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Créditos: Assembléia Legislativa
Para professor da Poli, a dimensão dos danos implica investigação longa e complexa

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) – instituição com sede na Cidade Universitária, mas vinculada à Secretaria de Desenvolvimento do Estado – comanda o trabalho do Relatório de Acidente que apontará as possíveis causas do desmoronamento ocorrido dia 12 de janeiro na futura Estação Pinheiros do Metrô paulistano, e fará também recomendações sobre procedimentos a serem adotados para evitar a repetição de desastres.

De acordo com o professor da Escola Politécnica da USP Marcos Tadeu Pereira, formado em Engenharia Mecânica e diretor de Operações e Negócios do IPT, o estudo pericial, encomendado ao instituto pela Companhia do Metropolitano, “vai buscar causas, não apontar culpados”. O primeiro passo foi definir a equipe, que começou a trabalhar tão logo as condições de segurança no canteiro de obras permitiram. O relatório final, ainda segundo o diretor, “terá a força do nome do IPT”, de reconhecida probidade, isenção e autonomia. Essa não é a primeira intervenção do instituto nas obras do Metrô; na década de 70, por exemplo, a entidade teve atuação destacada na construção da linha Norte-Sul.

A elaboração do relatório obedecerá a várias etapas: coleta de informações básicas, que poderá durar de duas a três semanas; análise dos dados; estabelecimento de hipóteses sobre as causas do acidente e, por último, as recomendações sobre procedimentos futuros. Embora o número de integrantes da equipe técnica ainda não estivesse definido até o fechamento desta edição, Pereira disse que poderia ser superior a vinte ou trinta pessoas, dependendo das necessidades ditadas pelo volume de informações em jogo.

Créditos: Milton Michide

Ao grupo seriam convocados especialistas em várias áreas do conhecimento, como geólogos, engenheiros com experiência em condução de obras, químicos, físicos e outros profissionais, recrutados dos quadros do próprio IPT, de unidades da USP, de outras universidades e até do exterior. O professor Pereira se encarregará pessoalmente dos contatos com a imprensa e das informações a serem fornecidas à Companhia do Metropolitano sobre o estado das pesquisas da equipe técnica. Não há previsão sobre quanto tempo será necessário para a conclusão da perícia, “mas pela dimensão do acidente não é coisa que se resolva rapidamente”, diz o professor.

Falhas – No dia 17 de janeiro, o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Civil exigiram do Consórcio Via Amarela (Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez), que constrói a linha 4 do Metropolitano, que preservasse a área do acidente assim que fosse concluída a operação de resgate das vítimas, para realização das perícias.

O diretor do IPT admite que o deslocamento de terra, entulho e máquinas e o acúmulo de outros materiais do local do acidente podem dificultar a elaboração do relatório do instituto, mas avisa que a parte principal são os dados de instrumentação, do terreno e da forma como os trabalhos eram conduzidos. Certamente há documentos importantes a serem consultados, tais como filmes, gravações e fotografias, feitos por terceiros, pelos bombeiros ou pelos próprios responsáveis pelas obras.

Periciar as causas do acidente no Metrô paulistano é apenas mais uma das muitas tarefas que o IPT costuma executar para órgãos públicos e particulares, com a diferença de que, neste caso, a gravidade salta à vista. “Falhas de engenharia são comuns”, pondera Marcos Tadeu Pereira. “Podemos aprender com elas, pois as falhas costumam resultar em avanços.”

 

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