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Os caminhos para compreender a história do Brasil e especialmente a história de São Paulo acabam se cruzando às margens plácidas do Ipiranga... Na colina onde foi proclamada a Independência, o Museu Paulista da USP (mais conhecido como o Museu do Ipiranga) tem a luminosa responsabilidade de apresentar a memória do País. O seu acervo conta com mais de 125 mil peças entre objetos diversos e iconografia, do seiscentismo até meados do século 20. Através de suas exposições, busca sempre um foco diferente para incentivar a reflexão sobre a trajetória do Brasil.

Na semana em que a cidade comemora 453 anos, o Museu Paulista lança “Imagens Recriam a História”, propondo aos paulistanos explorar as imagens que ajudaram a construir a memória da cidade. A mostra inaugura, na instituição, o uso de materiais para deficientes visuais como telas táteis, textos em braile e narração descrevendo as obras.

Além de pinturas, esculturas e maquetes, o público contará com recursos multimídia para reinterpretar cenas importantes da nossa história. A exposição ocupará cerca de 500 metros quadrados da ala oeste do pavimento térreo, destacando as célebres telas Fundação da Cidade de São Paulo e Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, de Oscar Pereira da Silva, Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto e Partida da Monção, de Almeida Júnior, além da maquete de gesso representando a São Paulo de 1841. “Nossa meta é fornecer ao público novas chaves de interpretação dessas telas”, explica o curador Paulo César Garcez Martins. “Procuramos evitar a compreensão das obras como imagens fiéis à realidade.”

Martins explica que as esculturas e pinturas de gênero histórico sempre passaram a idéia de serem documentos verídicos e, portanto, inquestionáveis, graças ao projeto museológico estabelecido durante a gestão de Affonso Taunay (1917 a 1945). “Na época, ele dotou o museu de uma cenografia composta de pinturas e esculturas, que tem início no saguão, prolonga-se pela escadaria central até alcançar o salão nobre, onde está a primeira tela histórica do museu, Independência ou Morte, de Pedro Américo. Ramificações dessa narrativa estenderam-se pelas demais salas de exposição.”

Como instituição visual, o museu foi um lugar decisivo para o êxito de uma nova interpretação, estabelecida por Taunay e outros historiadores paulistas durante a Primeira República (1889-1930), que se opunha àquela da historiografia gerada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ao longo do século 19. “No Museu Paulista, essas imagens recriaram a história do Brasil tendo como eixo a trajetória de São Paulo.”

Além do imaginário – Através dessa mostra, o Museu Paulista propõe um novo olhar sobre a história das imagens que ajudaram a forjar grande parte do imaginário nacional. A abordagem privilegia três aspectos da inserção das obras no circuito artístico brasileiro em que foram produzidas: o processo de criação dos artistas, a forma pela qual foram adquiridas pelo Museu Paulista e a sua difusão em livros didáticos e objetos de uso cotidiano como selos, cédulas, cartões telefônicos, postais, porcelanas, talheres, chaveiros, álbuns de figurinhas e brinquedos.

O visitante vai percorrer cinco módulos. O primeiro, Pintar e esculpir a história, estabelece uma linha do tempo ao longo da galeria, apresentando através de textos e imagens a importância da Imperial Academia de Belas Artes na formação dos artistas. No segundo, Imaginar o início, o público percebe que as telas não são um duplo do real. Através de recursos multimídia, elas são decompostas para que o público perceba os personagens, os diversos planos e esboços e entenda as variações estilísticas.
No módulo Criando os heróis paulistas, é evidenciada a importância do acervo do museu como fixador das imagens glorificadoras dos “heróis” da formação territorial do Brasil – os bandeirantes e monçoeiros. Em Das fotografias às telas, o público vai entender o processo de montagem da maquete da cidade de São Paulo, que tem como referência a projeção da cartografia e das fotografias de Militão. No último módulo, Do coletivo ao pessoal: a memória em miniatura, há a representação das obras expostas nas salas anteriores em moedas, cédulas, selos, medalhas de outros ícones visuais, deixando clara a forma como se desenvolve o imaginário e também a arte de contar histórias.
A montagem da mostra “Imagens Recriam a História” foi contemplada, em 2005, pelo programa de adoção de entidades culturais da Caixa Econômica Federal, recebendo uma verba de R$ 310 mil. A premiação possibilitou a reformulação da área expositiva do pavimento térreo, integrada pelo corredor de acesso e cinco salas.

O Museu Paulista da USP está aberto de terça a domingo, das 9 às 17 horas. Ingresso: R$ 2,00, com entrada franca para maiores de 60 anos e menores de 6 anos. No terceiro domingo de cada mês, não é cobrado ingresso. Parque da Independência, s/número (Ipiranga), tel. 6165-8026. Página eletrônica: www.mp.usp.br.

 

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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