Homenagem a Paulo Emílio


O Grande Ditador
, primeiro filme falado de Charles Chaplin

O Cinusp presta homenagem ao escritor, crítico e professor de cinema Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977), que fundou nos anos 40 o Cineclube de Cinema da Faculdade de Filosofia da USP, foi responsável pela direção da filmoteca do Masp (depois transformada em Cinemateca Brasileira) e organizou o primeiro curso de cinema do Brasil, em 1965, na Universidade de Brasília. Reviver a crítica de Paulo Emílio, tão importante à história do cinema nacional, é o objetivo da mostra “Paulo Emílio: Uma Homenagem”, que inclui 11 filmes, abrindo com o documentário Paulo Emílio (Brasil, 1981), de Ricardo Elias, que evoca o contato do professor com seus alunos através da reconstituição de suas aulas. Na programação desta semana ainda estão presentes Tesouro Perdido (Brasil, 1927), de Humberto Mauro, filme mudo sobre os desencontros de dois irmãos, “a barreira da degradação fotográfica... é aqui vencida pelo frescor das imagens, que exprimem, além da natureza, algo de muito profundo em Humberto Mauro” nas palavras de Paulo Emílio; Oharu – A Vida de uma Cortesã (Japão, 1952), de Kenji Mizoguchi, história de uma mulher que fazia parte da corte do imperador, mas envolve-se com um homem de condições inferiores e termina como cortesã, “teoricamente é uma obra que teria muito contra si (...) Mas todos os defeitos potenciais de construção ou concepção são eclipsados pela qualidade intrínseca das imagens, por sua beleza de todos os instantes”; De Crápula a Herói (Itália, 1959), de Roberto Rossellini, em que “il generale della Rovere persegue deliberadamente um triunfo de bilheteria. Mas nada disso impede que à luz das preocupações mais íntimas de Rossellini a sua última fita exprima o prolongamento harmonioso de uma meditação presente em toda sua obra”; e Nascimento de uma Nação (EUA, 1915), de D. W. Griffith, que se passa durante a guerra civil americana, contando a saga de duas famílias, uma do norte e outra do sul; sobre o diretor, Paulo Emílio afirma: “se considerarmos o cinema simultaneamente em seus diversos aspectos, como linguagem, arte, indústria e expressão social, Griffith é incontestavelmente a mais poderosa personalidade de toda a sua história”. Ainda na programação, que vai até 28 de setembro, estão O Portal do Inferno (Japão, 1953), de S. Kinogasa, Noites de Cabíria (Itália, 1967), de Federico Fellini, P.E. Salles Gomes (Brasil, 1979), de David E. Neves, O Grande Ditador (EUA, 1940), de Charles Chaplin, A Regra do Jogo (França, 1939), de Jean Renoir, e A Linha Geral (União Soviética, 1928), de Sergei M. Eisenstein. Sessões às 16h e 19h, no Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias, Cidade Universitária, tel. 3091-3540). Entrada franca. Mais informações no site.

 

Autor Bom é Autor Morto

Vencedor do Prêmio de Júri Popular do Cine Esquema Novo 2007, Conceição – Autor Bom é Autor Morto é o primeiro longa-metragem da Universidade Federal Fluminense, e parte de uma conversa de botequim, idéias inusitadas e personagens excêntricos que se sucedem na tela até o confronto final entre criadores e criaturas. Segundo o pesquisador e cineasta Luiz Alberto Rocha Melo, traça um dos principais retratos autocríticos de uma juventude destinada a enfrentar o imenso deserto que é fazer cinema no Brasil. “O que vemos no filme não é autocompaixão, autocomiseração ou cinismo. Há ali um testemunho geracional, e o filme resolve extraordinariamente bem o desafio de falar, com liberdade e talento, sobre a tensão entre tradição e transformação, entre o compromisso e o desencanto, entre a loucura e a desistência”, afirma. As sessões acontecem de quarta a domingo, em vários horários, na Sala Cinemateca. Também está em cartaz o projeto Curta Cinemateca, com a mostra “O Melhor dos Festivais – Festival de Cinema Brasileiro de Gramado”, que neste sábado, às 18h, traz quatro filmes: O Macaco e o Candidato (1989), de Henrique Freitas Lima, em que a plataforma de um prefeito é a causa ecológica; Decisão (1997), de Leila Hipólito, sobre a relação entre um jovem casal com gostos aparentemente incompatíveis, futebol e dança clássica; Um Dia Logo Depois Um Outro (1997), de Nando Olival e Renato Rossi, em que o cotidiano de uma borracharia é invadido por uma loira espetacular; e Tepê (1999), de Eduardo Belmonte, apelido de um motorista de táxi que conhece tudo da vida de seu passageiro. A Cinemateca fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, tel. 3512-6101. Ingressos: R$ 8,00 e R$ 4,00 (para a mostra de curtas a entrada é franca).

