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Cidades universitárias: patrimônio urbanístico e arquitetônico da USP, Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP, Edusp e Imprensa Oficial, 560 páginas.


A Cidade Universitária, em São Paulo (à esquerda), e o Centro de Estudos do Genoma Humano (à direita), no mesmo campus


E
ntre praças, ruas e edifícios, o campus da Cidade Universitária da USP compõe um legítimo espaço histórico dentro do território urbano. Pensar a Cidade Universitária do ponto de vista histórico, territorial, urbanístico e arquitetônico é a proposta do livro lançado pelo Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP. Intitulado Cidades universitárias: patrimônio urbanístico e arquitetônico da USP, editado pela Editora da USP (Edusp) e pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, o livro trata de questões do patrimônio cultural da Universidade a partir do inventário de suas bases físicas, refletindo sobre a formação histórica dos campi universitários e sua inserção nas cidades em que se localizam.

A nova obra é o sétimo volume da série Cadernos CPC, que tem como objetivo sistematizar e discutir as questões ligadas ao patrimônio da Universidade. “A USP tem um patrimônio no seu conjunto urbanístico e arquitetônico muito importante e significativo, que deve ser estudado e pesquisado, para entendermos como se deram as diretrizes para onde a Universidade cresceu”, analisa Ana Lúcia Duarte Lanna, diretora do CPC.

O livro é dividido em duas partes. A primeira é composta por textos de autores de diversas áreas de atuação e formação profissional que, a partir dos temas selecionados, problematizam a relação entre a cidade e a Cidade Universitária. “Por que a não-presença sistemática de campi universitários em geral entre as representações artísticas, se a Cidade Universitária da USP, campus Butantã, surge exatamente quando a arte traz a urbe para seus tecidos? Será que só se representam cidades para cantar a glória desse modo de viver, e o tempo ainda não decantou o suficiente para transformá-las em inelutável bem histórico?”, questiona a professora de História da Arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP Maria Cecília França Lourenço, autora do texto “Cidade na arte”.

 


Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba (acima e abaixo)

Origens

A segunda parte do livro é composta por artigos inéditos sobre os inventários, baseados em roteiro comum que historiou a formação dos campi e apresentando mais de 60 dos seus edifícios, divididos por tipologias como os auditórios, bibliotecas, edifícios especializados e multifuncionais, ginásios, hospitais e moradias. “Esta segunda parte foi constituída para entender a relação da USP com a cidade. Procuramos consolidar o vínculo com a pesquisa, cultura e extensão, fazendo um levantamento através de documentos, dos arquivos e acervos arquitetônicos para que todos possam conhecer a história dos campi, suas origens e planos de como foram pensados e construídos”, explica Ana Lúcia.

Marcada pela tradição, a USP nasceu incorporada pelas centenárias instituições de ensino preexistentes, como a Faculdade de Direito, situada no Largo de São Francisco, no centro de São Paulo. A modernidade também perpassa a sua trajetória, abrigando as mais diversas áreas do conhecimento e mantendo diálogos entre elas. Ana Lúcia ressalta que a USP nasceu procurando estabelecer vínculos com a cidade e com o seu passado, e construindo essa linhagem de uma cidade da educação. “Os desafios colocados no ato da fundação atualizaram-se e continuam norteando as atividades da Universidade. A relação ensino, pesquisa e extensão permanece orientando suas atividades e fazendo-a efetivamente uma Universidade”, diz a diretora do CPC.

Ana Lúcia afirma também que a construção de novos desafios intelectuais e de novas propostas de produção do conhecimento, expressas em suas pesquisas, cursos e campi, continua articulada com a existência do que se pode chamar de sua tradição, de onde emergem grandes desafios e perspectivas, marcando a história e a memória, permanentemente atualizada, dos compromissos e da diversidade que compõem a USP. Os edifícios, assim como as coleções e acervos, sinalizam o reconhecimento da importância da Universidade pela sociedade “e são marcos permanentes no seu processo de expansão e consolidação”.

A obra mostra que os cinco campi do interior – localizados em Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos – foram incorporados à Universidade ao longo dos seus 70 anos de existência com variadas trajetórias urbanísticas e arquitetônicas. Segundo Ana Lúcia, alguns desses campi nasceram como cidades universitárias, outros originaram-se de escolas agrícolas, com forte presença neocolonial – também este um estilo à procura da definição do nacional. “Assim, foram incorporando-se às cidades, transformando-se em marcos referenciais e compartilhando com elas novas proximidades, transferências e desafios”, afirma.


