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créditos: cecília bastos/ Jornal da USP divulgação
Roberto Barbosa, da Escola Politécnica: parceria para vencer desafios do mundo globalizado A assinatura do acordo, no Rio de Janeiro, com a presença da pró-reitora Mayana Zatz: mais interação entre a USP e o setor produtivo

A USP – através da Pró-Reitoria de Pesquisa – e a Companhia Vale do Rio Doce fecharam convênio de cooperação técnica para o desenvolvimento de pesquisas e projetos tecnológicos. O programa prevê uma série de projetos em pesquisa básica e no desenvolvimento de novas tecnologias, apoio e transferência tecnológica, implemento de projetos de desenvolvimento sustentável nas dimensões tecnológicas, social, econômica e ambiental. O convênio foi assinado pela pró-reitora de Pesquisa, professora Mayana Zatz, no dia 30 de junho, no Rio de Janeiro.

Segundo o professor Roberto Spinola Barbosa, da Escola Politécnica, a Poli tem registrado projetos com a CVRD desde 1987. Para ele, a relevância do convênio entre as duas instituições reside no fato de a USP disponibilizar à Vale a tecnologia que ela não obtém de imediato na indústria e permite, também, o desenvolvimento da pesquisa em tecnologia de ponta, necessária para vencer os futuros desafios do exigente mercado competitivo globalizado.

Várias unidades da Universidade poderão participar do convênio com projetos específicos, ligados às áreas de necessidade da Vale. A Escola Politécnica contribuirá em várias áreas de conhecimento, como logística, trabalhando os problemas enfrentados pelo transporte ferroviário e marítimo, movimentação de contêineres e otimização de sistemas integrados de produção de transporte. O Departamento de Engenharia de Minas e Materiais pretende realizar o aproveitamento de rejeitos e resíduos industriais, produzir novas tecnologias na produção de minério de manganês e desenvolver novos reagentes de flotação.

O Departamento de Engenharia Naval vai trabalhar a manobrabilidade de navios em estuários e portos, grandes embarcações e sistemas de carga e descarga, assim como gerenciamento de risco. Já a equipe de engenharia ferroviária quer aumentar a eficiência global do sistema de transporte, a partir do tamanho dos trens, carga por eixo, tração múltipla, velocidade operacional, pesquisa do comportamento dinâmico e implementação da segurança de trens e veículos ferroviários, confiabilidade de sistemas elétricos de sinalização e controle, tratamento de lastro de ferrovia contaminado com óleo. “A engenharia naval faz o estudo da mobilidade das embarcações usadas para exportar os minérios, em especial no porto de São Luís, no Maranhão, onde as marés são muito intensas”, explica Barbosa.

Em logística, a Poli já vem desenvolvendo pesquisas que apresentaram resultados práticos na questão da segurança de veículos ferroviários. Os veículos que compõem o trem, explica Barbosa, têm que ter uma produtividade, ou seja, carregar uma certa quantidade de carga para poder transportar o minério de forma segura. “Para isso é preciso garantir que o equipamento funcione bem, não tenha problemas, trafegue da melhor maneira possível. Os estudos realizados na Poli voltam-se para a segurança e o comportamento dinâmico dos vagões. A Vale já obteve benefícios com esse nosso estudo, conseguindo um transporte de carga mais eficiente e equalizado.”

Eficiência e qualidade – Outro estudo da Poli com bons resultados para a CVRD partiu da engenharia naval, juntamente com a engenharia civil, no setor de logística. A Vale é uma grande mineradora que demanda um transporte de eficiência e qualidade. O minério que sai de Carajás tem que ser beneficiado, transportado através de trens até o porto, que por sua vez estoca e depois coloca no navio para ser exportado. “A CVRD é uma grande empresa de transporte que precisa resolver seus problemas de logística para tornar o trabalho mais eficiente e adequado ao mercado competitivo. O grupo de logística da USP vem estudando e implementando formas de otimizar esses processos.”

