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Revista USP, número 73 (dossiê Financiamento da pesquisa no Brasil), publicação da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP, 168 páginas, R$ 16,00.

 


Sem pesquisa de ponta não há desenvolvimento e crescimento. Porém, a consciência da importância de investir em produção científica é um grande desafio. Um desafio que a Revista USP – publicação da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP – coloca em debate no dossiê Financiamento da pesquisa no Brasil (edição número 73), reunindo textos de especialistas de diversas áreas que, além de fazer um levantamento da atual situação da pesquisa brasileira, traz reflexões que apontam direções para que ela cresça e se desenvolva.

“É comum ouvir intramuros da Universidade de São Paulo que a USP responde por uma porcentagem que varia de 25% a 30% de toda a pesquisa feita no Brasil”, observa o editor Francisco Costa. “É dado inegável, pois dá a medida do alcance do trabalho da mais importante universidade do País e uma das três maiores da América Latina.”

Costa acredita que o tema da revista não se volta apenas para os acadêmicos e pesquisadores. A meta é transcender esse público e atingir a todas as pessoas esclarecidas da sociedade. “Num país como o nosso, que tem lutado desesperadamente para se desenvolver, a questão ‘quem financia a pesquisa’ adquire uma relevância especial.”

Nesta última década, o Brasil passou a responder por 1,8% da produção científica internacionalmente indexada. “Para se ter uma idéia desses números, basta dizer que cerca de 50% de todos os artigos científicos publicados na América Latina são assinados por pesquisadores brasileiros”, esclarece Costa. “Ao lado disso, temos a afirmação unânime dos autores que participam deste dossiê de que a pós-graduação no País continua dependendo fundamentalmente da universidade pública e continua restrita à região Sudeste.”

O papel das universidades – No artigo “Notas preliminares sobre financiamento à pesquisa no Brasil”, o professor Hernan Chaimovich, do Instituto de Química da USP, e Paula Melcop, assessora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), explicam que a obtenção de dados sobre financiamento à pesquisa no Brasil não é um assunto trivial até nas instituições que as apresentam publicamente. “Os problemas surgem quando se pretende investigar, por exemplo, as contribuições públicas e privadas investidas em pesquisa numa universidade, desagregadas por unidade ou por área do conhecimento, ou quando se comparam fontes diferentes dos mesmos dados.”

Segundo Chaimovich e Paula, o Brasil vem construindo uma matriz de financiamento bem diferenciada. “É premente a construção de um observatório de financiamento à pesquisa no qual os dados possam ser validados, integrados e compartilhados para estudo, análise e formação de políticas públicas”, observam. “No Brasil, como em muitos outros países, a pesquisa se realiza, sobretudo, nas universidades.”

Os autores apresentam os indicadores que revelam o impacto crescente da ciência no Brasil. Nesse contexto, lembram que a USP pode decidir se transformar numa universidade de pesquisa de classe mundial. “Um projeto nessa direção poderia ser, por exemplo, começar a se perguntar quais as medidas estruturais necessárias para que essa universidade comece a aparecer entre as cem melhores universidades do mundo na próxima década.” Porém, para tanto, sugerem duas hipóteses de mudança. Argumentam: “O surgimento crescente de programas interdisciplinares com missões específicas nas agências de financiamento demanda tanto uma presença institucional na decisão de programas quanto a operação de pesquisa crescentemente interdisciplinar. Uma outra decorrência evidente dos números apresentados se refere à estruturação do segmento da universidade que raras vezes assumiu a sua importância para a operação dessa instituição, isto é, o segmento dos docentes responsáveis por um aporte financeiro que chega a ser quase um quarto do total orçamentário”.

Produtor de ciência – A Revista USP traz um panorama favorável da produção científica de nível internacional. O artigo “O desempenho da Ciência e Tecnologia no Brasil – Uma análise a partir dos dados do CNPq” reforça que nos últimos dez anos aumentamos a nossa liderança na América Latina. Os pesquisadores Manoel Barral Neto, da Universidade Federal da Bahia, José Roberto Drugowich de Felício, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP e Erney Plessmann de Camargo, presidente do CNPq, destacam que o conhecimento e a inovação se tornaram prioritários para o desenvolvimento econômico. “Os países emergentes vêm buscando acompanhar as exigências da nova estrutura econômica aumentando o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D).” Citam a Coréia do Sul e a China como exemplos de países que se tornaram altamente competitivos graças à inovação tecnológica decorrente da incorporação de novos conhecimentos e tecnologias aos seus processos produtivos.

No artigo “A pesquisa no Brasil: o papel do capital empreendedor”, os pesquisadores Guilherme Emrich e Adelaide Maria Coelho Baêta lembram a importância da criação do CNPq, a primeira agência de fomento à pesquisa que, a partir de 1951, deu início à construção de espaços e estratégias institucionais para que a prática científica se firmasse coletivamente no País. “Hoje, numerosos grupos de pesquisa vinculados a cerca de 230 instituições de ensino e pesquisa contribuem para o acervo do conhecimento e atestam o nível de competência alcançado. A universidade e os centros de pesquisa públicos são notadamente os pilares de pesquisa em nosso país.”

O artigo aponta a importância do fortalecimento da pesquisa e seu desenvolvimento nas empresas, porém ressalta que é importante a participação do governo, através de uma legislação adequada, que estimule os pesquisadores e, em especial, os empreendedores. “Capacitar o empreendedor para o mercado internacional é um aspecto importante para o desenvolvimento de uma mentalidade de parceria em que os empreendedores e investidores possam cooperar na busca de seus objetivos”, sugerem os autores. “Outro aspecto relevante é a governança nos negócios, isto é, a transparência e a confiabilidade que fazem parte do ambiente de negócios necessários à atuação do capital empreendedor.”

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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