O
Manual do candidato da Fundação Universitária
para o Vestibular (Fuvest) – organizadora dos exames de
ingresso na USP –, que estará disponível
nas agências Banespa a partir de 7 de agosto, já está sendo
impresso com os detalhes das novas regras para o vestibular da
USP em 2007. As normas gerais para o concurso, aprovadas pelo
Conselho de Graduação e disponíveis no portal
da Fuvest também a partir daquela data,
incorporam os pontos previstos no Inclusp, o Programa de Inclusão
Social da USP, bem como as ponderações sobre o
assunto feitas durante a gestão anterior, segundo a pró-reitora
de Graduação da USP, professora Selma Garrido Pimenta.
Entre
as mudanças, os alunos que cursaram integralmente
o ensino médio regular em escolas da rede pública
terão direito ao Sistema de Pontuação Acrescida,
ou seja, um acréscimo de 3% nos resultados da primeira e
da segunda fase do vestibular. Isso vale também para o estudante
que tiver cursado integralmente o ensino médio na modalidade
supletivo presencial (Educação de Jovens e Adultos,
EJA). O candidato terá que comprovar essa condição
no ato da matrícula, caso seja aprovado. As notas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) também poderão
ser contabilizadas no resultado da primeira fase, se o aluno
assim optar.
Na
primeira fase, em vez de cem questões, a prova conterá 90
testes, valendo um ponto cada, sendo que 10% deles trarão
uma abordagem interdisciplinar sobre o conjunto das disciplinas
do ensino médio: Português, Matemática, História,
Física, Geografia, Química, Biologia e Inglês.
Cada questão terá cinco alternativas e apenas uma
será a correta. A prova deverá ser resolvida no prazo
de cinco horas e será realizada no dia 26 de novembro próximo.
Poderá haver até quatro provas analítico-expositivas
na segunda fase, sendo que a de Português – constituída
de uma redação e dez questões de interpretação
de textos, gramática e literatura – é obrigatória
para todos e valerá de 40 a 80 pontos, dependendo da carreira
escolhida. A redação corresponde a metade da prova.
A pontuação geral dessa fase varia conforme a carreira
e atingirá o máximo de 160 pontos. Os pesos, bem
como as provas dessa fase, são determinados pelas unidades
responsáveis pelos cursos, com aprovação do
Conselho de Graduação da USP.
Ainda
na segunda fase, além de Português, poderá haver
até mais três provas, dependendo da carreira, e cada
uma valerá 40 pontos, exceto para Arquitetura (FAU) e Design,
em que as provas de História e Física valerão
20 pontos. Já para a carreira de Matemática Aplicada
de Ribeirão Preto, a prova de Matemática valerá 80
pontos. Cada prova é composta por dez questões de
mesmo valor cada. As matérias da segunda fase compreendem
Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia
e História, sendo que para algumas áreas será exigida
uma prova de Habilidades Específicas, como Música
e Dramaturgia, por exemplo.
O
calendário de datas e a lista de leituras exigidas já estão
disponíveis no portal Fuvest. Neste ano, a fundação
autorizou a concessão de 65 mil isenções do
pagamento da taxa de inscrição no vestibular.
Documento – A respeito do manifesto de 90 professores da
USP contrários às novas regras do vestibular, publicado
na imprensa no final de junho, a pró-reitora afirma que
a Reitoria não recebeu nenhum documento formal sobre a insatisfação
daqueles docentes. “Todos os assuntos foram alterados após
discussões no âmbito do Conselho de Graduação
e dos colegiados de toda a USP, bem como no órgão
maior de decisões, que é o Conselho Universitário.
Todas as mudanças e as ações afirmativas para
a inclusão já vinham sendo realizadas antes mesmo
da nossa chegada aqui na Reitoria. Portanto, tudo foi amplamente
discutido. Além disso, as decisões do Conselho de
Graduação foram tomadas a partir de estudos existentes
na USP sobre o assunto e da análise da experiência
de outras universidades do Brasil e de outros países”,
diz Selma.
Além de aumentar na Universidade, já em 2007, o número
de egressos do ensino público de 24% para 30%, as propostas
do Inclusp incorporadas às novas regras do vestibular da
USP têm como meta oferecer um programa sistematizado de inclusão
social sem prejuízo do mérito acadêmico, acrescenta
Selma.
“Há pessoas com bom potencial que não tiveram
a oportunidade de desenvolvê-lo e que só será visível
a partir do estímulo que uma boa universidade pode dar. Nos
cursos noturnos criados recentemente na USP, por exemplo, já tivemos
essa demonstração de garra dos estudantes que vieram
de escolas públicas, pois muitos deles tiveram maior envolvimento
e melhor desempenho que os alunos do diurno, justamente por valorizar
a oportunidade de fazer uma universidade de excelência.” O
comentário se refere aos resultados de um estudo publicado
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) demonstrando que
o desempenho dos alunos oriundos de escolas públicas superou,
na maioria dos cursos, o daqueles que vieram das particulares, durante
o ano acadêmico de 2005. O programa de ação afirmativa
da Unicamp foi implantado há um ano e meio.
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