O Departamento de Engenharia Mecânica também vai trabalhar com as questões de desenvolvimento e gestão de informações de sistemas de monitoramento, telemetria e diagnóstico de falha em equipamentos mecânicos, veículos de mineração e ferroviários, tecnologia da informação, da automação e sistemas inteligentes, eficiência de processos energéticos e térmicos e combustíveis alternativos, como o biodiesel e gás natural liquefeito.

A CVRD pretende ampliar o número de vagões em cada composição de 205 para 307 e a capacidade individual de 120 para 132 toneladas, fazendo com que possam ser transportadas 40 mil toneladas de minério por vez. Nesses planos, a Poli entra com o desenvolvimento de rodas feitas com um tipo de aço mais resistente ao desgaste, para locomotivas e vagões, explica Barbosa. Ele ressalta ainda que também serão pesquisados novos materiais e o tratamento térmico para os trilhos. “As pesquisas buscam reduzir o consumo de combustível e o desgaste de componentes, tanto dos trens quanto dos caminhões de mineração.”

O convênio irá apoiar o plano de expansão das operações ferroviárias da empresa, nos sistema Norte (Carajás-São Luís) e Sul (Vitória-Minas). Outra meta da pesquisa é reduzir o intervalo de saída das composições, aumentando sua velocidade de operação, que varia hoje entre 60 e 80 quilômetros por hora. Esse estudo sobre o sistema de operações e sinalização das linhas será realizado pelo Departamento de Engenharia Elétrica da Poli.

créditos: cecília bastos/ Jornal da USP
Caldas: soluções para problemas

Segundo Iberê Luiz Caldas, assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa, a Companhia Vale do Rio Doce tem muitos problemas tecnológicos para expandir sua produção, melhorar a qualidade e solucionar as dificuldades de prospecção – extração de minérios – e para isso normalmente contrata universidades e instituições de pesquisa para colaborar para as soluções dos problemas. Para o ano de 2006, o seu programa de investimentos prevê aproximadamente US$ 500 milhões, a serem destinados à pesquisa e desenvolvimento.

Além da Poli, o Instituto de Geociências da USP também participa de convênio com a CVRD há alguns anos. Com o acordo assinado em 30 de junho, a intenção foi formalizar institucionalmente a colaboração entre a Vale e a USP para que um grande projeto “guarda-chuva” abrigue os vários projetos secundários que já existiam e se multiplicaram a partir dessa consolidação. “Esta é uma forma de facilitar a aprovação dos projetos das unidades, uma vez que cada convênio deve passar pela concordância da unidade. Primeiramente o setor responsável da unidade tem que concordar, depois passa para a Consultoria Jurídica da Reitoria e pelo setor de convênios. A USP tem um padrão de exigência para fechamento de convênios. Depois de assinado os recursos são destinados para o gerenciamento da Fundação de Apoio à USP (Fusp), para ser administrado dentro dos padrões do Conselho Universitário”, explica Caldas.

créditos: cecília bastos/ Jornal da USP
Teste em desgaste de materiais, área incluída no convênio entre USP e CVRD

Estão previstas bolsas de estudo, cursos de treinamento, financiamento para a investigação e compra de material. O que será preciso ou não vai depender da exigência de cada projeto específico. Caldas ressalta que esse convênio representa um “caminho agilizado com a CVRD”. Nesse caso, os convênios específicos não vão mais precisar seguir um caminho próprio e esperar tanto para a aprovação. Pelo convênio, as regras já estão estabelecidas, o que facilitará o andamento do convênio específico.

Segundo Caldas, a Pró-Reitoria de Pesquisa, em sua nova gestão, traçou dez diretrizes, sendo uma delas a busca de novos recursos e implementação de novos programas para o apoio à pesquisa, valorizando os grupos produtivos, incentivando e proporcionando novas oportunidades a pesquisadores jovens e grupos emergentes.


 

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