Em
curta de 1931, Jean Vigo criou a primeira câmera subaquática
para filmar o nadador campeão Jean Taris
Apesar
de seu foco ser as megacidades, com produções de nove
megalópoles (Nova York, Tóquio, Cidade do México,
Seul, Jacarta, Bombaim, Cingapura, Los Angeles e São Paulo),
as variações são muitas no 15o Festival Internacional
de curtas-metragens de São Paulo, dividido em nove mostras
principais e ainda programas especiais. Filmes dirigidos por cineastas
consagrados como Jean Vigo e François Truffaut, destaques
do Festival de Cannes 2004 e um amplo panorama da produção
brasileira de curtas são exibidos em 11 espaços culturais
da capital a partir desta quinta até 4 de setembro.
A obra de Jean Vigo que integra o evento é um curta que data
de 1931, A natação por Jean Taris, com estética
e técnica impressionantes na filmagem do nadador campeão.
Para realizá-lo, Vigo e sua equipe criaram a primeira câmera
subaquática, conforme conta a diretora do festival, Zita
Carvalhosa. Já da seleção de curtas que rememoram
Truffaut, consta uma entrevista dada pelo genial diretor e pelo
ator Jean Pierre Léaud, ainda aos 14 anos, poucas horas depois
da estréia de Os incompreendidos em Cannes, em 1959. Dois
filmes dirigidos por Truffaut (Antoine e Colette, de 1962, e Os
pivetes, de 1954) e mais diversos títulos recentes de outros
diretores que guardam fortes semelhanças com o cineasta são
exibidos. Outros diretores renomados estão no programa especial
Curta de marca, como a francesa Agnès Varda e o alemão
Mathias Muller. E para conhecer melhor a faceta do fotógrafo
Thomaz Farkas como grande entusiasta do cinema brasileiro
principalmente documental , vale a pena ver o documentário
de Walter Lima Jr., Thomaz Farkas , Brasileiro e 23 filmes que Farkas
produziu com cineastas do peso de Maurice Capovilla e Geraldo Sarna,
revelando imagens marcantes de um Brasil desconhecido na época
(e mesmo hoje).
Para a mostra internacional, foram enviados cerca de 600 títulos,
sendo selecionados 61 deles, com produções surpreendentes,
segundo a organizadora, especialmente as oriundas da Suécia,
Rússia, Nova Zelândia e Alemanha. É alemã,
inclusive, uma comédia que divertiu e fez sucesso com o público
de Cannes: em Meus pais, de Neele Vollmar, uma jovem apaixonada
mente ao namorado que seus pais vivem num verdadeiro romance, quando
na verdade eles são caretas e infelizes, provocando uma reviravolta
na família. Há mais três mostras com produções
internacionais. Dark Side traz oito filmes de terror exibidos em
horário especial. Outro programa é o Mix Brasil, com
filmes de diversos países que tratam da diversidade sexual.
E a latino-americana apresenta 24 títulos, entre os quais
um programa feito por estudantes de cinema argentinos a respeito
das conseqüências da crise econômica em seu país
e a ficção venezuelana Os elefantes nunca esquecem
(2004), sobre a vingança de dois irmãos contra o homem
que os maltratou, dirigida por Lorenzo Vigas Castès, um dos
diretores que vêm ao Brasil participar do festival e dos bate-papos
com a platéia.
Aos 157 curtas nacionais foram reservadas quatro mostras. Em Curta
o Formato, foi aberto espaço para inscrições
de trabalhos em vídeo, não só em películas,
o que aumentou significativamente o número de filmes enviados
ao festival. Há ainda as programações de Panorama
2003/2004, Brasileiros no Exterior e Cinema em Curso, que exibe
todos os curtas inscritos por cursos de cinema de universidades,
inclusive o da Escola de Comunicações e Artes (ECA)
da USP. Também são mostrados os resultados das oficinas
Kinoforum realizadas em regiões que dificilmente têm
acesso aos circuitos de produção audiovisual e coordenadas
pelo cineasta Christian Saghaard. Essas produções
são exibidas nas sessões do programa Formação
do Olhar, em que estão previstos debates com ensaístas
e realizadores da área cinematográfica. Os bate-papos
também acontecerão nas exibições do
programa Panorama 2003/2004, com os dez curadores internacionais
que ajudaram na seleção dos títulos e alguns
diretores, para aproximar o público do formato curta. Trajetória,
aliás, dos 15 anos do festival.
O
festival acontece no Cinusp (tel. 3091-3540), no Museu da Imagem
e do Som (tel. 3062-9197), no CineSesc (tel. 3064-1668), no Centro
Cultural Banco do Brasil (tel. 3113-3652), no Espaço Unibanco
(tel. 288-6780), no Centro Cultural São Paulo (tel. 3277-3611),
na Cinemateca (tel. 5084-2318), na Faap (tel. 3662-7000), no CineMorumbiShopping
(tel. 5189.4655), no Sesc Vila Mariana (tel. 5080-3000) e no Sesc
Itaquera (tel. 6523-9200). Entrada gratuita. Mais informações
e programação no site www.kinoforum.org.
Truffaut
em entrevista logo após a estréia de Os incompreendidos
Truffaut
e Hitchcock
O
lançamento da nova edição do clássico
livro em que estão compiladas as 500 perguntas feitas
por François Truffaut, mestre da Nouvelle Vague francesa,
ao mestre do suspense Alfred Hitchcock vem acompanhado de
uma mostra cinematográfica. A mostra, que acontece
até esta quinta no Espaço Unibanco, reúne
sete filmes dos dois diretores, com sessões diárias
sempre às 21h30. De Hitchcock, A suspeita (1941), A
dama oculta (1938) e Janela Indiscreta (1954). De Truffaut,
Jules e Jim Uma mulher para dois (1962), A mulher do
lado (1981), A noiva estava de preto (1967) e A noite americana
(1973) são os títulos selecionados. O livro
Hitchcock/Truffaut: Entrevistas (364 págs., R$ 65,00)
foi reeditado pela Companhia das Letras, com nova tradução,
centenas de imagens e prefácio inédito do crítico
e professor da USP, Ismail Xavier.
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