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Araújo: alunos são parceiros


Alunos da USP Leste: unidade nascida com a marca da inovação já apresenta ótimos
resultados acadêmicos


I
novação é uma das palavras-chave que nortearam o projeto e a concepção da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), a nova unidade da USP instalada no campus da zona leste. Não se trata apenas de um conceito teórico, mas de um trabalho que vem se consolidando na prática da unidade. Prova disso é que, já em seu primeiro semestre de funcionamento, a EACH realizou, no dia 21 de maio, um sábado, seu segundo seminário de avaliação. O primeiro, que ocorreu no início de abril, reuniu os professores e coordenadores de cursos. A grande novidade do segundo seminário é que os alunos também marcaram presença: cada uma das 17 turmas da unidade escolheu um estudante para representá-la.

O resultado foi excelente, considera o professor Ulisses Araújo, vice-coordenador do Ciclo Básico da USP Leste. Os 15 alunos e cerca de 70 professores que compareceram trabalharam em dez grupos, divididos por curso. A segunda etapa foi a discussão em plenário do trabalho dos grupos. As principais demandas levantadas nos aspectos acadêmicos dizem respeito a cuidar do excesso de atividades extra-classe e à maior integração interdisciplinar (leia o texto abaixo). Um novo seminário de avaliação já está marcado para os dias 27, 28 e 29 de julho. Nele serão analisadas as respostas do novo questionário a ser aplicado no final do atual período letivo e também será planejado o segundo semestre.

O princípio da avaliação formativa, de acordo com Ulisses Araújo, é um instrumento permanente de consolidação do projeto da nova escola. “É um movimento diferente de avaliação dentro da Universidade. Consideramos de fato os estudantes como parceiros na construção do projeto acadêmico da USP Leste. A partir de agora, esses estudantes estarão presentes em todas as avaliações que nós fizermos”, diz. À medida que as novas turmas forem entrando, a partir do ano que vem, a representação estudantil será constituída por curso.


Mudanças

O seminário do dia 21 debateu os resultados de um questionário que os alunos já haviam respondido, como mais uma etapa da constante avaliação a que são submetidos os professores e as práticas da USP Leste. Em abril, 851 estudantes – de um total de 1.020 matriculados no primeiro semestre – responderam o formulário, no qual eram apresentadas mais de 20 questões sobre itens do projeto acadêmico, espaço físico, infra-estrutura, metodologia etc. “Os resultados foram muito significativos e nos surpreenderam positivamente”, revela a professora Valéria Amorim Arantes, docente da Faculdade de Educação da USP e coordenadora do Ciclo Básico. O próprio ciclo, aliás, é uma inovação da EACH. Nele, durante o primeiro ano, todos os alunos fazem disciplinas comuns, em turmas que “misturam” os ingressantes de todos os cursos, e também assistem às disciplinas introdutórias específicas da carreira escolhida.

As respostas do questionário foram tabuladas pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que criou uma matriz específica para o instrumento. Para cada item, os alunos davam notas de 1 a 5. De todos os temas apresentados, alguns obtiveram média superior a 4. O destaque foi a avaliação do espaço físico onde as aulas ocorrem, que ficou com 4,3 – pouco mais de 50% dos alunos deram a nota máxima para esse quesito. “É um aspecto importante porque os dez cursos trabalham nos mesmos espaços, o que de fato é mais uma inovação do projeto”, diz o professor Araújo.

O único item cuja média ficou abaixo de 2 – todos os demais “tiraram” pelo menos 3 – foi o Curso On Line (COL). O sistema foi criado pela Escola Politécnica da USP e permite que docentes e alunos utilizem as ferramentas da informática, especialmente da Internet, para disponibilizar e acessar material, informações do curso, bibliografia e cronograma das atividades. Cerca de 300 alunos estavam com problemas de cadastramento e senhas, e os próprios docentes, ainda poucos acostumados a lidar com essa tecnologia, também enfrentavam dificuldades.

A identificação dos percalços levou a que se colocasse em prática o princípio de avaliação seguida de ação, idéia sempre presente na rotina da EACH. Dois “mutirões” foram realizados com pessoal das áreas de informática e do próprio COL para mapear as falhas e encaminhar as soluções. O número de alunos com problemas caiu para menos de cem, e espera-se que os demais entraves sejam sanados em breve. “Nosso objetivo é sempre detectar esses movimentos no meio do caminho para poder intervir imediatamente”, acrescenta o professor.