O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP, em Bauru (à esquerda), e o Observatório Astronômico do campus de São Carlos

 

Edifícios

O livro conta com 359 páginas ricamente ilustradas com fotos de Ângela Garcia, autora de um ensaio fotográfico cujo personagem principal é o edifício. “Testemunho silencioso das transformações que ocorrem interna e externamente ao universo acadêmico, o edifício marca, de modo incontestável, períodos diversos de nossa história, através de estilos, materiais empregados em sua construção, técnicas construtivas. Reflete ideologias e ideais em constante mutação e afinadas com seu contexto histórico”, ressalta Ângela, fotógrafa e arquiteta formada pela FAU.

Para a fotógrafa, a escolha fundamental foi valorizar, com detalhes e texturas, as formas dos edifícios, utilizando recursos de enquadramento e iluminação, na intenção de retratar esse personagem com toda a sua dignidade e importância. “As imagens encontradas na publicação convidam todos a observar e desvendar a face desses personagens – os edifícios – que abrigam de forma generosa atividades de tantos outros personagens que fornecem vitalidade por excelência e dão sentido e importância a esses testemunhos silenciosos que marcam a passagem do tempo em suas manifestações mais eminentes: sua forma física e marcas cravadas em sua aparência”, descreve a fotógrafa.

 


A Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga (acima e abaixo)





Para o pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP, Adilson Avansi de Abreu, a proposta do sétimo volume dos cadernos do CPC aborda uma questão muito relevante. “Os principais processos que moldaram o território paulista em sua configuração atual são relativamente recentes. Pode-se identificar nesse contexto relações têmporo-espaciais muito significativas entre a implantação do ensino superior e da pesquisa e o desenvolvimento do Estado de São Paulo.”

Incluído no livro, o artigo “A São Francisco na dinâmica da história e na memória da cidade”, da historiadora do Condephaat Ana Luiza Martins, mostra historicamente a importância do edifício da Faculdade de Direito como uma expansão dinâmica da Universidade fora do campus e integrando uma das regiões históricas da cidade, onde o “espírito universitário” é revivido cotidianamente.

Lorenzo Mammi, diretor do Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP e professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, no artigo “O Centro Universitário Maria Antonia, entre a Universidade e cidade”, explicita a força evolutiva do Ceuma como um espaço para a comunidade universitária e boa parte da extra-universitária. “É a alma mater da Universidade, um símbolo da resistência ao regime militar, um repositório de lembranças afetivas e marcos culturais e políticos.”
“O Ipiranga é lugar de grande significação”, afirma Heloisa Barbuy, historiadora, museóloga e professora do Museu Paulista, no texto “O campus do Ipiranga”. Nele, Heloisa discorre sobre os museus e as exposições como importantes veículos de expansão da sociedade, consistindo em espetáculos didáticos de valores e práticas.

Já o artigo “O campus e a cidade”, de Marco Antonio Xavier, historiador e curador do Memorial do Imigrante, busca, nos projetos para o campus da USP, uma comparação com o desenvolvimento da cidade de São Paulo, baseado em idéias e ideais de universidade e sua relação com a ocupação das áreas urbanas. “Todas as construções ou objetos possuem uma simbologia de caráter concreto, realizável e palpável, ocupando um certo lugar no espaço. A USP ainda hoje é um caleidoscópio e está em constante mudança, mas se faz indispensável conhecer seu passado para entender as cores e formas que adquire quando a olhamos”, analisa.

A professora da FAU Fernanda Fernandes, autora do texto “Arquitetura e sociabilidade na Cidade Universitária de São Paulo”, procura entender como se dá o processo de acumulação de valores históricos, culturais e sociais numa cidade que se volta inteiramente para a educação e onde todos os edifícios se destinam ao ensino.

A obra ainda conta com textos de José Guilherme Cantor Magnani, Franklin Leopoldo e Silva, Nina Beatriz Stocco Ranieri, Gilson Schwartz, Margarida de Souza Neves e Célia Belém, além dos membros da equipe do CPC: Juliana Mendes Prata, Luciana Alem Gennari, Marianna Ramos Boghosian e Tatiana Durigan de Freitas Almeida.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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