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Ginga, exibido antes de sua estréia nos cinemas, e o inglês Driblando o Destino

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bate-bola na tela
“Futebol no Cinema”, que o Cinusp exibe a partir de segunda, mostra filmes que retratam a paixão nacional. A seleção traz obras estrangeiras e nacionais

LUIZA SODRÉ


A primeira versão de Boleiros, de Ugo Giorgetti, que abre a mostra do Cinusp

O objetivo da mostra é traçar a relação entre o futebol e o cinema, ou ainda, a questão da representação desse esporte nas telas, que desperta observações relevantes. O futebol, uma paixão nacional, é sem dúvida um tema com potencial suficiente para inspirar filmes importantes. Há quatro anos, pouco antes da Copa do Mundo que deu o pentacampeonato ao Brasil, o Cinusp organizou sua primeira mostra de filmes sobre futebol. Ali, conseguiu-se reunir uma seleção de filmes, todos nacionais, que foi a primeira tentativa da instituição de abordar a produção fílmica sobre o futebol. Quatro anos depois, percebe-se que o panorama modificou-se de forma considerável, o que pode ser notado na seleção dos filmes, que reflete a internacionalização sobre o assunto, além de alguns longas e curtas brasileiros.

Por muito tempo foi difícil encontrar filmes que tivessem como tema central alguma relação com o esporte. Outras modalidades, bem menos populares, já inspiraram diversas obras. Aqui, destaca-se o boxe, a modalidade mais explorada no cinema até então: Cidade das Ilusões (EUA), de John Huston, e Menina de Ouro (EUA), de Clint Eastwood, que ganhou Oscar de melhor filme em 2005. Diversos outros esportes já receberam mais atenção do mundo cinematográfico, como beisebol, hipismo, tênis. No Brasil, por mais que o esporte tenha uma grande importância histórica, a situação do futebol no cinema não tem sido muito diferente. Foram poucos os filmes marcantes que tentaram homenagear a grande paixão nacional. “Os exemplos brasileiros mais evidentes de filmes sobre futebol bem-sucedidos não passam pela bilheteria, mas pela repercussão que obtiveram: o documentário Garrincha, Alegria do Povo, de Joaquim Pedro de Andrade, Mazzaroppi com seu O Corinthiano, e Boleiros – Era Uma Vez o Futebol..., de Ugo Giorgetti. Certamente uma produção cinematográfica irrelevante frente à dimensão do futebol no imaginário do brasileiro”, afirma Marcos Kurtinaitis, um dos idealizadores da mostra.

Dos três clássicos que abordam o tema, somente Boleiros – Era Uma Vez o Futebol... (Brasil, 1997), de Giorgetti, será exibido nesta semana, abrindo a mostra. Trata de um grupo de ex-jogadores profissionais de futebol que se reúne todas as tardes para relembrar antigas glórias dos velhos tempos e contar causos folclóricos e histórias curiosas do futebol nacional de antigamente (neste ano o filme ganhou uma continuação, Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos, que está em cartaz nos cinemas). Os outros dois já foram apresentados na primeira mostra – os organizadores não encontram O Corinthiano em película com condições de exibição, por exemplo, (o mesmo aconteceu com o documentário Pelé Eterno, que precisaria ser exibido em DVD) – “e o Cinusp produz apenas mostras em películas por causa da qualidade, que é superior à digital”, diz Kurtinaitis.

A mostra – O curador da mostra partiu de produções mais recentes, tentando incluir tanto filmes nacionais quanto estrangeiros na programação. “Há pouco tempo atrás, era muito difícil encontrar qualquer produção estrangeira sobre o tema; todas eram ruins”, complementa. A idéia foi centrar a mostra em filmes de ficção sobre o futebol, por serem mais raros do que os documentários sobre o assunto. Entretanto, segundo ele, a indústria do cinema tem se esforçado para reverter esse quadro. E valendo-se do acontecimento tão esperado que é a Copa do Mundo deste ano, produtores voltaram a encarar o cinema como mote principal de seus filmes. Alguns nesta linha estão prestes a ser lançados, como Linha de Passe, de Walter Salles, The Goal, produzido por Spike Lee, além de um documentário sobre Maradona, de Emir Kusturica.

