O Monumento às bandeiras, no Parque do Ibirapuera, em São
Paulo: no computador, será possível girar a imagem
em 360 graus, afastá-la e aproximá-la, para estudar
os detalhes
Algumas das esculturas de Victor Brecheret estão
ganhando o mundo virtual. Um estudo de pós-doutorado, realizado
no Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola
Politécnica da USP, está criando modelos dos trabalhos
do escultor italiano na Caverna Digital, estrutura instalada na
Poli que permite a imersão em ambientes tridimensionais.
O arquiteto Aurélio Antônio Mendes Nogueira, autor
da pesquisa, explica que uma das possíveis aplicações
de seu trabalho é o uso dos modelos 3D das esculturas em
museus e aulas, substituindo as tradicionais projeções
bidimensionais e pouco interativas.
“Será possível girar em 360 graus a imagem
tridimensional, afastá-la ou aproximá-la para mostrar
um detalhe ou um determinado ângulo”, explica o pesquisador.
Na Caverna Digital, as esculturas podem ser reproduzidas em tamanho
original e com um modelo do ambiente original ao seu redor. Também é possível
adicionar som e odor e permitir que o usuário toque as esculturas,
utilizando luvas especiais. Nogueira está criando modelos
tridimensionais de seis obras públicas de Brecheret, localizadas
na cidade de São Paulo: o Monumento às bandeiras,
o Monumento a Caxias, e as esculturas Depois do banho, Eva, Fauno
e Portadora de perfumes.
Além da aplicação em museus e escolas, os
modelos tridimensionais podem auxiliar em trabalhos futuros de
restauração – já que reproduzem as características
originais das esculturas – e, no caso de obras de colecionadores,
apresentar trabalhos que não podem ser expostos. “Os
modelos virtuais também são uma forma de se preservar
as obras, caso os originais sejam danificados”, diz Nogueira.
O trabalho do arquiteto se baseia em pesquisas e aplicações
do sistema Virtual Heritage, expressão que define o uso
da realidade virtual para auxiliar na preservação
do patrimônio histórico.
Métodos – Nogueira também está desenvolvendo
protótipos tridimensionais das esculturas que possam ser
visualizados na internet e em plataformas multimídias (CD-ROMs).
Para exibição na web, ele utilizou a técnica
de panorâmica, na qual várias fotografias são
tiradas do objeto, de diversos ângulos, e em seguida são “montadas” para
reconstituir a escultura em várias das suas dimensões.
O CD-ROM, que poderá ser utilizado em escolas de ensino
fundamental e médio, será desenvolvido com apoio
do Instituto Victor Brecheret (IVB).
Para criar os modelos para a Caverna Digital, o arquiteto utilizou
a técnica de modelagem computacional. Por meio de programas
específicos, como Maya ou 3D Max, Nogueira monta as reproduções
tridimensionais das esculturas. Para cada uma delas ele leva, em
média, dois meses. Nos modelos para a Web, o tempo médio é de
15 dias. Nogueira está finalizando o site com a exposição virtual de Brecheret, montada a partir
da técnica de panorâmica. A previsão é de
que os modelos para visualização na Caverna Digital
fiquem prontos em novembro deste ano e o CD-ROM, em janeiro do
ano que vem.
Victor Brecheret nasceu em Viterbo, na Itália, em dezembro
de 1894, e veio para São Paulo ainda criança. Teve
contato com diversos artistas europeus e participou ativamente
do movimento modernista no Brasil. Sua obra mais conhecida dos
paulistanos, o Monumento às Bandeiras, fica no Parque do
Ibirapuera. A pesquisa de Aurélio Nogueira, docente da Escola
de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é orientada
na USP pelo professor Marcelo Knorich Zuffo, da Escola Politécnica.
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