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ma das maiores viagens à pré-história promovidas no País acontece até o dia 30 de abril na Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A megaexposição “Dinos na Oca e outros animais pré-históricos” traz ao espaço cerca de 400 peças originais e réplicas de ossadas e fósseis, além da reprodução de animais em tamanho natural, com a reconstituição do que seria sua pele e musculatura. É possível observar réplicas de dinossauros de mais de 20 metros de comprimento e de animais com cerca de 10 centímetros. São mais de 35 mil toneladas de material exposto, vindo de instituições do Brasil e do exterior.

As maiores atrações da exposição são o Eoraptor lunensis e o Jobaria. O Eoraptor lunensis é o mais antigo dinossauro de que se tem notícia. Raptor indica velocidade, característica da espécie. Viveu no noroeste da Argentina, era bípede, com pouco mais de um metro de comprimento, da cabeça à ponta da cauda. O Jobaria, por sua vez, é o maior fóssil da mostra, com cerca de 22 metros. Viveu na África, no período Cretáceo (há 135 milhões de anos).

Além de dinossauros, compõem a exposição ossadas e fósseis de crocodilos, de pteurossauros – que os cientistas acreditam ser “primos” do dinos, que seguiram caminhos evolutivos distintos –, de peixes da bacia do Araripe (área localizada entre o Ceará, Pernambuco e Piauí) e de pegadas de dinossauros, mamíferos e insetos, deixadas há 140 milhões de anos em desertos então existentes onde hoje é o Brasil. Mamíferos como o Andrewsarchus – parente próximo das baleias primitivas e o maior mamífero carnívoro de todos os tempos – e um meteorito de mais de 4 bilhões de anos também fazem parte da mostra. “Dinos na Oca” traz ainda fósseis de vegetais, como uma planta da Formação Santana, também da bacia do Araripe.


O túnel por onde o visitante passa para ver a exposição: viagem ao passado remoto


Ao entrar na exposição, o visitante passa por um túnel de 50 metros, em que sons e imagens remetem à evolução geológica da Terra, desde o big-bang – a explosão que teria dado início ao Universo – até a era dos dinossauros. O espaço em que se encontram os dinos conta a vida no planeta há milhões de anos. Outros ambientes abordam a visão geológica e paleontológica do mundo, com painéis explicativos, eletrônicos ou não. Ali são discutidas questões sobre o que vem acontecendo com a Terra, o motivo da extinção das espécies e o desaparecimento de muitas formas de vida, provocado pela ação do homem.

O curador da exposição, paleontólogo Luiz Eduardo Anelli – professor do Instituto de Geociências da USP –, destaca a importância das peças: “A coleção de peixes fósseis provenientes da Chapada do Araripe, um dos dez sítios arqueológicos mais importantes do mundo, e os crocodilos Baurusuchus salgadoensis, extintos há 90 milhões de anos, que tinham 400 quilos e 3,5 metros de comprimento, são excepcionais”. Anelli chama a atenção também para a maior coleção de pegadas de mamíferos do Brasil, entre elas as do Brasilichnium elusivum, o primeiro da espécie a ser identificado a partir de pegadas encontradas em Araraquara (SP), formando a primeira evidência de mamíferos do final do Período Jurássico e início do Cretáceo no Brasil. “Não dá para destacar uma coleção só. Todas são muito importantes.”

Réplicas

Boa parte das peças expostas é original, como a coleção de peixes. Outra parte é formada por réplicas. Anelli lembra que, embora os visitantes não gostem de ver réplicas, o fato é que, em todo o mundo, os museus geralmente apresentam reproduções. “Não se perfuram e se passa estrutura metálica em ossos originais porque, muitas vezes, são materiais únicos, que custaram milhões de dólares para ser retirados do deserto do Saara, por exemplo, e ser transportados”, explica Anelli, ressaltando que há muito material original em “Dinos na Oca”. “Em muitos casos, tudo que se tem é uma cópia, feita a partir de muita reconstrução e muita escultura, porque os fósseis normalmente não estão completos.”


Anelli: acervo precioso ao alcance do público

O Brasil tem grande destaque na mostra, já que é a primeira vez que uma considerável parte do acervo nacional – cerca de 50% do material exposto – está reunida em um único espaço e aberta à visitação pública. Na seleção das peças brasileiras houve apoio de nove instituições do Brasil. Além do acervo brasileiro, a mostra traz peças da África, Argentina, Chile e Estados Unidos. A seleção internacional ficou por conta da Fundação Project Exploration, ligada à Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, dirigida por um dos mais famosos paleontólogos da atualidade, Paul Sereno. Entre as instituições responsáveis pelo acervo brasileiro estão o Laboratório de Paleontologia Sistemática e o Museu de Geociências, ambos do Instituto de Geociências da USP, o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Museu de Paleontologia de Marília, entre outros.

De acordo com Emilio Kalil, diretor do Gabinete Cultura, uma das instituições responsáveis pela exposição, a negociação para promover o evento se deu rapidamente: “Há muito tempo se trabalha nessa idéia”, explica. “Há um ano fizemos uma pesquisa e constatamos que só com material vindo do Brasil não seria possível organizar a exposição. A Fundação Project Exploration agiu rápido, além de as peças estarem disponíveis no momento certo.” Foram investidos R$ 7 milhões na exposição.

 

“Dinos na Oca e outros animais pré-históricos” fica em cartaz até 30 de abril na Oca (avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Parque do Ibirapuera, telefone 4003-2245), de terça a domingo, das 9h às 21h. O ingresso custa R$ 20,00. O ingresso-família, para dois adultos e duas crianças até 12 anos, custa R$ 50,00. Há visitas monitoradas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 5575-4624.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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