Abertura

Outro resultado palpável a partir das avaliações é a abertura das dependências da unidade aos sábados, para que os alunos realizem seus trabalhos, especialmente em grupo, e utilizem a biblioteca e os laboratórios de informática. Em determinados horários durante a semana, aliás, não há nenhum computador vago entre os 30 oferecidos em cada um dos quatro laboratórios de informática da escola – todos estão ocupados por alunos na produção de seus trabalhos. A EACH abrirá todos os sábados, das 8h às 13h, já a partir do dia 11 de junho. No dia 4, a unidade receberá centenas de estudantes do ensino médio para as atividades do programa A Universidade e as Profissões.

Entre as médias altas no questionário ficaram os quesitos “funcionamento dos recursos de audiovisual” (média 4,21, com 81,1% de notas 4 e 5); “funcionamento dos recursos de informática” (3,89, com 69% de notas 4 e 5); “constituição das turmas com alunos de diferentes cursos” (3,82, com 65,9% de notas 4 e 5); e “avaliação global das atividades acadêmicas até o momento” (3,65, com 61% de notas 4 e 5). As disciplinas foram analisadas em relação ao material didático, metodologia e relevância dos conteúdos, também alcançando médias expressivas. O resultado foi comemorado pelos coordenadores do Ciclo Básico, pois duas disciplinas novas, que são eixos fundamentais do programa, foram destaque na visão dos estudantes: Estudos Diversificados teve a relevância de seus conteúdos qualificada com a nota 4,10 (com 74,7% de notas 4 e 5), enquanto Resolução de Problemas alcançou 4,06 (75,2% de notas 4 e 5).

 


Docentes da EACH: avaliação ajuda a melhorar ainda mais as aulas


Professores recebem avaliação individual

O planejamento feito pelos docentes no início do semestre, no qual é apresentado a cada aluno o cronograma das aulas e das atividades extraclasse, também foi avaliado no questionário e no seminário do último dia 21. Como nem sempre as previsões se concretizam, os estudantes têm enfrentado dificuldades e relataram sobrecarga de trabalho em algumas semanas. Uma das demandas nascidas do encontro entre professores e alunos é de que haja maior integração entre as matérias, de forma, por exemplo, que um mesmo trabalho de pesquisa possa servir para mais de uma disciplina.

A proposta de formar na EACH, desde o primeiro semestre, uma cultura de avaliação positiva e construtiva se reflete também no fato de que as opiniões dos alunos foram repassadas aos próprios docentes. A Fuvest gerou 250 tabelas a partir dos dados do questionário, e a cada professor foi entregue um CD contendo as respostas dos estudantes sobre o seu trabalho turma a turma. “Os professores estão recebendo de forma muito positiva essa iniciativa, porque têm condições de ver onde podem melhorar”, comenta o professor Ulisses Araújo, vice-coordenador do Ciclo Básico da USP Leste. Essas notas globais não foram divulgadas para os alunos.

Havia também um espaço para observações e comentários que os alunos julgassem importantes e que não estivessem contemplados no questionário. Nesse campo, apareceram várias observações sobre temas do dia-a-dia dos alunos não diretamente ligados aos aspectos acadêmicos, e principalmente sobre questões de infra-estrutura que não são responsabilidade da USP. Os problemas com transporte público continuam sendo alvo dessas queixas, assim como os receios com relação à iluminação e à segurança pública.

“Temos uma preocupação em diferenciar o serviço que é de responsabilidade da USP daquele que é do Estado, ou seja, da sociedade”, explica o professor Araújo. “Perguntamos sobre os serviços e a infra-estrutura que são de responsabilidade da Universidade, como a biblioteca, os recursos de informática e audiovisuais etc. Sentimos que os temas do transporte e segurança são preocupações dos alunos, mas devem ser resolvidos e encaminhados pelo Estado.” Vale lembrar que, na inauguração da unidade, no final de fevereiro, o governador Geraldo Alckmin prometeu a construção da Estação USP Leste da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que virá acompanhada, anunciou, da melhoria dos serviços da estatal.

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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