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Tudo Vai Bem, de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, que vem ao Brasil
O “faroeste revolucionário” Vento do Leste, com Glauber Rocha

Grupo Dziga Vertov

O grupo, que traz o pseudônimo adotado pelo cineasta russo Denis Arkadievich Kaufman, foi criado no fim dos anos 60 por Jean-Luc Godard e reuniu intelectuais de esquerda em torno das idéias de Mao Tsé-Tung para realizar filmes experimentais militantes. São filmes inéditos no Brasil – agora reunidos na mostra exibida de terça a domingo no Centro Cultural Banco do Brasil –, que refletem o momento histórico da época, vivido pouco depois da revolução estudantil da França, além de apresentar um lado pouco conhecido da cinematografia de Godard. Os filmes foram feitos com a colaboração de importantes esquerdistas como Daniel Cohn-Bendit, Glauber Rocha e Jean-Pierre Gorin, que vem pela primeira vez ao País para apresentar os quatro filmes que dirigiu, dois deles com Godard, Tudo Vai Bem (França), que

abre a mostra, e Carta para Jane (EUA), ambos produzidos em 1972. No primeiro, uma jornalista americana e um diretor francês que se tornou publicitário vão até uma fábrica de alimentos em greve e acabam sendo aprisionados pelos trabalhadores; e no segundo, Gorin e Godard desconstroém a fotografia de John Kraft publicada na revista L’Express mostrando Jane Fonda no Vietnã do Norte, além de uma sessão de fotos da atriz em diversas situações, numa crítica sobre o “star system” hollywoodiano.

A curadora Jane de Almeida, que conseguiu reunir os filmes através da distribuidora francesa Gaumont, ainda destaca Vento do Leste (França, Itália e Alemanha, 1970, com argumento de Daniel Cohn-Bendit), a única exceção entre os inéditos – a obra trata de questões acerca da política anticapitalista e traz uma cena crucial em que Glauber Rocha está em uma encruzilhada e é abordado por uma mulher que pergunta sobre o caminho do cinema político. E também o belíssimo Lutas na Itália (França/Itália, 1970), considerado o trabalho mais coerente, política e teoricamente, do Grupo Dziga Vertov, que parte das reflexões de Louis Althusser sobre Maio de 68, mostrando os problemas vividos pela própria esquerda e a sua decadência na Europa.

Completam a mostra Um Filme como os Outros (França, 1968), intercalado por cenas de um grupo de jovens falando sobre política e ciné-tracts (pequenos filmes de três minutos em preto-e-branco, editados na própria câmera) de assembléias e passeatas em torno das discussões políticas na França de 68; Aqui e Acolá (França, 1976), de Godard e Anne-Marie Miéville, que reeditaram o material inicial do filme que se chamaria Até a Vitória – em que Godard e Gorin aceitaram a proposta do grupo militante palestino Al Fatah para filmar a situação política do Líbano e da Jordânia em 1970, mas que não chegou a ser concluído; além de Sons Britânicos (Inglaterra, 1969), Vladimir e Rosa (França, 1971) e do mais vertoviano Pravda (França, 1969). Como dizia Godard, a idéia era diminuir a ditadura do diretor.

A “Mostra Grupo Dziga Vertov” abre na terça, às 20h, e vai até domingo, com sessões às 16h, 18h e 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113-3651). Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00. No sábado, às 18h, acontece palestra com Jean-Pierre Gorin (entrada gratuita, com retirada de senhas meia hora antes). Programação completa no site www.bb.com.br/cultura. Depois a mostra segue para o Rio de Janeiro e Brasília.

 

 

 

O Cangaço no Cinema

Essa mostra do Cinusp exibe nesta semana raridades: os documentários produzidos para o “Globo Repórter”: A Mulher no Cangaço, de Hermano Penna, e O Último Dia de Lampião, de Maurice Capovilla, que reconstitui as últimas 24 horas de Virgulino Ferreira, o Lampião ( segunda, terça e sexta, às 16h, e quarta, às 19h); a seleção de cinco curtas, entre eles Lampeão (ou Lampião, o Rei do Cangaço), de 1936, dirigido pelo mascate libanês Benjamin Abrahão, o único a filmar o bando de Lampião até ser assassinado em 1938, sem ver concluída sua obra, da qual restaram apenas 7 minutos (terça e quinta, às 19h, e quarta, às 16h); e ainda a ficção Faustão (Brasil, 1971), de Eduardo Coutinho (segunda e sexta, às 19h, e quinta, às 16h). O Cinusp fica na r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias, Cidade Universitária, tel. 3091-3540. Grátis.

 

 

 

Produção argentina

Nesta terça entra em cartaz a mostra “Cinema Argentino Contemporâneo”, que reúne seis filmes, entre eles Histórias Mínimas (Argentina/Espanha, 2002, legendas em português), de Carlos Sorin, com vidas que se cruzam nas estradas da Patagônia; Bar El Chino (Argentina, 2003, legendas em inglês), de Daniel Burak, um lugar de paredes descascadas que conserva a essência do tango; e El Abrazo Partido (Argentina/França/Itália/Espanha, 2004, legendas em português), de Daniel Burman, sobre um homem e sua eterna busca pela sobrevivência. A mostra vai até 25 de agosto, com sessões a partir das 16h, no Centro Cultural São Paulo, que fica na r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611. A programação completa está no site www.centro cultural.sp.gov.br. A entrada é gratuita.

 

 

 




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