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Uma
réplica do 14-Bis acompanhada por um Santos-Dumont vestido
a caráter mudou a paisagem da Praça do Relógio,
na Cidade Universitária, em São Paulo, na semana
passada. Construída pelos alunos de um colégio particular
de São Paulo, a réplica é uma homenagem aos
100 anos do primeiro vôo de Santos Dumont com o 14-Bis, comemorados
nesta segunda-feira, 23 de outubro. O centenário da façanha
do Pai da Aviação foi o tema da Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia deste ano, que aconteceu de 16 a 23
de outubro em todo o País.
O sósia de Dumont e a réplica do 14-Bis na USP: pioneirismo |
A USP, como ocorre todos os anos, participou
ativamente da semana, com mais de 200 eventos em 14 unidades e
seis institutos externos. “Santos
Dumont é uma figura que representa inovação
e criatividade. Acho extremamente oportuna a nossa participação
na semana, já que é investindo na educação
que se geram essas características”, disse o pró-reitor
de Cultura e Extensão Universitária da USP, Sedi
Hirano. Com o intuito de popularizar o conhecimento
científico produzido
pela Universidade, os campi de Piracicaba, Ribeirão Preto,
São Carlos e São Paulo foram palco de diversos eventos
na área, desde exibição de filmes, palestras,
exposições, espetáculos teatrais e visitas a
museus até a exclusiva réplica interativa do 14-Bis,
que fez parte da cerimônia de inauguração do
evento “USP na Semana”.
Na cerimônia de abertura oficial das atividades, no dia 17,
terça-feira, estava presente a coordenadora da semana no Estado
de São Paulo, Glória Malavoglia, que celebrou a parceria
com a USP. “A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é uma
contribuição para a educação dos jovens
e para obter uma sociedade cientificamente mais letrada. É muito
importante ter a participação da USP nessa iniciativa”,
destacou. Aviões brasileiros – Um dos destaques no campus da
capital foi o seminário “100 Anos de Aviões
Brasileiros”, organizado pelo Departamento de Engenharia
Mecânica da Escola Politécnica da USP. A proposta
foi reconstituir a história da engenharia aeronáutica
brasileira, na qual a USP teve importante participação.
Na década de 40, por exemplo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT), então um laboratório da Poli, projetou e construiu
protótipos de diversos aviões para promover a aviação
e a indústria aeronáutica no País.
Um dos personagens mais importantes dessa história, o professor
Romeu Corsini, foi homenageado durante o evento. “Ele é um
marco vivo. Acreditou e construiu soluções, e isso é um
exemplo aos alunos”, enfatizou o professor da Escola Politécnica
Antônio Mariani. “A aviação é isso.
Se você tiver disposição para construir, fazer,
levar adiante, você faz. Não tem segredo, a aviação
dá sempre muitas possibilidades”, ensinou Corsini,
que trabalha na área desde 1938. Outro ilustre convidado
do seminário foi o astronauta Marcos César Pontes,
o primeiro brasileiro a participar de uma missão espacial.
Pontes também fez palestra na Estação Ciência
da USP (leia o texto ao lado).
O seminário apresentou um protótipo da Poli vencedor
do Prêmio SAE Brasil, entregue pela Sociedade de Engenheiros
da Mobilidade ao melhor projeto de avião cargueiro desenvolvido
por universitários. “Nosso avião pesa 3,5 kg
e levou uma carga de 12,135 kg. Lideramos a competição
desde o início, há dez meses”, explica Frederico
Schultz, membro da equipe Keep Flying, que reúne 17 alunos
de vários departamentos da Poli.
A equipe já havia participado de edições anteriores
do prêmio, mas nunca havia chegado ao primeiro lugar. Como
prêmio, a Keep Flying participará, nos Estados Unidos,
da Competição Internacional da SAE. “O Brasil
já é muito bem-visto lá fora porque todos
os projetos que participam são bem colocados. Nós
lutamos três anos por esta chance e agora queremos o primeiro
lugar mundial”, disse Schultz. “O seminário
foi uma oportunidade de resgatar o passado, mostrar um pouco do
presente e vislumbrar o futuro”, resume o professor Antônio
Mariani.
