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O
dia nacional de combate ao fumo, 29 de agosto, terá uma comemoração especial este ano. Serão divulgados os resultados do I Fórum de Políticas Públicas em Câncer de Boca, assim como um calendário de atividades e ações de educação em saúde bucal, na mídia em geral e no site da Faculdade de Odontologia da USP (www.usp.br/fo).

Esses resultados fazem parte do sucesso da primeira Campanha de Popularização do auto-exame da boca, com o slogan “Sorria para si mesmo”, coordenada e organizada pelo grupo de pesquisa em Reabilitação Maxilofacial da Faculdade de Odontologia da USP e que contou com a participação gratuita de vários cantores populares como Daniel, Sérgio Reis e Chitãozinho & Xororó.

A campanha teve como objetivo além de divulgar o auto-exame unir profissionais em torno da prevenção, diagnóstico clínico e histopatológico precoce, tratamento, reabilitação e comunicação não formal. Também procurou propor diretrizes e políticas públicas nessa área, uma vez que as ações para tratamento de câncer de boca são desorganizadas e realizadas pontualmente em todo o País e o diagnóstico, em sua maioria, é feito tardiamente, sendo o câncer detectado de forma avançada e a reabilitação maxilofacial é fundamental para garantir a qualidade de vida e a dignidade dos doentes.

Outra ação da campanha foi estimular meios de colaboração entre as entidades da sociedade organizada, tais como governo, universidades, iniciativa privada, terceiro setor, imprensa e comunidade para que todos juntos busquem soluções para esse problema que atinge, segundo Dorival Pedrozo da Silva, professor da FOB, 95% dos casos atendidos no ambulatório bucomaxilofacial.

Uma das diretrizes do fórum foi a necessidade de uma ação em educação de caráter permanente e de responsabilidade da USP, especialmente dos autores do projeto, professores da disciplina de Prótese Bucomaxilo da FOB, em manter a discussão em pauta e estabelecer um calendário de atividades que transforme a cultura de auto-exame do câncer de boca numa prática disseminada como a do câncer de mama.


Grupos de risco

Segundo Fernanda Almeida, estagiária da FOB, para a discussão do fórum foram definidos os grupos de risco que deverão ser trabalhados na próxima campanha. “Para a educação em saúde bucal, ficou definido que serão trabalhados as crianças, os adolescentes e o grupo de pacientes que fuma e bebe. As ações devem falar de antitabagismo e antietilismo, combatendo o cigarro e o álcool como fatores que degeneram a saúde das crianças e jovens. Cada vez mais as bebidas alcoólicas estão sendo ingeridas precocemente pelas crianças”, ressalta.

Já para quem fuma e bebe é sugerido o auto-exame da boca, para que pacientes com câncer bucal não cheguem no dentista em um estágio avançado da doença.
Pedroso da Silva afirma que essa é a função da Universidade. “Educar os nossos estudantes, assim como a população, e discutir isso entre todos é um dos papéis da USP. Sabemos que pela educação é possível divulgar positivamente uma campanha de antitabagismo e antialcoolismo, já que a associação dos dois traz grandes complicações para a saúde. Também é de conhecimento que a associação da Universidade frente a essa campanha é perfeita para combater o problema do câncer.”

Fernanda conta que o papel da comunicação foi muito importante para o sucesso da campanha. “Tivemos uma primeira experiência na de 1.800 inserções na mídia, num prazo de 15 dias de atuação, totalmente gratuita.” A estagiária ressalta ainda que, se a campanha tivesse sido paga, custaria cerca de R$ 14 milhões. “Foram 1.256 inserções em rádio, com spots elaborados pela Rádio USP, 548 inserções televisivas distribuídas no SBT, Globo e Bandeirantes que veicularão a campanha até o final do ano. Através da chancela da USP, com uma campanha bem elaborada e estruturada conseguimos convencer os meios de comunicação a divulgar a campanha.”

Outro ponto levantado é a possibilidade da Universidade promover o conhecimento científico didático através dos cursos de educação a distância. De acordo com Pedroso da Silva seria um curso de reabilitação, pois é uma área que apresenta muita dificuldade, são poucos profissionais qualificados e muitos deles se concentram em São Paulo. “A Universidade tem alguns mecanismos que pode ajudar a fazer a divulgação científica para outros centros de educação em odontologia.”
Uma campanha de prevenção é importantíssima para a prótese bucomaxilofacial, uma das especialidades odontológicas mais amplas no sentido da reabilitação, segundo Reinaldo Brito e Dias, professor da disciplina de Reabilitação Maxilofacial da FOB.

O ambulatório da faculdade reabilita nariz, globo ocular, metade da face, deformidades, anomalias craniofaciais, fissuras labiopalatais e as malformações congênitas. “Trabalhamos lado a lado dos médicos para minimizarmos os problemas dos pacientes. Devemos lutar pela prevenção para que tenhamos menos reabilitação.”

O profissional protesista maxilofacial lida muito com as mutilações. Por mais bonita que fique a prótese e a reabilitação sabe-se que o paciente poderia ter sido poupado de sofrer mutilações se tivesse feito um diagnóstico precoce. “É imoral mutilar esses pacientes, e deixá-los sem reabilitação. Eles precisam ser inseridos na sociedade, têm que voltar a trabalhar, a se comunicar com a família e seu entorno”, explica Fernanda. E cita um exemplo. “O paciente que não faz uma prótese depois da cirurgia de câncer de boca não consegue mais almoçar com seus familiares porque não engole e sim aspira. É tudo muito complicado para ele.”

O objetivo do fórum de estabelecer uma política pública de atendimento aos pacientes de câncer bucal é buscar avançar no tratamento para que não precise fazer reabilitação sempre. Na verdade, explica Dias, “se não atuarmos em conjunto com o governo para que ele crie campanhas, incentive a população a se cuidar, e aumente o número de centros de reabilitação teremos sempre muita dificuldade nesta área de tratamento”.

Reinaldo Brito e Dias enfatiza que a prevenção em massa não funciona se não tiver o apoio governamental. “Cabe ao governo qualquer tipo de prevenção. Campanhas como as de vacina da gripe, vacina Sabin e também na área da saúde bucal para que a campanha vingue em nível nacional. Não adianta fazer uma campanha regional, este é um problema global.”

Os especialistas propuseram no fórum a criação de outros centros de reabilitação fora de São Paulo para que o atendimento à população dos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, principalmente, possam contar com uma equipe de profissionais especializados.

Fernanda explica que entende-se por centro de reabilitação um espaço complexo, que precisa de centro cirúrgico com anestesia geral. No entanto, o que se vê na prática da prótese bucomaxilofacial da faculdade é que a logística não é fundamental, mas sim profissionais muito bem treinados e qualificados.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que a primeira causa de câncer bucal é o tabagismo. Espera-se para este ano 11 mil novos casos de câncer de boca, sendo que a maioria é de fumante. O quadro da doença piora quando se bebe junto com o fumo. “Por isso a nossa campanha quer abranger as crianças e jovens para que não bebam e não fumem. E para quem fuma e bebe procurar fazer o auto-exame de boca e ir ao dentista sempre não só quando a dor aparecer”, explica Fernanda. “O câncer de boca, na maioria das vezes, não dói, por isso as pessoas só procuram o dentista quando o câncer já está muito grande e atingiu os nervos, os músculos.”

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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