Agora, três longas-metragens estrangeiros dividem a grade de programação no Cinusp: Driblando o Destino (Inglaterra, 2002), de Gurinder Chadha, que conta a história de uma jovem indiana cujo sonho é seguir o caminho do ídolo, o jogador David Beckham, e tornar-se uma jogadora profissional; entretanto enfrenta problemas com sua família, que deseja que ela siga os costumes tradicionais, como a irmã mais velha. Gol! (EUA, 2005), de Danny Cannon, conta o sonho de Santiago, um menino que quer tornar-se um jogador de futebol profissional, para desgosto de seu pai, que não acredita em um futuro feliz para o filho no futebol. Trata-se de uma superprodução de US$ 100 milhões, que inclui a primeira parte de uma trilogia que seguirá toda a carreira de Santiago (as partes dois e três devem chegar aos cinemas este ano e em 2007, respectivamente). Por fim, o terceiro longa estrangeiro, O Milagre de Berna (Alemanha, 2003), de Sonke Wortmann, conta a história de um garoto de 11 anos que adora futebol e, na Alemanha de 1954, tenta acompanhar cada momento dos últimos jogos que decidirão a final da Copa do Mundo da Suíça, mas a relação com seu pai não está fácil, pois ele acaba de retornar da Rússia, onde ficou 11 anos como prisioneiro de guerra e traz consigo sérios problemas emocionais, dificultando a convivência com todos da família.

Dos brasileiros, apenas um documentário será exibido em sessão especial, dia 28, às 19 horas, que é Ginga – A Alma do Futebol Brasileiro (2006), dirigido por Hank Levine, Marcelo Machado e Tocha Alves e produzido por Fernando Meirelles, que será lançado em breve e aborda a questão do domínio do futebol brasileiro, que é a ginga dos jogadores, capazes de driblar, passar a bola e marcar o gol, como se o adversário não existisse. Também serão exibidos os longas-metragens Garrincha – A Estrela Solitária (2005), de Milton Alencar, baseado na biografia escrita por Ruy Castro, que conta a vida de Mané Garrincha; e O Casamento de Romeu e Julieta (2005), de Bruno Barreto, uma comédia sobre torcedores palmeirenses e corintianos. Além dos cinco curtas Cartão Vermelho (2004), de Laís Bodanzky, que trata do mundo de Fernanda, uma adolescente que joga futebol como os meninos; Gaviões (1982), de André Klotzel, que retrata o fanatismo da torcida uniformizada do Corinthians; Rojas (1994), de Alexandre Zaidan, sobre o polêmico goleiro chileno; Artigo 25 (1995), do diretor Marcos Katudjian, com imagens de brigas do jogador Edmundo; e Uma História de Futebol (1998), de Paulo Machline, baseado em depoimento de um companheiro de infância de Dico (mais tarde Pelé).

A mostra “Futebol no Cinema” será exibida a partir de segunda até dia 12 de maio, em sessões às 16h e 19h. No Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, Colméia, favo 4, tel. 3091-3540). Mais informações sobre filmes e horários no site www.usp.br/cinusp

 

60 anos da Cinemateca
Cena de O Mercador de Veneza, de Orson Welles

As mostras cinematográficas, que integram o 62º Congresso da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (Fiaf) e as comemorações dos 60 anos da Cinemateca Brasileira – continuam nesta semana. Na própria Sala Cinemateca será realizada de quinta a domingo a mostra “Lost and Found”, reunindo algumas obras que foram consideradas perdidas, mas que puderam ser trazidas novamente ao público por meio de atividades de restauro, como O Mercador de Veneza (EUA/Canadá, 1969), de Orson Welles (terça, às 20h10, exibido na versão original em inglês; oportunidade de assistir a um fragmento do filme desaparecido); e Corações em Luta (1921), de Fritz Lang, mostrando quatro homens que disputam o coração de uma mulher (domingo, às 19h10). No Cinesesc, a “Mostra Joaquim Pedro de Andrade”, que acontece de segunda a quinta, traz, entre os filmes recuperados do diretor, Macunaíma (Brasil, 1972), adaptação da obra de Mário de Andrade que inovou a estética do Cinema Novo (segunda, às 19h, em 35 mm, com legendas em inglês); e Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova (Brasil, 1967), em comemoração do sexto ano de fundação da cidade (com exibição em 2K – projeção de alta definição – inédita no Brasil; quinta, às 16h).

