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A nova biblioteca da USP Leste e
sua diretora Rosa Plaza: espaço para receber até 100 mil
volumes

 

 

 



A
o inaugurar na quinta-feira, dia 16, as obras da segunda fase do projeto USP Leste, o governador Geraldo Alckmin disse que elas custaram R$ 35 milhões e anunciou que mais R$ 18 milhões estão destinados à terceira etapa, a ser concluída até setembro deste ano. A reitora da USP, professora Suely Vilela, destacou que a entrega dos 27.758 metros quadrados de área construída representa mais de quatro vezes a área inicial e com isso a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) não apenas está em condições de incorporar os 1.020 novos alunos como garantir o pleno desenvolvimento das atividades de graduação nos próximos anos.

As obras inauguradas são o Módulo Didático Principal, com 18.135 m2; o Módulo de Biblioteca e Anfiteatros, constituído de dois prédios, com 7.269 m2; e uma expansão do Módulo Didático Inicial, com 2.600 m2. A solenidade de inauguração, que contou também com a presença de pró-reitores, do novo diretor da USP Leste, professor Dante De Rose Júnior (que toma posse nesta quinta-feira, 23), deputados, vereadores, secretários de Estado – entre eles José Goldemberg, do Meio Ambiente, e João Carlos de Souza Meirelles, de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico – e líderes comunitários da região, foi tumultuada do princípio ao fim por gritos e apitos de um grupo de estudantes que aparentemente pedia mais recursos para a educação. “Tudo pau mandado”, segundo o padre Rosalvino Moran, coordenador da Obra Social Dom Bosco, de Itaquera, que, discursando antes do governador, tentou, sem êxito, acalmar o grupo pedindo que todos os presentes rezassem pela paz na comunidade.

Geraldo Alckmin disse que a atuação da comunidade foi decisiva para a instalação da USP e de escolas técnicas na zona leste, pois o governo “deve estar onde o povo está”. Lembrando que a professora Suely Vilela é a primeira mulher a administrar a USP, disse que o Brasil vive um novo tempo e, referindo-se aos manifestantes barulhentos, disse que prefere a crítica ao silêncio da ditadura. Suely também destacou a importância da convivência entre a academia e a comunidade e a natureza inovadora dos dez cursos da EACH – novas carreiras, ciclo básico e eliminação dos departamentos. Mais tarde, em entrevista, a reitora disse que anunciará em breve a composição de uma comissão de planejamento estratégico que planejará políticas para a Universidade, tendo um grupo encarregado de tratar da inclusão social e possivelmente também dos vestibulares. A USP não dá cotas, mas quer a inclusão pelo mérito e para isso pretende ajudar o aluno da escola pública a ter bom desempenho no ensino médio, o que será levado em conta na hora do vestibular. Essa comissão de inteligência da Universidade será presidida pelo professor Glaucius Oliva, do Instituto de Química de São Carlos.


A reitora Suely Vilela e o governador Geraldo Alckmin, na zona leste semana passada: inauguração de 27.758 metros quadrados de área construída e garantia de apoio do governo para a terceira etapa do Projeto USP Leste

 

Obras

Dos três prédios inaugurados no dia 16, o Módulo Didático Principal é o de maior área e abrigará salas de aula, laboratórios, salas individuais de professores e serviços de apoio. Segundo o diretor Dante De Rose Júnior, vai atender a todas as disciplinas específicas do segundo ano e receberá os laboratórios que começam a funcionar este ano. Os professores, que estavam instalados em salas provisórias, passam a ocupar salas individuais, sendo que a capacidade no momento é para 175 docentes. Agora eles são mais de 100, devendo chegar a 150 até o final do ano e a 220 na conclusão do projeto USP Leste.

A questão dos laboratórios é complexa, afirma De Rose. Alguns atendem a cursos específicos, outros a alunos de vários cursos, outros ainda, como os de química, precisam de cuidados especiais na montagem e manutenção, em razão de produzirem rejeitos perigosos que exigem tratamento, descarte especializado e caro, além de licença de órgãos ambientais.

Outros laboratórios podem se parecer com pequenas fábricas, constituídos de equipamentos grandes e pesados, cuja instalação pressupõe estrutura elétrica apropriada e boa logística. O professor referia-se especificamente aos laboratórios de tecnologia têxtil que, por terem máquinas pesadas e operarem causando trepidação do solo, precisam estar afastados dos ambientes de aula e de outras pesquisas. O laboratório têxtil não está montado ainda e precisará de equipamentos importados.

