Na
segunda reunião de negociação salarial na data-base
dos servidores das universidades, realizada na quarta-feira da semana
passada (dia 17) na Reitoria da USP, o Conselho de Reitores das
Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) ofereceu uma proposta
de reajuste salarial de 2,55% divididos em duas parcelas. A primeira,
de 0,75%, seria paga já em maio, mês da data-base.
A complementação, de 1,79%, viria em outubro. Caso
a arrecadação anual do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 2006 atinja o montante
de R$ 40,9 bilhões, o reajuste de 1,79% será retroativo
a maio.
Suely Vilela, reitora da USP e presidente do Cruesp, diz que o porcentual
oferecido “fecha o compromisso da recuperação
salarial dentro dos princípios com que o Cruesp trabalha,
ou seja, o índice da inflação dos últimos
doze meses medido pela Fipe”. A reitora ressalva que os técnicos
do Fórum, do Cruesp e da Secretaria da Fazenda do Estado
trabalham com cenários diferentes de arrecadação
para 2006. O Cruesp tem uma estimativa de R$ 39,9 bilhões
e a Fazenda, de R$ 40,2 bilhões. Para o Fórum das
Seis, o valor deve ficar entre R$ 40,6 e R$ 40,9 bilhões.
Vale lembrar que, de acordo com a proposta dos reitores, se a arrecadação
atingir os R$ 40,9 bilhões, a segunda parcela do reajuste,
a ser concedida em outubro, será retroativa a maio (leia
ao lado a íntegra do comunicado divulgado pelo Cruesp ao
final da reunião).
De acordo com Francisco Miraglia, vice-presidente da Associação
dos Docentes da USP (Adusp) e coordenador do Fórum das Seis
– que congrega os sindicatos de professores e funcionários
da USP, Unesp e Unicamp –, a justificativa apresentada pelos
reitores para esse índice é o fechamento das contas
da Unicamp neste ano. O coordenador afirma que a grande questão
é a “insuficiência absoluta do 0,75%”.
“Isso é muito, muito pouco numa data-base”, considera.
As categorias vão analisar a proposta em suas assembléias
nos próximos dias. O indicativo da coordenação
do Fórum é de rejeição. Francisco Miraglia
acredita que é possível que haja “uma certa
indignação” entre professores e funcionários.
“Veremos se essa indignação se transformará
num movimento de algum porte”, completa.
A
próxima reunião entre Cruesp e Fórum das Seis
será nesta quinta-feira (dia 25), às 14h, também
na Reitoria da USP. Na quarta-feira deve ocorrer um encontro da
reitora Suely Vilela com os representantes do Sindicato dos Trabalhadores
da USP (Sintusp) para discussão de temas da pauta específica
dos servidores da Universidade. Entre os itens que o sindicato quer
debater estão a terceirização e o reajuste
do vale-alimentação.
Miraglia: “insuficiente” Suely: Cruesp oferece 2,55%
Orçamento – Outro tema tratado na
reunião da semana passada entre os reitores e os representantes
dos sindicatos foi o aumento das verbas destinadas pelo governo
estadual para a manutenção das universidades. O Fórum
defende o aumento do repasse dos atuais 9,57% para 11,6% do ICMS.
Em ofício encaminhado em abril à Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Desenvolvimento do Estado, o Cruesp também pede
um novo índice. “Considerando o quadro de docentes
e os funcionários técnico-administrativos já
contratados até 2006, além das incorporações
e da implantação do Campus de Limeira (da Unicamp),
os recursos orçamentários necessários para
cobrir as despesas equivalem a 10,0339% da cota-parte do ICMS”,
diz o documento. Neste ano, a USP deve incorporar a Faculdade de
Engenharia Química de Lorena (Faenquil), enquanto as faculdades
de Medicina de Marília (Famema) e de São José
do Rio Preto (Famerp) passarão nà Uesp.
Por
meio de deputados estaduais, o Fórum das Seis deve encaminhar
emendas solicitando o novo porcentual na elaboração
da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2007.
O prazo para encaminhamento das emendas à Assembléia
Legislativa se esgota nesta sexta-feira. A Comissão de Finanças
e Orçamento da Assembléia vem realizando audiências
públicas em várias cidades do interior para debate
e recebimento de propostas da comunidade. No dia 2 de junho, haverá
audiências em São Carlos e Bauru, onde há campi
da USP. A última reunião será em São
Paulo, no dia 14 de junho.
Aposentadorias
– O Cruesp solicitou audiência com o governador Cláudio
Lembo e com a secretária de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento
do Estado, Maria Helena Guimarães de Castro, para tratar
do financiamento das instituições. Os reitores devem
voltar a apresentar a antiga reivindicação de que
os 9,57% destinados às universidades sejam considerados sobre
o total da arrecadação do ICMS, sem o desconto da
parte da habitação, como ocorre atualmente. Ainda
não há confirmação de data para o encontro.
Os reitores também estão preocupados com a questão
da aposentadoria dos servidores, que é paga com recursos
do orçamento das universidades, ao contrário do que
ocorre com o funcionalismo em geral, cujos proventos são
oriundos do Tesouro do Estado. Em outubro do ano passado, o Cruesp
enviou ofício à secretaria demonstrando o impacto
orçamentário e financeiro das aposentadorias. A situação
mais séria é a da Unicamp, que em 1989 – ano
da implantação da autonomia universitária –
tinha 2,43% de aposentados em sua folha, e em 2004 atingiu 19,91%.
“A expansão do quadro de inativos mostra de forma clara
as limitações do modelo de financiamento em vigor”,
diz o documento. O Cruesp reitera, no ofício, “a urgência
de um projeto de financiamento das aposentadorias alternativo ao
modelo vigente”, justificando que “o atual sistema não
assume o custeio das aposentadorias conforme declarado em lei específica”.
O assunto também deve ser debatido em encontro com a secretária
Maria Helena e o governador. De acordo com a assessoria de imprensa
da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, estão
ocorrendo “entendimentos com o Cruesp e demais áreas
do governo, com grande sensibilidade para a peculiaridade das universidades”.
O tema está em pauta, continua a nota enviada ao Jornal da
USP, embora até o momento “não haja uma solução
definitiva, terminada”. |
O comunicado dos reitores
Leia a seguir a íntegra do comunicado divulgado pelo Cruesp
após a reunião do dia 17:
“Comunicado
Cruesp nš 01/2006
Proposta de reajuste salarial – maio/2006
Com o propósito de manter o poder aquisitivo dos salários
e o indispensável equilíbrio financeiro das Universidades,
o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas Cruesp
propõe:
1 - Conceder reajuste de 0,75% que incidirá sobre os salários
de maio.
2 - Conceder reajuste de 1,79% que incidirá sobre os salários
de outubro/2006, perfazendo o total de 2,55%, que corresponde ao
índice de inflação medido pelo IPC-FIPE no
período maio/2005 a abril/2006. A concessão do referido
índice complementar estará condicionada à realização
da estimativa de arrecadação do ICMS prevista na Lei
Orçamentária (LOA/2006), no montante de R$ 40,219
bilhões. Caso a arrecadação acumulada até
setembro/2006 atinja o previsto pelo Estado para o período
(nove meses), o Cruesp considerará confirmada, na prática,
a previsão anual.
3
- Caso a arrecadação anual do ICMS de 2006 atinja
o montante de R$ 40,9 bilhões, o reajuste de 1,79% concedido
em outubro retroagirá a maio de 2006.
São Paulo, 17 de maio de 2006.
Cruesp”
|