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Selma: forma inovadora de ensino



C
om o objetivo de valorizar a graduação, o ensino e a aprendizagem, a Pró-Reitoria de Graduação da USP lançou, na semana passada, o programa institucional Ensinando com Pesquisa. Realizado em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa, o programa prevê a concessão de mil bolsas de iniciação científica para alunos de cursos de graduação, com fundo proveniente da própria USP.

O programa tem como objetivo integrar atividades de ensino e pesquisa, entendendo que a pesquisa é a condição de um ensino que desenvolve a capacidade de pensar, afirma a pró-reitora de Graduação, Selma Garrido Pimenta. Também busca valorizar a orientação de iniciação científica no trabalho dos docentes iniciantes e apóia ações e projetos das unidades voltados para a diminuição da evasão escolar e para projetos de estudos de ensino e das demais práticas profissionais.

A Reitoria aprovou o programa, liberando verba da Universidade para as mil bolsas, que serão distribuídas conforme critérios que combinam as duas grandes diretrizes políticas da atual gestão: a valorização da graduação e a inclusão social. Selma ressalta que os critérios para a distribuição dessas bolsas ainda serão definidos na próxima reunião do Conselho de Graduação, que acontecerá no dia 20 de abril. “A comunidade uspiana também aprovou a medida ao ter uma repercussão favorável das unidades. Isso mostra que o programa está respondendo a uma necessidade.”



Atualmente, as bolsas de iniciação científica oferecidas pela USP são provenientes de agências de fomento como o CNPq e a Fapesp. A Pró-Reitoria de Pesquisa distribui para as unidades 1.200 bolsas do CNPq. As bolsas advindas da Fapesp são diretamente distribuídas pelos professores, a partir das necessidades dos seus projetos de pesquisa. Há ainda bolsas de iniciação científica que são criadas por algumas unidades que instituíram no seu âmbito programas de bolsa institucional. Nesse caso a unidade é que reserva, do seu próprio orçamento geral, uma parte para bolsas de iniciação científica. Há casos também de ajuda externa, através de empresas. “Dentro desse contexto, a reitora entendeu ser de grande importância a criação do programa Ensinando com Pesquisa, para que mais jovens tenham oportunidade de receber bolsa de estudos de iniciação científica e aumentem a demanda da pesquisa na Universidade.”

Segundo Selma, entre as diretrizes da gestão da Pró-Reitoria de Graduação – em conformidade com as da Reitoria – está a valorização da graduação, compreendida como essencial para viabilizar o processo formativo de profissionais e pesquisadores que sejam capazes de se engajar na produção e difusão do conhecimento. “Essa é uma grande premissa e a tradução se prevê em uma série de iniciativas voltadas para a democratização do acesso à pesquisa na graduação, com ações complementares às agências de fomento”, afirma Selma.

Para fazer frente a essa concepção de graduação, a Pró-Reitoria quer que a pesquisa esteja em condição mais adequada de ensino e aprendizado. Ao mesmo tempo, vê o programa como uma possibilidade de permitir que o aluno tenha uma vivência na sua formação que ultrapassa a sala de aula, o campo disciplinar. “A pesquisa vai provocar que o aluno mexa com informações que se interpenetram, portanto, com interdisciplinaridade, além de ampliar a sua compreensão da própria área do conhecimento na qual está inserido”, diz a pró-reitora. “Queremos colocar o aluno em condições de questionar o conhecimento produzido e, para isso, ele precisa de informações e de desenvolver suas habilidades de pesquisa. O ensino deve se nutrir com a pesquisa e a extensão e vice-versa.” Outro fator importante do programa, segundo Selma, é promover a valorização dos professores com pouco tempo de USP. Isso porque as bolsas de iniciação científica praticadas hoje, tanto pelo CNPq quanto pela Fapesp, privilegiam o docente sênior.

Produção humana

Selma destaca a importância da pesquisa na formação do aluno – uma moderna tendência no ensino, diferente da tradicional visão de educação, que vê o aluno como um depósito de informações. “Hoje já temos tradição de pesquisa na área de ensino, mostrando que o conhecimento existente nunca é uma verdade pronta e acabada. Tem que existir sempre um questionamento do porquê e uma produção humana que dê origem a dados que mostrem outra faceta da realidade.” A pró-reitora lembra que o conhecimento é resultado de um processo permanente de avaliação crítica que se faz sobre o conhecimento produzido. “O conhecimento é uma produção humana, o que significa que ele é necessariamente resultado de pesquisas.”

Também é de tradição afirmar que só faz pesquisa quem é pesquisador. “Nesse caso, em que momento da vida aprendemos a fazer pesquisa? Em que momento se forma um pesquisador apropriado para pesquisar? Depois que ele termina a pós-graduação?”, questiona a pró-reitora. Para Selma, um bom pesquisador se forma na medida em que se tem a concepção de que o conhecimento é um produto humano e, portanto, todos os seres humanos produzem conhecimento, evidentemente em graus variados, conforme a faixa etária. “Se a graduação é, ao mesmo tempo, o local e a transmissão de conhecimento, os alunos têm que ter informações para saber como se problematiza. Não se trata de reinventar a roda, mas esta roda vai sendo revista, aprimorada e questionada.”

A pró-reitora diz ainda que a base do conhecimento é necessária, mas, ao mesmo tempo, nesse processo, pode-se fazer a transmissão do conhecimento com a pesquisa, seja promovendo as pesquisas produzidas ou desenvolvendo nos alunos as habilidades iniciais para que eles sejam pesquisadores. “Encaminha-se o aluno para a área precípua de um pesquisador stricto sensu ou para ser um profissional. Um profissional que não tenha uma boa postura de pesquisa no seu campo de atuação corre o risco de ser sempre repetitivo, pois as técnicas e a tecnologia mudam e ele não consegue utilizar uma que seja mais adequada para o seu fazer, em qualquer área do conhecimento.”


 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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