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A
produção científica brasileira cresceu 54% entre 1998 e 2002, passando de 10.279 para 15.846 artigos indexados pelo Institute for Scientific Information (ISI). No mesmo período, a produção mundial registrou aumento de 8,7%. Com isso, a participação brasileira no total mundial, que em 1998 era de 1,1%, chegou a 1,5% em 2002, o maior índice entre os países da América Latina. Esses são alguns dados apresentados na terceira edição dos Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo – 2004, uma publicação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), lançada no dia 10 de maio.

De acordo com a nova edição dos Indicadores, as publicações brasileiras indexadas pelo ISI estão ligadas às áreas de medicina (4.439 artigos publicados em 2002), física (2.084 artigos), química (1.724 artigos) e botânica e zoologia (1.363 artigos), entre outras. As áreas de biologia e bioquímica, engenharia e neurociências foram responsáveis, respectivamente, por 934, 843 e 665 artigos publicados em 2002. “Ressalte-se o expressivo crescimento do número de publicações científicas indexadas em áreas como neurociências (100%), química (82%), medicina (86%), ciência dos materiais (70%) e geociências (70%)”, nota a publicação da Fapesp.

Responsável por 77% da produção científica nacional entre 1998 e 2002, a região Sudeste continua líder no setor. Ela é seguida pelas regiões Sul (15%), Nordeste (9%), Centro-Oeste (4%) e Norte (2%). Mas a taxa de crescimento dessa produção verificada no Sudeste (54%) é inferior à registrada no Sul (71%) e Nordeste (65%). Tal proporção reflete, possivelmente, “as políticas e diretrizes voltadas para a descentralização da atividade científica e tecnológica implementadas pelo poder público federal”, afirma a publicação, citando como exemplos as iniciativas do CNPq, que criou programas com o objetivo de descentralizar o financiamento de ciência e tecnologia no País, e da Capes, que incentivou a abertura de cursos de pós-graduação em regiões afastadas dos grandes centros. Os Estados com maior número de publicações foram São Paulo (52% do total nacional), Rio de Janeiro (19%), Minas Gerais (10%), Rio Grande do Sul (8%) e Paraná (5%). Para especialistas ouvidos pelo Jornal da USP, os números brasileiros são bons, mas podem melhorar muito mais. “Pesquisa e inovação têm que estar entre as prioridades do País”, afirma o pró-reitor de Pesquisa da USP, professor Luiz Nunes de Oliveira (leia texto nas páginas 4 e 5).

Dinheiro público

A produção científica no Brasil está concentrada nas universidades públicas, confirmam os Indicadores da Fapesp. Das 20 entidades com maior número de artigos indexados entre 1998 e 2002, apenas três não são instituições de ensino superior – a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). As demais são universidades estaduais ou federais.

A USP lidera o ranking das instituições brasileiras com mais artigos indexados entre 1998 e 2002. Ela respondeu, sozinha, por 25,6% da produção científica nacional e por 49,3% da produção do Estado de São Paulo. Em 2002, a USP somou 4.228 artigos, contra 2.594 em 1998 – um crescimento de 63%. Nos cinco anos verificados (1998-2002), a Universidade produziu nada menos que 16.517 artigos.

Em segundo lugar vem a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 10,5% da produção nacional, 6.778 artigos indexados de 1998 a 2002 e crescimento de 53,6%. Seguem-se a Universidade Federal do Rio de Janeiro (9,2% da produção nacional, 5.952 artigos e 50,4% de crescimento), a Unesp (6,7% da produção, 4.335 artigos e 73,4% de crescimento) e a Universidade Federal de Minas Gerais (5,3% da produção, 3.412 artigos e 35,2% de crescimento).

Os Indicadores destacam também o crescimento da produção de institutos de pesquisa localizados no Estado de São Paulo, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe (que elevou em 69% o número de artigos indexados entre 1998 e 2002), o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, LNLS (229%), o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Ipen (153%), o Centro Técnico Aeroespacial, CTA (111%), e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT (100%). “Apesar desse crescimento, registre-se, porém, a expressiva diferença – superior a dez vezes – entre o número de publicações indexadas provenientes das universidades públicas e o das originárias de institutos de pesquisa, universidades privadas e outras instituições”, diz a publicação. No Estado de São Paulo, a participação de instituições privadas de ensino superior na produção científica, sempre entre 1998 e 2002, não passou de 2,2%.