De Rose informa que estão garantidos recursos extra-orçamentários do Estado para o funcionamento tranqüilo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades este ano. Além disso, há planos para captação de mais recursos por meio de agências de financiamento, como a Fapesp e o CNPq, e ainda possíveis parcerias com indústrias para projetos conjuntos. Num dos conjuntos inaugurados no dia 16, o de dois prédios, há um espaço amplo para a realização de exposições.


O novo diretor Dante De Rose: demanda pelos cursos é crescente

Alunos

O novo diretor da EACH diz que a demanda pelos cursos da USP Leste é crescente. De um ano para outro, dobrou o número de candidatos inscritos. A relação candidato-vaga era de 5,78 e passou a 12,50, em média. Os cursos mais procurados são os de Sistemas de Informação (20 candidatos por vaga) e Marketing (15 por vaga), seguidos pelo curso de Obstetrícia (14 por vaga).

Num levantamento feito por ocasião das matrículas, a escola observou que 24% dos aprovados em 2006 são da zona leste, mas esse número sobe para 30% se forem considerados os aprovados residentes em cidades muito próximas de Ermelino Matarazzo, como Carapicuíba, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos e Itaquaquecetuba. Os novos alunos procedem de 78 cidades, na maioria do Estado de São Paulo, especialmente do ABC e Vale do Paraíba, mas há do Paraná e de Minas Gerais.

O diretor Dante de Rose Júnior nasceu em São Caetano e é formado pela Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, na turma de 1974, “ainda na época em que a unidade estava no Ibirapuera”, transferindo-se para o campus do Butantã em 1975. Dá aulas de Educação Física desde 1977 e em 2004 começou a participar do projeto USP Leste. Agora, além de diretor, coordena o curso de Ciências da Atividade Física. É casado e tem dois filhos, ambos formados, um em marketing, outro em fisioterapia. Nesta quinta-feira, dia 23, às 17 horas, toma posse formalmente do cargo de diretor da EACH.

Biblioteca

Rosa Tereza Tierno Plaza, diretora da biblioteca da USP Leste, anda atarefada nos últimos dias. Comanda uma equipe de três bibliotecários, cinco técnicos em documentação e informática e dois auxiliares – que logo será acrescida de mais dois bibliotecários, dois técnicos e um auxiliar –, ocupados com a transferência do acervo de 4.800 livros, revistas e outros itens costumeiros, da biblioteca provisória, de 200 m2, para o novo espaço, onde também há salas para estudo em grupo, três anfiteatros com um total de 760 lugares e instalações para a administração da Escola de Artes, Ciências e Humanidades. No novo prédio também estarão as obras de uma biblioteca doada à EACH pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e os volumes de empréstimo e permuta com outras instituições. Se antes o espaço era apertado, agora é amplíssimo, arejado e brilhante, com capacidade para receber com folga até 100 mil volumes, seguindo, para quem entende de biblioteconomia, a classificação decimal de Dewey.

Uma biblioteca se monta devagar, porque custa caro, e com critério, para atender às especificidades dos cursos. O mais difícil, segundo a diretora, é montar a primeira bibliografia; depois, tudo segue sua rotina. Por se tratar de escola pública, as compras, com recursos do projeto USP Leste e que incluem estantes e mesas, se realizam mediante pregões, organizados pelo Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP, tendo sido realizados dois nos últimos anos e um terceiro está em curso.

Não falta experiência a Rosa Tereza. Formada em Biblioteconomia pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, dirigiu por 17 anos a biblioteca do Instituto de Geociências. No momento, uma de suas preocupações é organizar uma central de atendimento ao surdo e treinar equipe para esse serviço, que dará ao aluno com deficiência auditiva respostas pelo computador. A diretora está conversando com o pessoal da Faculdade de Educação, que já faz esse tipo de atendimento. A biblioteca da USP Leste atende diariamente entre 200 e 300 consultas.


Projetos para a comunidade

O Padre Ticão (Antonio Luiz Marchioni), vigário da Paróquia de São Francisco, em Ermelino Matarazzo, considera a USP Leste uma referência educacional para a região e torce para que outras universidades lá se instalem, dizendo que o ideal seria uma faculdade para cada grupo de 300 mil habitantes. No entanto, afirma que a comunidade do entorno se queixa da rigorosa segurança no portão da USP Leste. O diretor Dante De Rose Júnior confirma que há mesmo rigor nesse ponto, argumentando que, a não ser para consultas na biblioteca, as pessoas de fora nada têm que fazer no campus, pelo menos por enquanto. O que ele quer mesmo é organizar atividades culturais monitoradas para os membros da comunidade externa, e aí, sim, o ingresso deve ser facilitado. Segundo o diretor, a unidade da USP não tem estrutura para receber muitas pessoas de fora e não pode desprezar a segurança. De Rose mantém entendimento com o pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária, Sedi Hirano, para organizar exposições e outras atividades para o público. Para as crianças a idéia é montar uma gibiteca. Com as cinco Diretorias Regionais da Educação do Estado, o diretor vem agendando reuniões para que organizem visitas monitoradas de alunos. A isso se acrescenta um curso de educação comunitária para professores da rede pública de ensino. No limite do terreno da USP Leste há uma escola municipal, conhecida como escola Irmã Anete, com a qual a Universidade trabalha num projeto piloto, à semelhança do que, na Cidade Universitária, faz a Faculdade de Educação com a Escola de Aplicação. “Queremos quebrar o muro”, diz De Rose.

