Com a presença da reitora Suely Vilela, calouros
da USP
voltaram à sua ex-
escola para dizer que é
possível aos alunos
do ensino
público entrar na Universidade: embaixadores
têm como
objetivo também divulgar
as diversas
políticas de
auxílio a alunos de baixa renda, como
as bolsas
de moradia,
alimentação
e trabalho
Giulianny acaba de entrar no curso de Pedagogia da
Faculdade de Educação da USP e Adriana é novata
no Instituto de Biociências. Além de estudar na mesma
universidade, as duas freqüentaram a mesma instituição
de ensino médio, a Escola Estadual Andronico de Mello, na
Vila Sônia, em São Paulo. Foi nessa escola que estudaram
20 alunos aprovados neste ano no vestibular da Fuvest – que
seleciona os candidatos a vagas na USP –, número expressivo
que levou à escolha do colégio para sediar o lançamento
da segunda etapa do projeto Embaixadores da USP, ocorrido no dia
6 passado, com a presença da reitora Suely Vilela e da pró-reitora
de Graduação, Selma Garrido Pimenta. O Embaixadores
da USP é uma iniciativa do Programa de Inclusão Social
da USP (Inclusp), instituído em 2006 com o objetivo de ampliar
o número de alunos do ensino público na Universidade
(leia mais sobre o Inclusp na página 3).
Lançado em junho graças a uma parceria das Pró-Reitorias
de Graduação e de Cultura e Extensão Universitária,
o projeto Embaixadores da USP propõe uma visita desses estudantes
egressos do ensino público às suas escolas de origem
para, como representantes da Universidade, relatarem suas experiências
no vestibular e a rotina da vida universitária. “Criamos
o Embaixadores para que os alunos saibam que é possível
estudar na escola pública e entrar na USP. Neste ano, foram
2.719 estudantes do ensino público que passaram na Fuvest,
12% a mais que no ano passado. E nossa meta é aumentar cada
vez mais esse número”, avalia a pró-reitora
Selma Pimenta.
Em suas duas etapas, o programa contou com cerca
de 700 alunos que cursaram o ensino médio em escolas da rede pública
paulista. Eles receberam todo o material de divulgação
dos programas de inclusão e bolsas-auxílio da USP
e foram instruídos pela Comissão de Graduação
de sua unidade sobre quaisquer dúvidas nos assuntos a serem
abordados. “Os universitários tiveram uma conversa
informal com os estudantes, contaram suas experiências e
responderam suas dúvidas. Todos foram calorosamente recebidos,
tanto pelos alunos como pelos professores e diretores das escolas”,
conta Selma.
Na escola Andronico de Mello, o lançamento foi acompanhado
de perto pelos alunos, funcionários, professores e pela
diretora, Solange Ferrari Bis Marques, que participou da visita
dos calouros às salas de aula. “Pude ver como é importante
que essa mensagem seja passada pelos próprios ex-alunos
da escola. Só assim os nossos alunos acreditam verdadeiramente
que é possível passar no vestibular. Essa confiança é fundamental
para que haja o interesse do aluno e para que o trabalho do nosso
corpo docente em preparar o aluno para o vestibular traga resultados
efetivos”, explica.
O
mito do vestibular – Mostrar que a USP é acessível
aos alunos da rede pública foi a principal mensagem passada
pelos embaixadores. Apesar do número expressivo de egressos
da rede pública que entraram na Universidade, ainda é muito
presente o mito de que é impossível passar no vestibular.
Mito que, por muitos anos, tem afastado os alunos do vestibular
das universidades estaduais. “Eu não sabia que tantas
pessoas da escola pública passavam no vestibular. Existe
ainda esse mito de que apenas estudantes da rede privada conseguem
uma vaga e nós somos exemplos vivos de que isso não é verdade”,
afirma Adriana Sayuri Imai, aluna do Instituto de Biociências
e uma das embaixadoras.