Publicados em dois volumes, os Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo – 2004 não apresentam apenas dados sobre a produção científica nacional e paulista. O primeiro volume traz 12 artigos sobre vários aspectos da ciência e tecnologia, como financiamento, pós-graduação, patenteamento, comércio exterior de produtos com conteúdo tecnológico e inovação tecnológica na indústria, entre outros. O segundo volume traz tabelas com os números do setor. Concebidos pelo ex-diretor-presidente da Fapesp Francisco Romeu Landi – falecido em abril de 2004 –, os Indicadores são editados pela Fapesp a cada três anos, desde 1998. Eles estão disponíveis também em versão on-line, no endereço www.fapesp.br/indicadores.

 

 


Estados Unidos lideram ranking

Os Estados Unidos registraram a maior produção científica do planeta entre 1998 e 2002, segundo os Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo – 2004 da Fapesp. Naquele período, eles foram responsáveis por 32,2% da produção científica mundial, com 1.566.326 artigos indexados. Em seguida vêm o Japão (8,3%), a Alemanha (7,8%), a Inglaterra (7,5%) e a França (5,6%). “Um fator importante para a concentração de publicações em torno desses países é o elevado número de cientistas e engenheiros envolvidos em atividades de pesquisa e desenvolvimento, somado aos vultosos investimentos destinados ao setor”,
explica a publicação.

Abaixo desse grupo, vêm Canadá (3,9% da produção mundial), China (3,1%), Espanha (2,6%), Austrália (2,4%) e Índia (1,9%). O destaque, aqui, é a China, que teve um crescimento de 103,5%. “O resultado da China parece estar relacionado à elevação do número de cientistas e técnicos dedicados a atividades de pesquisa e desenvolvimento no país nos últimos anos.”

Mas os Indicadores não deixam de questionar a indexação de artigos no Institute for Scientific Information (ISI) como critério para medir a produção científica. No capítulo 5, além de textos sobre o ISI e sobre as “limitações” do uso dos indicadores de citação, a publicação alerta que, uma vez que as informações disponibilizadas por aquela base de dados se destinam a orientar políticas de aquisição de periódicos científicos pelos profissionais da documentação, os critérios de seleção dos periódicos pelo ISI são também influenciados por interesses de natureza comercial. “Dessa forma, deve-se levar em conta que a produção científica, medida a partir dessa base de dados, é passível de ser influenciada por tais critérios, o que requer uso cauteloso por parte daqueles que utilizam tais informações para a produção dos indicadores para a tomada de decisões.”

 

 

 

Pós e patentes

A seguir, alguns dados extraídos dos Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo – 2004 da Fapesp.

* No Estado de São Paulo,
os gastos públicos anuais ficaram acima de R$ 2,3 bilhões, dos quais 60%
vieram do governo estadual
e 40% do governo federal.

* A Fapesp teve um desembolso médio anual
de R$ 508 milhões, equivalente a 56% do total investido pelas agências de fomento no Estado.

* Os investimentos na pós-graduação no Estado de São Paulo somaram, entre 1998 e 2002, mais de R$ 860 milhões por ano, dos quais 84% foram destinados às três universidades estaduais (USP, Unicamp e Unesp).

* Estima-se que, no Estado de São Paulo, atuam cerca de 30 mil pesquisadores, dos quais um terço se encontra na indústria, e 17 mil pessoas em atividades de apoio à pesquisa e desenvolvimento.

* Das 20 entidades líderes no Brasil em registros de patentes, entre 1990 e 2001, sete estão no Estado de São Paulo.

* Entre 1998 e 2002, a participação dos produtos de alta tecnologia nas exportações do Estado de São Paulo situou-se entre 25% e 30%. A participação do Brasil é de 15% a 20%.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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