Aleijadinho e seu Tempo
Cerca
de 200 peças originais do Barroco mineiro, entre estatuárias,
objetos sacros, oratórios, artigos em ouro e desenhos, produzidos
pelo escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho
(1738-1814) e contemporâneos estão na exposição
que acaba de ser inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil. “Aleijadinho
e seu Tempo – Fé, Engenho e Arte” . A mostra está dividida
em 11 módulos, que vão ocupar todos os espaços
do prédio, do subsolo ao terceiro andar, iniciando no térreo
com as réplicas em miniaturas (de 31 cm de altura) dos 12
Profetas, produzidas em bronze, e fotos dos originais (que se encontram
na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, MG),
seguindo por um piso de vidro sob o qual está a reprodução
da decoração das ruas das cidades históricas
de Minas Gerais para as festas religiosas (o tapete de serragem
colorida).
O primeiro andar abriga uma maquete da construção original
da Igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto, feita
a partir de fontes levantadas pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU) da USP. Há também desenhos da planta geral e
de peças estruturais do templo assinadas por Aleijadinho,
como a porta, avaliada pelo crítico francês e conservador
do Museu do Louvre Germain Bazin como obra-prima do artista. Outro
destaque é a projeção de 81 imagens de grande
escala das cenas da paixão de Cristo (Os 7 Passos da Paixão
de Cristo) distribuídas em seis nichos, representando as capelas
que levam ao adro do Santuário de Congonhas.
São
João Batista (ao lado) e Cristo na essurreição
(acima), ambas obras do mestre mineiro |
Exclusivamente dedicado às obras do maior expoente do Barroco
brasileiro, o segundo andar apresenta entalhes e fragmentos de entalhes,
imagens de santos e relicários, todos originais, produzidos
por Aleijadinho, e também a cronologia multimídia sobre
sua vida e obra. No terceiro andar estão peças de contemporâneos
do artista, como Mestre Piranga, Francisco Xavier de Brito, Mestre
Ataíde, Francisco Vieira Servas e outros anônimos. E,
terminando o percurso, no subsolo, o Núcleo Ouro traz moedas
e lingotes, um conjunto de ex-votos do século 18 e fotos de
cidades mineiras tiradas nos anos 50 por Marc Ferrez e Marcel Gautherot.
Durante a exposição será exibido o documentário
O Aleijadinho (1978), de Joaquim Pedro de Andrade, com roteiro
do arquiteto Lucio Costa.
A exposição, com curadoria do museólogo Fábio
Magalhães, fica em cartaz até 14 de outubro, de terça
a domingo, das 10h às 20h, no CCBB (r. Álvares Penteado,
112, Centro, tel. 3113-3651). Entrada franca.
Olhares sobre a Rússia
Os fotógrafos Mauricio Nahas, Paulo Mancini e Ricardo Barcellos
viajaram à Rússia no ano passado com o objetivo de
registrar o cotidiano de Moscou e São Petersburgo. O resultado
pode ser visto na exposição que acaba de entrar em
cartaz na Pinacoteca do Estado. No total são 190 imagens,
que tentam mostrar as transformações socioeconômicas,
desde o período da Perestroika (abertura político-social
iniciada em 1985 na então União Soviética) até os
dias atuais, e sua população, com os jovens assimilando
os hábitos ocidentais e os mais velhos tentando ainda entender
as mudanças. As imagens também estão no livro
Cosmos – Três Olhares sobre a Rússia (Editora
DBA, 232 págs., R$ 150,00), mesmo título da exposição.
A curadoria é de Diógenes Moura. Esta é a segunda
etapa de um projeto iniciado em 2005 com a mostra fotográfica “Era
uma Vez Havana” sobre Cuba, e a terceira, prevista para 2009,
será sobre a China. Em cartaz até 4 de novembro, de
terça a domingo, das 10h às 18h. Na Pinacoteca (Praça
da Luz, 2, Centro, tel. 3324-1000). Os ingressos custam R$ 4,00;
grátis aos sábados.
Fotos e vídeo da Patagônia
Será inaugurada nesta quinta, a partir das 19h, a exposição “Austral”,
com fotos e vídeo da artista plástica e fotógrafa
Magdalena Correa, que faz uma releitura da Patagônia chilena
a partir da rodovia Austral. São 12 fotos coloridas com back
light, e mais uma de 3 x 3 metros em preto-e-branco, que registram
a marcante paisagem, com seus bosques impenetráveis, lagos,
montanhas e glaciares. Há também um vídeo sobre
a Patagônia, produzido ao longo de um mês, em janeiro
de 2005, mostrando uma comunidade que subsiste em toda a extensão
da estrada e sua luta pela sobrevivência. A mostra já passou
por Roma, Burgos, Madri e Barcelona, e as fotos da artista também
estão no livro Austral, editado pelo Instituto de Cultura
de Barcelona, incluindo entrevista em que relata sua expedição,
que segundo ela é muito mais do que uma exploração
visual, “queria que fosse uma denúncia, um testemunho
e um chamamento diante de uma situação inaceitável:
o isolamento, a precariedade e o esquecimento em que se encontram
as milhares de pessoas que formam parte do território de Aysén”.