A mostra do Sesc Pompéia, que estréia nesta quinta, tem como mote o aniversário da Cinemateca. Intitulada “Cinemateca Brasileira: 60 Anos em Movimento”, apresenta entre os destaques O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (Brasil, 1969), de Glauber Rocha, sobre um bando de cangaceiros que invade o Jardim das Piranhas ameaçando instalar o caos (sábado, às 20h); e São Paulo S/A (Brasil, 1965), de Luiz Sérgio Person, filme que explora o sentimento de um cidadão em São Paulo diante de sua rotina (domingo, às 14h). Esta mostra estende-se ao HSBC Belas Artes, até quinta (aqui, sempre na sessão das 15h), com filmes como Edu Coração de Ouro (Brasil, 1967), de Domingos de Oliveira, que trata da história de um típico jovem da zona sul do Rio de Janeiro, que vive tranqüilamente até se deparar com uma tragédia: o suicídio do melhor amigo (terça). A Cinemateca fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, tel. 5081-2954; Sesc Pompéia, r. Clélia, 93, tel. 3871-7700; Cinesesc, r. Augusta, 2.075, tel. 3064-1668; e HSBC Belas Artes, r. da Consolação, 2324, tel. 3258-4092.

 

O Cinema vê o futuro
O clássico Metrópolis, de Fritz Lang

A mostra do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) exibe filmes de ficção científica, de diferentes épocas, como tentativas que o cinema fez de antecipar o visual do futuro, ao longo de sua história. A curadoria da mostra é do crítico de cinema Marcelo Lyra, que participa de debate no sábado, às 20h, ao lado de Luiz Carlos Merten (crítico de O Estado de S. Paulo), discutindo as diferentes formas de concepção visual dos filmes a partir de conceitos como mecanização, automatização e robotização. Entre os filmes da mostra, Blade Runner, O Caçador de Andróides (EUA, 1982), de Ridley Scott, com um visual inspirado em Tóquio, com ação e estilo noir, desenha um futuro escuro e multicultural, cheio de poluição visual, prédios enormes e grandes diferenças sociais (sexta, às 17h30); Farenheit 451 (Inglaterra, 1966), de François Truffaut, retrata o futuro, onde um governo opressor proíbe a literatura, como forma de tentar manter o controle da opinião pública (domingo, às 19h30); e o clássico Metrópolis (Alemanha, 1927), de Fritz Lang (quinta, às 15h, e domingo, às 16h30), mesmo sendo um filme datado – foi filmado em 1926 – e octagenário, apresenta algumas soluções em termos de concepção visual que ainda impressionam. Programação completa em www.bb.com.br/cultura. O CCBB fica na r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3652. Os ingressos custam R$ 4,00, com meia-entrada.

 

Mostra Marquês de Sade

O Centro Cultural São Paulo e a Galeria Olido apresentam a mostra “Marquês de Sade”, com curadoria de Reinaldo Cardenuto Filho e Eliane Robert Moraes. O autor francês Marquês de Sade, por causa de uma vida notavelmente escandalosa, passou mais de 27 anos na prisão. Esta mostra traz filmes que retrataram sua vida, adaptações de obras e produções inspiradas nos temas explorados pelo escritor. Acontece até 7 de maio no CCSP, e a partir de terça até domingo, na Galeria Olido. Estão na mostra Eugenie de Sade (Itália, 1970), de Jesus Franco, uma segunda adaptação do diretor para a mesma peça sobre uma jovem inocente que aos poucos se fascina com o mundo da libertinagem e da perversão; Satyricon (Itália, 1970), de Federico Fellini, que conta a história de dois jovens, na Roma Antiga, que passam por uma série de experiências sexuais; e Contos Proibidos do Marquês de Sade (EUA, 2000), de Philip Kaufman, que aborda a história do marquês, que, isolado do mundo em um sanatório, elabora seus contos com auxílio de uma camareira. No sábado, às 19 horas, acontece o debate, gratuito, “Marquês de Sade e o Cinema”, com Eliane Robert de Moraes, crítica literária, e Contador Borges, ensaísta e tradutor de diversas obras de autores franceses. O Centro Cultural São Paulo fica na r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611, e a Galeria Olido, na av. São João, 473, Centro, tel. 3334-0001. Mais detalhes da programação no site www.centrocultural.sp.gov.br.

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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