 

Bola na Tela


O documentário O Jogo, sobre os bastidores do futebol

Nesta terça, às 20h, acontece a pré-estréia do documentário O Jogo (Brasil, 2007), de Nahuel Augusto Rosano, que constrói uma narrativa sobre os bastidores do esporte mais popular do mundo. Produzido em quatro meses de maneira totalmente independente, o filme tece críticas ao mercado do futebol brasileiro e revela as dificuldades e os caminhos percorridos pelos jovens que desejam fazer carreira nas divisões de base. Traz ainda uma série de entrevistas com profissionais da área, como o superintendente de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, o jornalista esportivo Juca Kfouri, o idealizador do projeto Pequeninos do Jockey, José Guimarães Junior, entre outros. O filme abre a programação da mostra “Bola na Tela”, que inclui curtas e longas sobre futebol, como Cartão Vermelho (Brasil, 1994), de Laís Bodansky, comédia que narra a trajetória de uma garota que sonha em integrar a seleção brasileira; Perigo Negro (Brasil, 1992), de Rogério Sganzerla, tratando da ascensão e queda de um jogador de futebol vistas por um torcedor fanático e sua mulher volúvel; e o raríssimo filme mudo Os Onze Diabos (Alemanha, 1927), dirigido por Zoltán Korda, que já profetizava o futebol como esporte do século. No Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 3062-9197). A entrada é franca.

 

Luchino Visconti e Ettore Scola

O ciclo Dois em Um: Luchino Visconti e Ettore Scola traz apenas dois filmes de cada diretor, grandes nomes não só do cinema italiano, mas mundial. Abrindo a mostra, o grande clássico de Visconti, Morte em Veneza (Itália/França, 1971), baseado no romance do escritor alemão Thomas Mann sobre um compositor de meia-idade (inspirado no austríaco Gustav Mahler), que ao passar férias em um balneário acaba vivendo uma secreta paixão por um garoto andrógino (até quinta); e ainda seu último filme, realizado antes de falecer, em 1976, sem ter a chance de vê-lo montado, O Inocente (Itália, 1976), ambientado no final do século 19 é adaptado do romance homônimo de Gabriele D'Anunzio, abordando a conturbada vida amorosa de um aristocrata (de 28 de setembro a 4 de outubro). E de Scolla são exibidos sua obra-prima Um Dia Muito Especial (1977), 6 de maio de 1938, em que os fascistas italianos comemoram a visita que Adolf Hitler faz a Mussolini (a partir de sexta até dia 27 de setembro), e o recente Concorrência Desleal (2001), que se passa na década de 40, quando dois alfaiates disputam clientela à base de provocações e apelações para atrair fregueses. No HSBC Belas Artes (r. da Consolação, 2.423, tel. 3258-4092). Ingressos: R$ 8,00 (segunda e quarta, exceto feriados) e R$ 14,00.

 

Bem-Vindo a São Paulo


Visões nacionais e internacionais da capital paulistana

A Mostra Internacional de cinema em São Paulo convidou vários cineastas internacionais para iniciar o projeto de um longa-metragem com distintas visões sobre a cidade, resultando depois de três anos no longa Bem-Vindo a São Paulo. Narrado por Caetano Veloso, que também participa de dois segmentos do filme com sua emblemática canção Sampa, traz por exemplo a visão do Marco Zero, no entorno da Catedral da Sé, pelo australiano Phillip Noyce, incluindo vários depoimentos sobre as peculiaridades de São Paulo, em que registra um turismo curioso, com um grupo de estudantes em excursão pelo centro histórico de São Paulo, e um pastor bíblico dos novos tempos; Natureza-Morta, pelos brasileiros Renata de Almeida e Leon Cakoff, registro de uma exposição fotográfica, refletindo sobre a memória; A Garçonete, uma visita ao bairro da Liberdade por Kiju Yoshida (Japão); Alguma Coisa Acontece, em que as esquinas entre as avenidas Ipiranga e São João são vistas pela câmera de Maria de Medeiros (Portugal/França); Aquário, por Tsai Ming-Liang (Taiwan), com os ambulantes da cidade, em dia de chuva; Signos, de Max Lemcke (Espanha), colagem vertiginosa sobre o excesso de informações visuais e a sedução de cada uma delas; e Modernidade, de Amos Gitai (Israel), que mostra um novo hotel da cidade abordado dentro dos conceitos de uma arquitetura futurista. Há ainda Manhã de Domingo, de Mika Kaurismäki (Finlândia), Concreto, narrado por Caetano Veloso, Novo Mundo, de Jim McBride (EUA), Ensaio Geral, de Hanna Elias (Palestina), Esperança, de Ash (EUA), Fartura, de Mercedes Moncada (México) e Franco de Peña (Venezuela), Formas, de Andrea Vecchiato (Itália), Esperando Abbas, de Leon Cakoff (Brasil), Odisséia, de Daniela Thomas (Brasil) e Bem-Vindo a São Paulo, de Wofganga Becker (Alemanha). O roteiro é assinado por Leon Cakoff, e música de André Abujamra. A estréia acontece nesta sexta, simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 
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