Maior inclusão social na região

A respeito da inauguração das novas instalações da USP Leste, ocorrida no dia 16, a reitora da USP, Suely Vilela, deu a seguinte entrevista ao Jornal da USP.

Jornal da USP – Qual é o sentido da cerimônia de inauguração de obras na USP Leste com a presença do governador do Estado?
Suely Vilela – A cerimônia marca a entrega das novas dependências da USP Leste e mostra a finalização dos trabalhos dos laboratórios didáticos, das salas dos docentes e de alguns laboratórios de pesquisa, que vêam completar a infra-estrutura da EACH. Essa finalização é extremamente importante para que os docentes possam exercer todas as suas atividades plenas: de ensino, que já vinham desenvolvendo, e de pesquisa e de extensão, que também já vinham sendo viabilizadas. Isso marca o coroamento da finalização da infra-estrutura da USP Leste, permitindo que os docentes possam exercer essa integração entre ensino, pesquisa e extensão. Essa expansão faz parte do programa de expansão do ensino superior público do Estado de São Paulo. Os recursos foram cedidos pelo governo do Estado. Portanto, a presença do governador é extremamente importante, porque foi um trabalho em parceria da Universidade com o governo do Estado.

JUSP – O que muda na EACH em relação ao ano passado?
Suely – Temos agora 2.040 alunos e estamos em uma nova etapa. Para os alunos do segundo ano, acabou o ciclo básico – em que não há separação entre os dez cursos e todos receberam os mesmos ensinamentos – e começa a etapa em que os estudantes vão diretamente para seus cursos. Na primeira etapa, em 2005, foram contratados 65 docentes e 9 foram transferidos da própria USP. Em 2006, foram contratados mais 34 docentes, havendo ainda cinco processos seletivos em andamento e dez processos seletivos abertos, para 12 vagas.


JUSP – Até agora, qual tem sido a influência da USP na zona leste no aspecto social?
Suely – A USP Leste mudou o cenário de inclusão da Universidade. Isso fica claro quando se observa a natureza da escola de origem do aluno, se é particular ou pública. A USP Leste tem praticamente o mesmo número de alunos oriundos da escola particular e da pública. No ano passado, 47% dos ingressantes vinham da rede pública de ensino e 51%, da particular, enquanto na USP em geral esse número fica em torno de 70% de alunos vindos da escola particular e 21%, da pública. Então, isso mostra que mudou esse cenário. Nós temos que cuidar para que isso permaneça, porque o objetivo da criação da USP Leste foi o de atender a população da zona leste e, se nós não investirmos em programas e projetos específicos, corremos o risco de não atingir esse objetivo. Este ano, tivemos uma demanda enorme: o número de inscritos no vestibular dobrou, passando de 6.500 candidatos para 12.679. Nos cursos noturnos, a inclusão de alunos vindos da escola pública foi muito maior. Sistemas de Informação, por exemplo, passou para 56%, Políticas Públicas, para 37%, Licenciatura, para 70%, Gestão Ambiental, para 35%. A média está em torno de 35%, mas, se considerarmos o período noturno, ele é um bom modelo de inclusão. Então os cursos noturnos representam uma política adequada para promover a inclusão, inclusive na USP Leste.


JUSP – O que a USP espera agora do governo do Estado?
Suely – Nós temos sempre que solicitar ao governo do Estado, em especial ao governador Geraldo Alckmin, que continue apoiando a USP Leste. A USP Leste teve um apoio maciço na questão do investimento, mas é preciso que o governo olhe com muito carinho a questão do custeio e a questão do pessoal. Isso realmente vem onerar a nossa folha e nós temos também uma demanda grande de expansão na USP como um todo. É preciso, sim, que o governo continue dando uma dotação específica para a USP Leste, e não só agora, na questão do custeio e do pessoal. É preciso incorporar definitivamente um determinado porcentual do ICMS para a USP Leste.

Colaborou Marcia Furtado Avanza

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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