No
próximo dia 26 de fevereiro, a professora Suely Vilela completará
três meses à frente da Reitoria da USP. Embora 90 dias
pareçam pouco diante dos desafios da administração
de uma das mais importantes universidades brasileiras, já
é possível perceber, mesmo em tão curto período,
a concretização de propostas importantes do programa
de metas estabelecido para a Universidade nos próximos quatro
anos. Estamos procurando cumprir as propostas do meu projeto
de gestão, ressalta Suely.
Dentre as prioridades, o incentivo aos pesquisadores emergentes
foi uma das primeiras ações a sair do papel. Nesse
sentido, a Reitoria disponibilizou para a Pró-Reitoria de
Pesquisa a quantia de R$ 5 milhões para operacionalizar projetos
que atendam aos grupos emergentes da Universidade.
Outro ponto importante diz respeito à internacionalização
da Universidade, assunto que permeou boa parte das discussões
e debates do período eleitoral. Dentro desse segmento, a
primeira iniciativa refere-se à integração
da Comissão de Cooperação Internacional (Ccint)
com as Pró-Reitorias e com os campi do interior, e alterações
na composição da comissão, que passará
a ser integrada, além dos pró-reitores, por um representante
de cada campus e docentes que estejam envolvidos com atividades
de intercâmbio.
Nesta entrevista ao Jornal da USP, Suely Vilela faz um balanço
das atividades nos primeiros três meses de sua gestão,
fala sobre o processo de escolha e do relacionamento com os novos
dirigentes nomeados na Universidade, os estudos sobre a incorporação
da Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil) e
sua nomeação como presidente do Conselho de Reitores
das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp).
Jornal
da USP
A senhora já fez um balanço de seus três primeiros
meses de mandato? Já foi possível colocar em prática
alguns projetos de campanha?
Suely Vilela Nesses três meses, já deu tempo
de fazer algumas coisas que foram prometidas para a comunidade da
USP durante o período de debates. Efetivamente, a verba de
representação para os coordenadores de programas de
pós-graduação e de graduação.
Isso foi aprovado pela Comissão de Orçamento e Patrimônio
(COP) em dezembro e esperamos já fazer o pagamento no salário
do mês de fevereiro, retroativo a janeiro. Outra proposta
colocada é a questão da Comissão de Cooperação
Internacional (Ccint), que é uma das nossas prioridades.
Nós propusemos uma Ccint integrada com as Pró-Reitorias
e com os campi do interior e já publicamos a portaria com
a nova composição. Além dos pró-reitores,
ela também será composta por um representante docente
de cada campus e por quatro professores de São Paulo, que
possuem forte envolvimento em atividades de intercâmbio. Outra
prioridade era apoiar grupos de pesquisa emergentes. A nossa política
é voltada tanto a dar a contrapartida para os grupos de pesquisa
consolidados que continua através do Projeto 1 da
Pró-Reitoria de Pesquisa, de recursos complementares para
apoio à pesquisa , como para os grupos emergentes,
que não eram contemplados. Por isso, estamos colocando à
disposição da Pró-Reitoria de Pesquisa R$ 5
milhões para operacionalizar um projeto que venha atender
aos grupos emergentes. Estamos procurando cumprir as propostas do
nosso projeto de gestão. Paralelamente, estamos designando
coordenadores e atualizando comissões para completar a composição
da estrutura administrativa da Universidade.
JUSP
Neste ano, mais da metade das unidades, museus e institutos
especializados da USP terá novos diretores. Qual sua expectativa
de relacionamento com esses dirigentes?
Suely A renovação é a riqueza
da Universidade. Mais de 50% dos novos diretores começarão
comigo uma gestão e espero ter neles parceiros para que possamos
elevar ainda mais a liderança acadêmica da nossa Universidade.
Esse é o nosso objetivo e, tenho certeza, daqueles que estão
iniciando a sua gestão. Até o momento, designamos
oito diretores. Todos foram os primeiros da lista tríplice,
com exceção de uma unidade, onde escolhi o segundo.
A minha política é a de que, se as unidades demonstrarem
claramente que têm preferência por um candidato, respeitarei
essa indicação, apesar de poder escolher um dos três
da lista, que é competência do reitor. Mas, por questão
de princípio, entendo que devo respeitar a vontade das congregações
e dos conselhos de departamento. No caso das unidades que não
demonstrem preferência, ou seja, onde os candidatos sejam
escolhidos em terceiro escrutínio ou mesmo no primeiro escrutínio,
mas com diferença mínima de votos, estou me permitindo
entrevistar os três que fazem parte da lista tríplice
e, com base na experiência acadêmica associada à
experiência administrativa, escolher o diretor daquela unidade.
