O
Conselho Universitário da USP aprovou no dia 23 a criação
do Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp). O programa
é composto de uma série de medidas destinadas a ampliar
o acesso e a permanência na Universidade de alunos vindos
de escolas públicas. Entre as mudanças está
o acréscimo de 3% na pontuação obtida no vestibular
da Fuvest para alunos do ensino público, já no exame
deste ano. “O programa aprovado hoje combina a inclusão
social com o mérito acadêmico e a autonomia universitária”,
comemorou a reitora Suely Vilela, em entrevista coletiva após
a reunião (leia o texto ao lado). “A USP já
discute políticas de inclusão há alguns anos
e a novidade do Inclusp é oferecer, pela primeira vez, um
projeto sistematizado nessa direção.”
Suely
explicou que a pontuação no vestibular da Fuvest terá
um aumento de 3% para alunos que cursaram todo o ensino médio
em escolas públicas. “A idéia é aumentar
o porcentual de alunos egressos do ensino público de 24%
para 30% no primeiro ano de aplicação da medida”,
disse. A primeira fase do exame será reduzida de 100 para
90 questões, com o mesmo tempo de realização
da prova (cinco horas).
A
pró-reitora de Graduação, Selma Garrido Pimenta,
anunciou que a USP deverá implantar um sistema de avaliação
seriada do ensino médio público a partir de 2007,
que prevê a aplicação das notas do ensino médio
no vestibular. “A avaliação será feita
pela Fuvest, com a adesão voluntária de escolas públicas
federais, estaduais e municipais”, relatou. “Será
formado um grupo de trabalho para definir de qual forma os resultados
da avaliação serão utilizados no vestibular.”
Bolsas – De acordo com a reitora, o Inclusp oferecerá
cursos de formação continuada para professores do
ensino público e dará apoio para cursinhos pré-vestibulares
comunitários. “Entre as ações para evitar
a evasão dos alunos vindos da escola pública estão
o estímulo à adoção de professores-tutores
e a ampliação dos recursos para bolsas de moradia
e alimentação”, declarou.
“Também
serão beneficiadas as atividades de pesquisa na graduação,
com a criação do programa Ensinando com Pesquisa,
e a concessão de bolsas de iniciação científica
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).” Suely ressaltou que todas as ações
do Inclusp serão acompanhadas de pesquisas de avaliação
de desempenho. “O projeto deverá ter um portal na internet
para que toda a sociedade possa acompanhar o seu desenvolvimento.”
O Conselho Universitário também aprovou a ampliação
do número de vagas oferecidas pela USP para cursos já
existentes – inclusive os da Faculdade de Engenharia Química
de Lorena (Faenquil) – no vestibular da Fuvest. No exame de
2007, serão 10.202 vagas, 250 a mais do que as 9.952 disponíveis
em 2006. Nos cursos diurnos vão ser oferecidas 6.600 vagas,
170 a mais que no ano passado. Nos noturnos, serão 3.602,
um acréscimo de 80 vagas em relação a 2006.
Durante o intervalo da reunião do Conselho Universitário,
a pró-reitora de Graduação Selma Garrido Pimenta
e a reitora Suely Vilela se reuniram com representantes de oito
entidades de movimentos sociais, que solicitaram à USP uma
apresentação sobre o Inclusp em audiência pública
na Assembléia Legislativa, sem data definida. As entidades
também apresentarão propostas de ações
afirmativas para acesso à Universidade ao grupo de trabalho
do Inclusp. |
Idéia
é ampliar acesso à USP
ANa
entrevista que concedeu logo após a reunião do Conselho
Universitário que aprovou o Inclusp, a reitora Suely Vilela
defendeu o programa, dizendo que ele vai ampliar as possibilidades
de acesso dos estudantes da rede pública à USP, além
de ajudá-los a permanecer no curso.
Para
a reitora, o Sistema de Pontuação Acrescida garantirá
que o aluno entre na Universidade por mérito e não
por sua condição socioeconômica, como ocorre
no sistema de cotas. Com a pontuação acrescida, os
alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas
terão um bônus de 3% aplicado às notas das 1°
e 2° fases. Segundo a reitora, 24% dos estudantes da USP atualmente
são egressos da rede pública. A meta a ser alcançada
com o programa de inclusão social será aumentar esse
número para 30% já no primeiro ano da sua aplicação.
“Gostaria de ver esse número chegar a um equilíbrio,
mas não acredito que vá acontecer nesta gestão.” |
Os
principais pontos do programa
OBJETIVOS
* Ampliar as possibilidades de acesso à USP dos estudantes
egressos da rede pública
* Atuar na superação das barreiras educacionais
que dificultam esse acesso
* Apoiar as escolas públicas, mediante ações
especializadas
* Apoiar a participação dos alunos da escola pública
no vestibular da Fuvest
* Apoiar a permanência dos alunos no curso superior
AÇÕES PROPOSTAS
* Implementar o Sistema de Pontuação Acrescida,
que prevê um acréscimo de 3% nas notas obtidas por
alunos da rede pública na primeira e na segunda fase do
vestibular da Fuvest
* Implementar mudanças no vestibular da Fuvest, já
no próximo exame, entre elas a redução do
número de questões de 100 para 90 na primeira fase,
mantendo o tempo de cinco horas para a realização
da prova, e atribuição de pesos iguais à
primeira e segunda fases no cálculo da nota final.
* Instituir um Fundo de
Bolsas na USP
* Introdução do Sistema de Avaliação
Seriada, que prevê a aplicação das notas do
ensino médio no vestibular
* Considerar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
como a principal referência
na elaboração das provas
do vestibular
* Estabelecer parcerias com escolas públicas, visando à
melhoria do ensino
* Apoiar cursinhos preparatórios de
caráter comunitário
* Aumentar a oferta de vagas em cursos noturnos
* Ampliar a divulgação dessas ações
para a sociedade
* Implementar ações para reduzir a evasão
escolar,
entre elas a ampliação
da oferta de bolsas
* Integrar ensino, pesquisa e extensão na graduação
* Criar na internet um portal
de inclusão social da USP
* Implementar o ensino
a distância
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