Sartre: a liberdade como fundamento
da existência humana
O
filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), seguidor
do existencialismo que proclama a total liberdade do ser
humano publicou suas primeiras obras na década de
30, como A Imaginação (36), explorando o método
fenomenológico do alemão Husserl, e ganhou fama com
A Náusea, de 1938, que se aproxima do existencialismo de
Heidegger, recusando em 1964 o Prêmio Nobel de Literatura
por As Palavras, uma análise psicológica e existencial
de sua própria infância. Mas é preciso falar
de O Ser e o Nada (1943), obra fundamental da teoria existencialista
contendo todo o pensamento de Sartre, e também da revista
filosófica Os Tempos Modernos (1945), que fundou ao lado
de Simone de Beauvoir, seu grande amor, Merleau-Ponty e outros intelectuais.
No evento Sartreanas Sartre 100 Anos, promovido pelo Sesc
nesta e na próxima semana, estão reunidos importantes
nomes da cena cultural para refletir sobre preocupações
artísticas, políticas, sociais e da própria
existência humana a partir desse grande pensador do século
20.
Em vez de palestras, falas de no máximo meia hora, com destaque
para a presença (nesta quarta) do escritor João Ubaldo
Ribeiro, avesso à participação em eventos.
São falas do professor da USP Franklin Leopoldo e Silva sobre
Existência: Liberdade (na segunda, abrindo a programação);
do escritor, jornalista e diretor teatral Luiz Carlos Maciel sobre
O Teatro de Sartre: A Má Fé e a Serialização
(terça); e na próxima semana, dia 27, da professora
da USP Maria Aparecida Aquino sobre O Contexto Sartreano: Panorama
do Pós-Guerra Europeu Sartre participou do movimento
de resistência no qual os franceses se opuseram à ocupação
alemã na Segunda Guerra ; do escultor e curador Emanoel
Araújo sobre Política Cultural no Brasil (dia 28);
e do jornalista Marcelo Coelho sobre Grandeza e Miséria dos
Intelectuais: entre o Engajamento e a Independência Crítica
(dia 29).
Também serão apresentadas duas peças. Encontro
no Café de Flore, ambientada em um café parasiense
da época montado no saguão do Sesc Anchieta, com projeto
cenográfico de José Dias, tem sua dramaturgia construída
a partir de cartas e textos de Sartre e Simone de Beavouir, relatando
o encontro entre os dois e o amor de 60 anos até a morte
do filósofo (com Chico Dias e Mika Lins, e direção
de Luiz Carlos Maciel). E O Diabo e o Bom Deus, de Sartre, com direção
de Eugênia Thereza de Andrade (que também assina a
curadoria do evento), que se passa na Alemanha renascentista, numa
guerra travada entre camponeses e senhores feudais (sucesso de público,
que ficou quase um ano em cartaz em temporadas no Rio de Janeiro
e São Paulo, originando este evento em homenagem aos cem
anos de Sartre). Ainda serão realizadas intervenções
lúdicas e cômicas inspiradas no livro O Ser e o Nada,
além de um curso de teatro sobre peças de Sartre,
ministrado por Maciel e Thereza (para quem estuda ou já estudou
artes cênicas, com vagas limitadas).
Completando o evento, a música ganha o palco com Carlos Fernando,
que apresenta jazz e canções francesas (segunda, às
20h), com Luiza Dvoréc cantando MPB (quarta, às 18h40)
e Mônica Salmaso, interpretando canções brasileiras
(dias 28, às 20h, e 29, às 19h). Para encerrar, nos
dias 28 e 29, o poeta e professor Frederico Barbosa lê poemas
de sua autoria e de Charles Baudellaire. Durante toda a programação,
quatro instrumentistas (acordeão, violino, violão
e sax) tocam jazz no café parisiense, a partir
das 18h. É uma volta ao passado para discutir questões
do nosso tempo.
Sartreanas
Sartre 100 Anos acontece nesta e na próxima semana, de segunda
a quarta, a partir das 18h, no Sesc Consolação (r.
Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, tel. 3243-3000). A entrada é
gratuita, com exceção do espetáculo O Diabo
e o Bom Deus, que tem ingressos a R$ 10,00. Capacidade: 320 lugares.
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