A caloura da Faculdade de Educação Giulianny Leal
Russo formou-se na Andronico de Mello em 1999. Antes de entrar
para a USP, ela cursou Fonoaudiologia na PUC. À época,
nem ao menos tentou prestar a Fuvest, com a certeza de que não
seria capaz de passar. “Mais do que o estudo, a confiança
foi fundamental para que eu ficasse mais tranqüila, para que
eu tivesse a coragem de prestar a Fuvest. Por isso acredito que
esta visita é uma forma de incentivar o aluno a acreditar
em si mesmo e tentar, não importa qual seja o resultado”,
conta. Como os embaixadores são ex-alunos da própria escola,
a mensagem torna-se ainda mais efetiva. “Para nós,
foi muito importante esta visita. Quando os professores falam,
parece que é apenas um sermão para que nós
estudemos mais. Mas quando vemos alunos, como nós, percebemos
que é verdade. É realmente possível estudar
aqui e entrar na USP”, conta Renata Pereira de Vasconcelos,
aluna do terceiro ano da escola Andronico de Mello.
Inclusp – Além de mostrar que é possível
entrar na universidade pública, os embaixadores têm
como objetivo divulgar as diversas políticas de auxílio
aos alunos de baixa renda, como as bolsas de moradia, alimentação
e trabalho. “Muitos alunos oriundos de famílias de
baixa renda desistem do sonho de fazer uma faculdade por não
saber que podem contar com esses benefícios. Por isso queremos
divulgar amplamente tudo que a Universidade tem a oferecer”,
explica Selma Garrido. Com os broches do Inclusp na camiseta, os embaixadores também
explicam aos alunos os benefícios desse programa. Um deles é o
bônus de 3% na nota do vestibular a estudantes que cursaram
todo o ensino médio em instituições públicas,
política ainda desconhecida por muitos alunos do terceiro
ano. “Não sabia que tinha essa vantagem. Todos esses
benefícios dão um entusiasmo extra e aumentam nossa
confiança na hora de prestar o vestibular”, afirma
Valquiria Rosa Souza, terceiro ano do ensino médio.
Com o sucesso da primeira etapa do programa, a USP planeja ampliar
a visita para calouros e veteranos, que dividirão suas diferentes
experiências sobre a Universidade com os futuros vestibulandos. “Neste
primeiro momento, previmos duas etapas, mas vamos avaliar para
ver se este ano vamos fazer mais alguma. Já no próximo
ano queremos unir a experiência do calouro, de que é possível
ingressar na USP, com a vivência universitária do
veterano”, explica a reitora da USP, Suely Vilela.
Nesta segunda etapa, os universitários divulgaram também
dois eventos importantes voltados para os alunos do ensino médio.
Eles distribuíram o catálogo USP e as Profissões,
a fim de convidá-los para a segunda edição
da Feira de Profissões – ocorrida nos dias 9 a 11
passados, na Cidade Universitária, com profissionais e professores
das mais diversas áreas, que orientaram os alunos na escolha
da carreira. Falaram também da isenção da
taxa de inscrição da Fuvest, benefício concedido
a 65 mil estudantes oriundos de famílias de baixa renda. Parceria
com o governo – O programa Embaixadores da USP
marca também uma aliança da Universidade com a Secretaria
da Educação do Estado, visando à melhora do
ensino médio na rede pública, fundamental para a
formação de alunos capazes de ingressar no ensino
superior. “A USP sempre participou ativamente na educação
pública, com projetos visando à melhora da qualidade
do ensino. O próprio Inclusp inclui esse programa pré-vestibular,
para incentivar os alunos a se dedicar ao estudo e aproveitar ao
máximo os recursos para enfrentar o vestibular. São
metas comuns à Secretaria da Educação e por
isso essa parceria é tão bem-vinda”, explica
a reitora Suely Vilela.
O lançamento do programa contou com a participação
da secretária de Estado da Educação, Maria
Helena Guimarães de Castro. Em seu discurso, ela destacou
a importância do programa criado pela USP como uma ação
efetiva na valorização do aluno da rede pública
e um exemplo a outras universidades estaduais. “Tenho certeza
de que essa iniciativa permitirá que muitos outros alunos
do ensino médio da rede pública tenham interesse,
vontade e coragem de se inscrever no vestibular. Todos esses benefícios
servirão também como estímulos para que esses
alunos entrem numa universidade”, afirma.
“Agora tenho mais confiança em mim mesma. Vou estudar
para passar no vestibular e no ano que vem estarei aqui como caloura, ”,
promete Cristiane Lepka, aluna do terceiro ano, que recebeu a visita
dos embaixadores. |