Na abertura acontece palestra com a artista e com o crítico
chileno Ernesto Muñoz. Em cartaz até 16 de setembro,
no Museu da Casa Brasileira (av. Brig. Faria Lima, 2.705, tel. 3032-3727).
Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00; aos domingos a entrada é franca.
Portfólio fotográfico
O projeto Portfólio, do Itaú Cultural, apresenta a
mostra de fotografias do colombiano Daniel Santiago. A exposição
exibe fotos do artista e de seus dois heterônimos – Daniel
Míope e Santiago Chapéu, gêmeos de personalidades
e obras completamente diferentes. São 14 diários das
supostas viagens de Daniel Míope, e quatro monitores projetam
16 imagens de “autoria” de Santiago Chapéu. Daniel
Santiago, o criador, é uma mistura dos dois personagens. Em
seu diário, Míope cola fotografias, folhas de árvores,
clipes, cartas e relatos de suas viagens por países da América
do Sul e Cuba. Sua câmera permite enquadramentos verticais
e ele trabalha sempre com filmes em preto-e-branco. Já Chapéu
tem um estilo mais urbano, preferindo fotografar metrópoles
como São Paulo, Nova York e Bogotá do alto de grandes
edifícios. Segundo o curador da mostra Eduardo Brandão,
os trabalhos dos heterônimos expõem questões
importantes da fotografia contemporânea, ao sugerir diferentes
linguagens criadas ao longo da história da técnica
fotográfica. Até 26 de agosto, de terça a sexta,
das 10h às 21h, sábados, domingos e feriados, das 10h às
19h, no Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 2168-1776).
Grátis.
Pinturas e desenhos
São duas exposições em cartaz no Instituto
Tomie Ohtake. “Universalismo Construtivo – Torres García” adentra
a obra do artista Joaquín Torres García (1874-1949),
que a partir da idéia de integração entre homem
e universo propôs uma arte puramente abstrata, concreta e universal,
de linguagem compreensível em qualquer tempo e para todos
os povos. Pioneiro do construtivismo na América Latina, Torres
García lançou, no final de sua vida, livro em que mostra
a densidade de seu processo criativo, reunindo 253 desenhos que acompanham
150 das mais de 500 conferências proferidas por ele. Na exposição,
que está dividida em 23 grupos temáticos, como classicismo
moderno e plano espiritual, des-taque para um exemplar original do
livro, escrito em 1944. A outra mostra em cartaz, “Pinturas
Face a Face” apresenta um panorama da obra de Cristina Canale
e Sérgio Sister, revelando vertentes pictóricas muito
distintas a partir da curadoria de Agnaldo Farias. As telas de Cristina
apresentam imagens não nítidas, mas reconhecíveis,
de paisagens, casas, figuras humanas e animais domésticos,
enquanto o artista Sérgio Sister mostra pinturas reduzidas às
suas bordas, isto é, ripas de grande formato pintadas e escoradas
umas às outras e na parede. Até 26 de agosto, de terça
a domingo, das 11h às 20h, com entrada franca, no instituto
(av. Brig. Faria Lima, 201, com entrada pela r. Coropés).
Mais informações pelo tel. 2245-1900.
Vik Muniz e Temporada
Fios de alumínio, açúcar, linha, algodão
e chocolate são algumas das matérias-primas do artista
paulistano Vik Muniz, que inaugura nesta quarta a exposição “Beautiful
Earth”, no Paço das Artes. São duas séries
de fotografias inéditas no Brasil, Pictures of Junk e Pictures
of Earthwork, que recriam, respectivamente, cenas mitológicas
de pinturas renascentistas de artistas como Caravaggio (Narcissus)
e Goya (Saturn Devouring One of His Sons); e gigantescos desenhos
escavados em terra batida. No total são 42 obras que dialogam
com a exibição em vídeo do making of da produção
das imagens. A inauguração acontece a partir das 19h30,
no Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Cidade Universitária,
tel. 3814-4832), e a mostra fica em cartaz até 7 de outubro,
de terça a sexta, das 11h30 às 19h, e sábados,
domingos e feriados, das 12h30 às 17h30, com entrada franca.
Também na quarta entram em cartaz duas mostras individuais
da Temporada de Projetos: Rescue Smoke, de Camila Sposati, que explora
a fumaça como agente de intervenção no espaço;
e Invisíveis, de Camille Kachani, com seis obras que trazem à tona
elementos do cotidiano, como caçambas de entulho e cones feitos
em pelúcia sobre lona de caminhão (até 2 de
setembro). |