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situação dos museus mantidos pela Universidade de São Paulo, especialmente no que se refere à sua definição estatutária e aos espaços físicos que ocupam, foi o tema central do debate realizado entre os reitoráveis da USP no dia 5 de outubro. O debate reuniu bom público no auditório do Museu de Arte Contemporânea (MAC), na Cidade Universitária, e contou com perguntas feitas aos candidatos pelos diretores dos museus: Carlos Roberto Ferreira Brandão, do Museu de Zoologia, Murilo de Azevedo Marx, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), Eni de Mesquita Samara, do Museu Paulista, e Elza Ajzenberg, do MAC.

O primeiro turno das eleições à Reitoria ocorrerá no dia 25 de outubro. O segundo turno está marcado para 8 de novembro. A seguir, o Jornal da USP apresenta algumas das propostas defendidas pelos candidatos, na ordem em que foram sorteados para falar no debate:

Adilson Avansi de Abreu

O pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária afirmou que os museus da USP atingiram um grau de maturidade bastante grande e que é necessário promover uma reforma estatutária e doutrinária que defina novas diretrizes para sua atuação no longo prazo, a partir do estágio já alcançado. Avansi citou duas mudanças estatutárias que representam precedentes nesse processo: a existência de cursos de graduação em institutos especializados – o que antes era restrito às unidades de ensino – e a criação de uma unidade sem base de departamentos, caso da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), na USP Leste. “Vejo nos museus o principal instrumento de ação cultural da Universidade nos vários níveis: cidade, Estado, País e nas relações multilaterais”, destacou. Avansi disse que os museus precisam de autonomia para definir contratação de pessoal e obtenção de recursos específicos para aquisição e manutenção de acervo, e afirmou ainda que uma das questões-chave da Universidade é superar as quebras de continuidade, para o que é necessário definir políticas institucionais permanentes que se mantenham acima das gestões reitorais.


Hélio Nogueira da Cruz


O vice-reitor afirmou que, graças ao trabalho que coordenou na Comissão Permanente de Avaliação (CPA), pela primeira vez os museus da USP participaram e foram ouvidos em igualdade de condições e oportunidades com as unidades de ensino e pesquisa. A primeira constatação, ponderou, é que os órgãos são “os primos pobres” das unidades, com representação política e recursos inferiores àqueles das demais unidades. Numa universidade de classe internacional, padrão que a USP deve alcançar, defendeu, a dimensão da arte e da cultura é muito maior do que no conceito de universidade de ensino e pesquisa. Os museus da USP estavam sujeitos a ter “uma morte indigna”, apontou Nogueira da Cruz. “No discurso todos os defendem, mas na prática os recursos estavam minguando. Nos últimos dois anos estamos revertendo essa tendência.” O vice-reitor disse que ainda precisa ser equacionado o tema da carreira docente versus carreira de pesquisador dentro dos museus e que os seus recursos de custeio podem ser aumentados significativamente no orçamento da Universidade.

Antonio Marcos Massola

O coordenador da Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf) da USP abriu sua intervenção defendendo a mudança estatutária. “A USP é a menos democrática das universidades estaduais paulistas. Temos que ter coragem de fazer as mudanças”, afirma. O primeiro problema em relação à importância que a USP dá aos seus museus é a própria falta de identificação de seus prédios no campus. Outro problema crítico é a questão do espaço. O MAE, disse, está pessimamente instalado, enquanto os Museus Paulista e de Zoologia, no Ipiranga, não têm como se expandir. O Parque dos Museus, previsto para ser construído junto ao futuro Centro de Convenções da USP, dificilmente sairá do papel, afirmou, porque seriam necessários R$ 5 milhões para o projeto executivo e mais R$ 50 milhões para a construção. Massola disse que a palavra-chave para mudar a situação e tirar os planos do papel é audácia. “Eu estou cheio de receber ‘não’, mas não desanimo, porque essa é a minha missão”, afirmou, referindo-se a empreendimentos recentes em que a Coesf atuou decisivamente, como a construção da USP Leste e do Campus II de São Carlos.


Sedi Hirano


O diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) defendeu que os museus têm que ser reconhecidos como instituições sociais, adquirindo um estatuto moderno e contemporâneo. Os museus realizam pesquisa e investigação de altíssimo nível, inclusive oferecendo cursos de mestrado e doutorado, apontou, e por isso devem assumir a característica de unidade acadêmica. “A pesquisa é indissociável da docência e das várias atividades que os museus têm como tarefas específicas”, acredita. Autonomia é a palavra mais forte citada pelos dirigentes dos órgãos, e por isso os museus devem definir sua autogestão, expressa, por exemplo, na possibilidade de fazer seus próprios concursos para docentes. Hirano também se referiu à questão do espaço físico como um problema sério, pois, à exceção do MAC, os demais prédios não foram concebidos para abrigar museus. O diretor da FFLCH defendeu a adequação do projeto acadêmico dos museus ao plano diretor da USP, com a integração do corpo docente, para definir os princípios orientadores das ações desses órgãos na Universidade.


Suely Vilela

Para a pró-reitora de Pós-Graduação, deve ser intensificada a conexão entre museus, universidade e sociedade, fazendo com que esses órgãos agreguem cada vez mais à sua função de espaços culturais as dimensões de formação, pesquisa e difusão cultural. Suely salientou que na sua gestão na Pró-Reitoria os museus foram incluídos no Conselho de Pós-Graduação e foram criados os cursos de pós no MAE e no MAC. A professora defende a criação de um programa de formação geral dos alunos, com ênfase no exercício da cidadania com responsabilidade, no qual os museus teriam uma importância fundamental. Para enfrentar e resolver os problemas dos museus, o primeiro aspecto a atacar é o do espaço físico, disse. A autonomia passa pela infra-estrutura, em todos os sentidos, afirmou, ponderando ainda que determinados avanços serão conquistados de forma natural em processos de evolução e amadurecimento ao longo do tempo. Suely defendeu ainda a integração de grupos de pesquisa e comprometeu-se a buscar recursos para executar os projetos de melhoria dos espaços para os museus.



O debate no MAC: candidatos discutem como a USP pode prestar ainda mais serviços à população na área da cultura

 

Reitoráveis fazem série de debates

O debate realizado no MAC foi o quarto de uma série na qual os candidatos à Reitoria da USP vêm expondo à comunidade universitária as suas posições sobre os mais diferentes temas concernentes à vida da Universidade e aos projetos para o seu futuro. O primeiro debate foi realizado no dia 29 de setembro, na Faculdade de Medicina. Entre os pontos em comum citados pelos postulantes estão a defesa da graduação como prioridade, a internacionalização, a desburocratização e descentralização da administração e a melhoria do plano de carreira para servidores e funcionários.

No dia 4 de outubro, na Escola Politécnica, os candidatos responderam, entre outros temas, a perguntas sobre as fundações de apoio, a inserção dos alunos no mercado de trabalho e a Comissão Especial de Regimes de Trabalho (Cert), que analisa a admissão de docentes. A cobertura desses encontros foi realizada pelo USPonline e está disponível no portal eletrônico da USP (www.usp.br).

Até o próximo dia 25, data do primeiro turno da eleição, outros debates ocorrerão em unidades da capital e do interior. Um deles será promovido pela Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), no dia 19, às 15 horas, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária. Será mais uma oportunidade para que a comunidade conheça melhor os projetos e a visão dos nomes que pretendem ocupar o cargo máximo da USP pelos próximos quatro anos.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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