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créditos: Francisco Emolo/ Jornal da USP

Nesta quarta-feira, dia 13, a Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) da USP realiza a sua primeira Feira Cultural, com o tema “17 anos de bolsa-trabalho: mostrando o que faz”, sobre o Programa Bolsa-Trabalho, que presta assistência a estudantes da graduação da USP com dificuldades financeiras. Organizada pela Comissão de Acompanhamento do Programa Bolsa-Trabalho, a feira é aberta ao público em geral e contará com a apresentação de trabalhos e produtos desenvolvidos pelos diversos projetos envolvidos no programa. O evento acontecerá das 9 às 17 horas, na Praça do Relógio, Cidade Universitária, em São Paulo.

A cerimônia de abertura oficial, programada para as 10 horas, contará com a presença da reitora da USP, Suely Vilela. A idéia é que seja uma cerimônia informal e interativa com os alunos presentes. Durante todo o dia, serão apresentados 135 trabalhos inscritos. São pôsteres explicativos sobre os projetos desenvolvidos nos campi da Universidade, nos quais os bolsistas trabalham. “São 340 projetos só neste ano, com 600 bolsistas, e nós queremos ampliar esses números”, explica a coordenadora da Coseas, professora Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca.

Segundo ela, a finalidade da Feira Cultural é expor para a comunidade USP e para o público em geral o trabalho desenvolvido nestes 17 anos de bolsa-trabalho. “Nós queremos mostrar que temos esse programa, esse projeto de extensão. O Bolsa-Trabalho não significa simplesmente mão-de-obra. Os alunos da graduação estão aqui para trabalhar em projetos de extensão à comunidade. Queremos mostrar o que fazemos para a comunidade e sensibilizar os órgãos da Reitoria para criar novos projetos”, define.

Também serão apresentados na feira cerca de 20 atividades e produtos vinculados aos projetos. Entre eles está o Bar Bibitantã, projeto de geração de renda em que usuários do serviço de saúde mental vendem lanches e doces no Espaço Caps (Centro de Atenção Psicossocial), no Itaim Bibi. Já o projeto Software Livre exibirá o visualizador 3D em Java, que facilita a visualização de modelos 3D no computador. A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia oferecerá a degustação de patê de escargot, criado e preparado pelos alunos. O projeto USP Recicla montará uma oficina de reciclagem de papel.

Todos os trabalhos apresentados concorrerão ao Prêmio Iara Mattos, criado em homenagem à funcionária da Coseas e grande defensora das iniciativas promocionais. “Iara Mattos trabalhou durante muitos anos na Coseas, com as creches, e quando vim para cá, em 1998, pedi para que ela viesse para a vice-coordenadoria. Ela era uma grande companheira e trabalhou muito pelo aumento do número de bolsas”, explica Rosa Maria. Criado neste ano, o prêmio consiste em um diploma e um brinde que serão entregues aos cinco melhores trabalhos, de acordo com a avaliação de uma comissão. “A maior finalidade do prêmio é dar mérito a quem merece e também é uma forma de envolver o aluno na produção acadêmica. Ele está aprendendo a fazer um trabalho para expor num evento científico”, afirma Rosa Maria.

Outra finalidade da Feira Cultural é chamar a atenção para o financiamento do projeto. Desde sua criação, em 1989, a verba do programa vem das heranças vacantes, espólios de pessoas sem herdeiros que eram apropriados pelo Estado e repassados para a Universidade investir em programas de assistência estudantil, como o Bolsa-Trabalho.

Com a mudança da legislação, em 1990, esses bens passaram a ser administrados pelo município, que não os repassa para a Universidade. Com os bens recebidos até aquele ano, a USP ainda mantém seus programas. “Ainda temos alguns imóveis para vender. Até o final do ano, a nossa verba está garantida. Depois disso não sabemos o que vai acontecer. A nossa grande proposta é que o programa seja incorporado ao orçamento da Universidade ou que achemos um patrocinador”, propõe Rosa Maria. Neste ano, o programa gastará cerca de R$ 2,5 milhões com seus bolsistas. No evento, também será inaugurado o novo logo do programa, desenvolvido por um dos bolsistas.

Comunidade – O Programa Bolsa-Trabalho foi criado em 1989 pela Coseas como forma de auxiliar os estudantes de graduação com dificuldades financeiras a custear seus estudos. Esses estudantes são encaminhados para os diversos projetos desenvolvidos pela USP, visando à extensão de serviços para a comunidade.

Todo ano, professores e técnicos de nível superior apresentam seus projetos ao Bolsa-Trabalho. Esses projetos são avaliados pela Comissão de Acompanhamento, de acordo com uma série de critérios. “Nós avaliamos se há a possibilidade de desenvolver conhecimento, a relevância para a comunidade e para a sociedade e se ele se caracteriza como projeto de extensão”, enumera Rosa Maria.

Já os alunos passam por uma seleção dupla. Primeiro são avaliados pelo próprio programa, que verifica se estão na faixa socioeconômica atendida. “Queremos, cada vez mais, fortalecer os critérios para a seleção dos projetos e dos bolsistas. De oito anos para cá, o caráter socioeconômico tem sido muito importante para que ajudemos quem realmente precisa da bolsa. Antes havia essa preocupação, mas não havia o teto limite de renda per capita familiar, que hoje é de R$ 1.500,00”, explica Rosa Maria. Depois da seleção do Bolsa-Trabalho, os alunos passam pela seleção do coordenador do projeto, que escolhe os mais qualificados para as vagas.

A bolsa é anual e pode ser renovada por mais um ano. O aluno contratado trabalha 40 horas mensais e recebe R$ 350 por mês, equivalente a um salário mínimo. “Para mim, é muito importante. Eu preciso da bolsa para me sustentar e também pelo fator acadêmico. Eu interajo com todo tipo de estudante, de ensino fundamental, médio e até universitários. Isso é fundamental na minha carreira, já que quero dar aulas e vou lidar com eles na sala de aula”, explica Fábio Santos, aluno do quarto ano do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. Santos trabalha há quatro meses como monitor do Parque CienTec da USP.

Nestes 17 anos de história, o Bolsa-Trabalho auxiliou milhares de estudantes dos mais diversos cursos da USP, destacando-se como um instrumento de qualificação profissional e extensão de serviços à comunidade, confirma Rosa Maria. “Esse é um programa no qual nós acreditamos. É um dos poucos que é promocional e não assistencial, que só oferece o serviço para o aluno aproveitar. É claro que o programa assistencial é importante também, mas no Bolsa-Trabalho, além de o aluno ter um auxílio para a vida dele, para se manter na faculdade, ele constrói conhecimento e adquire experiência.”

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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