a comissão defendeu o aumento do repasse da cota-parte do ICMS destinada ao financiamento das universidades estaduais de 9,57% para 11,6%. O governador afirmou ser impossível apoiar essa medida no momento, mas reconheceu que existe uma alta sonegação do imposto no Estado e prometeu combatê-la. Para o reitor Adolpho Melfi, três pontos mencionados por Geraldo Alckmin aos sindicalistas merecem atenção: a possibilidade de transformar a cota-parte em item da Constituição Estadual, fazendo com que o tema deixe de ser debatido a cada ano na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); a inclusão das verbas destinadas à expansão diretamente no orçamento das universidades; e a disposição para discutir o financiamento das instituições de ensino superior a partir da receita tributária total do Estado. “São coisas que certamente não trarão conseqüências neste momento, mas que no médio prazo são muito interessantes para as universidades”, afirmou o reitor da USP.

O Fórum das Seis tem procurado espressionar os deputados estaduais para que apóiem a emenda dos 11,6% na discussão da LDO para 2005. Até o início da semana passada, ainda não estava definido o calendário de votações sobre o tema na Assembléia Legislativa. O prazo se esgota nesta quarta, dia 30, mas os deputados não podem entrar no recesso de julho enquanto esse projeto não for votado.


Protesto na Unesp

Após uma passeata que reuniu aproximadamente 200 pessoas na sexta-feira 18, sindicalistas e estudantes da USP, Unesp e Unicamp ocuparam a Reitoria da Unesp na Alameda Santos, região da Avenida Paulista. Cerca de 30 alunos conseguiram entrar no prédio e permaneceram por várias horas na sala do Conselho Universitário. O ato, de acordo com os manifestantes, visava a apoiar a greve de professores e funcionários e reivindicar mais assistência estudantil.

O professor José Afonso Carrijo, assessor da Reitoria da Unesp, negociou por telefone, diretamente de Campinas – onde se encontrava para a reunião do Cruesp com o Fórum das Seis –, com as lideranças dos estudantes que estavam no prédio. O senador Eduardo Suplicy (PT/SP) também intermediou as negociações. Por volta das 22h, o grupo concordou em deixar a Reitoria, com a garantia de que as representações estudantis serão recebidas pelos reitores. O coordenador do Fórum das Seis, professor Milton Vieira do Prado Jr., repudiou o ato e afirmou, na reunião com o Cruesp, que a entidade não apóia nem incentiva esse tipo de manifestação.

 

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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