JUSP
Ainda faltam alguns nomes para compor sua equipe de gestão.
A senhora tem previsão para concluir as mudanças?
Suely Eu já tenho uma visão do conjunto
de todo o sistema e também todos os nomes. Mas estou fazendo
isso vagarosamente, até porque existem outras implicações.
É preciso ver a questão das áreas que estão
sendo representadas e a questão geográfica. Eu pretendo
que em meados de março o processo esteja totalmente finalizado.
JUSP
A senhora visitou a Faculdade de Engenharia Química
de Lorena (Faenquil) na semana passada. Como está a negociação
para a incorporação da faculdade?
Suely A incorporação da Faenquil à
USP, a não ser que haja algum imprevisto, será levada
ao Conselho Universitário na primeira reunião deste
ano, no dia 21 de março. Estamos na fase de discussão
do projeto nas comissões do Conselho Universitário.
Recentemente, finalizamos a instrução do processo
com elementos acadêmicos, administrativos e técnicos
para que as comissões possam fazer a sua análise.
É muito claro que a absorção da Faenquil pela
USP só se dará em função de um aumento
no porcentual do ICMS, um porcentual permanente para a USP.
JUSP
Durante sua campanha, a senhora enfatizou a necessidade
de ter um núcleo de planejamento estratégico. Como
está evoluindo essa idéia?
Suely Já temos um grupo informal. Pretendemos,
em março, reunir esse grupo com os diretores de departamentos
da Coordenadoria de Administração Geral (Codage),
que vão nos apresentar um projeto para cada um dos setores,
que serão avaliados. Paralelamente, também estamos
constituindo um subgrupo, ligado ao grupo de planejamento estratégico,
que eu chamaria de inteligência, sobre a questão da
inclusão social. Esse grupo vai apresentar ao Conselho de
Graduação um projeto sobre como nós pensamos
que deveria ser o processo de inclusão. Vamos olhar as diferentes
experiências brasileiras nessa área e fazer uma proposta
específica para a Universidade, que nós esperamos
que tenha reflexos significativos tanto na inclusão socioeconômica
quanto na questão da inclusão étnica na USP.
Já iniciamos algumas discussões com um grupo menor,
mas não com o grupo que estamos estabelecendo agora.
JUSP
Outro assunto discutido foi o treinamento de funcionários,
para deixar os docentes mais livres para as atividades-fim da USP.
Como está sendo tratada essa questão?
Suely A política de treinamento da USP tem
de estar centralizada no Departamento de Recursos Humanos (DRH).
Atualmente, a Comissão de Qualidade também elabora
treinamento, mas queremos que seja centrada em um único órgão,
que é o DRH. Por isso, solicitamos ao departamento que apresente
uma proposta que vai abranger diferentes segmentos, mas principalmente
o treinamento , até o dia 2 de março. Temos
de conhecer quais são as necessidades da USP para cada função
e treinar nossos funcionários com essa finalidade. É
preciso saber qual o perfil do técnico acadêmico da
USP, qual o perfil que precisamos, qual o diagnóstico de
nossos funcionários, quais são os cursos e treinamentos
que temos e quais efetivamente oferecer aos nossos funcionários,
para que eles atinjam o nível, o padrão desejado.
JUSP
Em abril a senhora assume a presidência do Conselho
de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp).
Como vê sua gestão à frente desse conselho?
Suely Acho que esse é um novo desafio, principalmente
pela data em que essa atividade se inicia. A gestão começa
em abril, a data-base é em maio, e já temos que ter
essa discussão. O desafio é grande e eu vou encarar
isso com grande serenidade. É uma época difícil,
dado o comprometimento orçamentário das universidades,
principalmente da Unesp e da Unicamp. A USP também tem certo
comprometimento, mas com uma margem melhor. Eu espero encarar isso
com serenidade e superar os momentos difíceis que possam
ocorrer durante esse processo. Faz parte de minhas atividades de
reitora. Obviamente, se eu pudesse escolher, preferiria não
estar à frente do Cruesp logo no início da minha gestão.
Mas essa é a regra e estaremos assumindo isso com toda responsabilidade.
Espero poder gerenciar isso de forma que tenha bons resultados.
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