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Na USP, Marcos Pontes fala da viagem histórica
Pontes: façanha no espaço |
O astronauta brasileiro Marcos César Pontes – primeiro
brasileiro a viajar ao espaço, em 30 de março deste
ano – relembrou sua histórica façanha em palestra
na Estação Ciência da USP, realizada no dia 17
passado, dentro das atividades da Semana Nacional de Ciência
e Tecnologia. Num vôo de proporções inimagináveis
até para Santos Dumont, talvez, a nave Soyuz TMA-8 viajou
pela órbita terrestre a 18 mil km/h, levando Marcos Pontes,
o russo Pavel Vinogradov e o norte-americano Jeffrey Williams. “Nós
dávamos uma volta na Terra a cada uma hora e meia. Víamos
o nascer e o pôr-do-sol 16 vezes por dia. É bonito demais
ver isso lá de cima”, contou Pontes.
Pontes, assim como Santos Dumont, alimentava a vontade de voar
desde jovem. Entrou para a Força Aérea Brasileira (FAB),
fez Engenharia Aeronáutica no ITA e partiu para cursos nos
Estados Unidos. Foi quando passou em concurso e se tornou astronauta
da Agência Espacial Brasileira. “Demorei muito, uns 30
segundos, para preencher todos os papéis necessários
para a inscrição”, brincou Pontes. Para a viagem
ao espaço – denominada Missão Centenário,
em homenagem ao centenário do vôo do 14-Bis –,
ele partiu novamente para os Estados Unidos e depois para a Rússia,
onde passou por anos de treinamentos físicos, médicos
e de adaptação. O objetivo era realizar oito experimentos
científicos em um ambiente de microgravidade.
No dia do lançamento da nave, Marcos Pontes foi acompanhado
até o ônibus espacial por Valentina Teréshkova,
primeira mulher astronauta. “Ela me disse que eu era o primeiro
brasileiro a ir para o espaço e por isso fazia questão
de ir até a nave comigo”, relembra Pontes.
Já na Estação Espacial Internacional, Pontes
viveu a realização de estar no espaço e a responsabilidade
de ser o primeiro brasileiro a fazê-lo. “Foi muito melhor
do que eu poderia imaginar. Quando eu decolei com a bandeira brasileira,
minha preocupação foi com todas as pessoas, todos os
sonhos e vontades de um país inteiro que iam comigo”,
emocionou-se Pontes.
Além da bandeira brasileira, Pontes levou uma réplica
do chapéu de Santos Dumont e um lenço pertencente ao
inventor, emprestado pela família. “Eu queria divulgar
para o mundo um outro Brasil, explicar a história de Dumont
e seu pioneirismo. Cem anos não é uma trajetória
muito longa para o desenvolvimento que temos da indústria
aeronáutica e espacial. Dumont é um gênio e por
isso quis levar sua memória comigo naquele momento tão
grandioso”, concluiu Pontes.
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Estação Ciência
lembra vôo do 14-Bis
Na Paris de 1906, há exatos cem anos desta segunda-feira,
23 de outubro, os cidadãos observavam atônitos a realização
de um dos maiores desejos do homem: voar. Diante da platéia
atenta, Santos Dumont decolava com o seu 14-Bis, sem nenhum artifício
externo. Com uma velocidade de cerca de 40 km/h, Dumont percorreu
o Jardim de Bagatelle, onde decolou, voou e pousou pela primeira
vez com uma máquina mais pesada que o ar. Essa história é contada
numa exposição em cartaz na Estação
Ciência da USP, aberta durante a Semana Nacional de Ciência
e Tecnologia por tempo indeterminado.
Como mostra a exposição, Alberto Santos Dumont nasceu
em Barbacena, Minas Gerais, em 1873, e com 19 anos foi morar em
Paris, considerada o berço da civilização.
Lá, estudou física e mecânica e realizou seu
sonho de voar em um balão. Começou também
a desenvolver projetos, como o Brazil, menor balão do mundo,
e o 14-Bis, que lhe deu o merecido título de Pai da Aviação. Entre seus diversos projetos de mais pesados que o ar, destaca-se
a série Demoiselle, que bateu todos os recordes de altura,
velocidade e distância. Em 1906, o número 22 da série
foi escolhido pela empresa S.A. Clement-Bayard para a fabricação
industrial de aviões. Assim, o Demoiselle tornou-se o precursor
da indústria aeronáutica mundial, mais um título
de pioneirismo atribuído a Santos Dumont. Dumont nunca patenteou
seus inventos. Ele entendia que o avião era um meio de locomoção
e que deveria servir à humanidade.
A Estação Ciência fica na rua Guaicurus, 1.394,
na Lapa. Mais informações podem ser obtidas na página
eletrônica www.eciencia.usp.br ou pelo telefone (11) 3673-7022.
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