Todos os segmentos da comunidade uspiana e de seu entorno serão convidados para participar de um amplo fórum que vai discutir o uso sustentável do campus da USP do Butantã. A iniciativa, cuja data será anunciada em breve, é da Prefeitura da Cidade Universitária. No mesmo espaço, debaterão estudantes, professores e funcionários da USP, além de representantes de diversos outros segmentos que utilizam a área do campus, como os bancos, os moradores das comunidades do entorno e os ciclistas. “Nesse fórum vamos procurar ver de que maneira podemos ter outras atividades aqui sem que isso fira aquelas que são essenciais à Universidade, como o ensino e a pesquisa”, diz o prefeito do campus, professor Adilson Carvalho. “A Universidade não tem a intenção de cercear a liberdade de ninguém, mas também não pode admitir que as pessoas que vêm usar o campus interfiram nas nossas atividades essenciais.”

Carvalho reconhece que a cidade de São Paulo carece de espaços públicos destinados ao lazer, o que atrai para o campus especialmente ciclistas e corredores. Entretanto, são conhecidos de toda a comunidade os conflitos entre os ciclistas e os motoristas, principalmente os dos ônibus urbanos e circulares, o que exigiu diversas intervenções da Prefeitura do campus. O professor afirma que foram realizadas inúmeras reuniões com representantes das federações de ciclismo para conscientizar os esportistas da necessidade de adequação a regras e horários, fazendo com a situação melhorasse. “Porém, a vigilância deve ser constante. Se relaxarmos, os problemas voltam”, ressalta Carvalho. Um dos projetos

prevê que todos os ciclistas que usam o campus para treinamento tenham na bicicleta uma placa com número de identificação. Assim, qualquer eventualidade pode ser mais facilmente comunicada à Guarda Universitária ou à Prefeitura.

Baterias – O professor Adilson Carvalho ressalta que, em todos os assuntos referentes à convivência de segmentos diferentes no campus, devem prevalecer o diálogo, o acordo e a busca de soluções consensuais. “Se conseguirmos regulamentar, não precisaremos cercear”, pondera. O exemplo vale para situações como os ensaios de baterias e as festas nas unidades. “O próprio pessoal das baterias está se convencendo de que essa é uma atividade incompatível com as aulas se não forem tomados os devidos cuidados com o local onde tocam”, diz. O grupo da Escola Politécnica já ensaia nas proximidades da Raia Olímpica. A intenção é que seja cedido um espaço no Velódromo (junto ao Centro de Práticas Esportivas da USP, o popular Cepê) para que os grupos toquem sem que o som prejudique alunos e professores em sala de aula. Também o Velódromo deve ser o local destinado para a realização de festas promovidas pelos centros acadêmicos – “com regulamentação, número controlado de participantes e responsabilidade de quem organiza”, salienta Carvalho.

Outro tema que vem ocupando a Prefeitura é a proliferação de cachorros. “É muito grande a quantidade de intervenções da Guarda Universitária flagrando pessoas que vêm largar filhotes aqui”, diz Carvalho. Em várias unidades, os cães acabam sendo “adotados” por funcionários ou outros usuários, que lhes dão comida e água – porém, também tem crescido a quantidade de ataques dos animais a freqüentadores do campus. A Prefeitura mantém um canil cuja finalidade é albergar os cachorros até que eles sejam levados por um novo dono. Na prática, a idéia não vingou e o canil está superlotado. Entidades de defesa dos animais têm sido chamadas a participar de encontros para a busca de soluções. Porém, alerta o professor, se não for viabilizada uma saída, será acionado o Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo, responsável pela apreensão de animais domésticos abandonados em via pública.

© Cecília Bastos
Carvalho: um forum para todos

Conversações – A segurança no campus é atribuição da Prefeitura, à qual está subordinada a Guarda Universitária. Adilson Carvalho reconhece que alguns problemas nessa área têm se agravado. O número de ocorrências relacionadas a roubos, furtos e assaltos, por exemplo, tem crescido nos últimos meses. No semestre passado, a Polícia Militar deixou de operar na base que mantinha na Prefeitura. A base foi desativada após incidentes entre a PM e integrantes de parte dos segmentos que promoveram a invasão da Reitoria, entre maio e junho. Até então, os policiais utilizavam viaturas e entravam na mesma freqüência de rádio da Guarda Universitária, chegando com rapidez nas ocorrências. Agora, para acionar a PM é preciso ligar para o 190 e esperar que uma viatura seja deslocada para o campus, o que às vezes demora e impede que sejam lavrados os flagrantes. A Guarda Universitária atua em prevenção e patrulhamento, mas não tem poder de Polícia.

O prefeito salienta que ainda não há um espaço de tempo suficiente para identificar se o aumento do número de ocorrências está diretamente relacionado à saída da PM ou se é um pico sazonal. Entretanto, a situação vem causando dificuldades. Uma delas é o fato de que o portão de pedestres que liga a USP ao Jardim São Remo está sem vigilância à noite e permanece aberto – ao contrário dos demais, que entre meia-noite e 5 horas ficam fechados ou só dão acesso ao campus com identificação. Sem o apoio da PM, diz o prefeito, “nenhum guarda quer ficar ali à noite”.

Há conversações para que a PM volte a ter uma base no campus, mas o comando da corporação já deixou claro que o retorno só se dará em novas condições. Entre elas, que haja um desejo expresso da Universidade nesse sentido e que a base seja localizada nas proximidades do Portão 1. A Polícia também passaria a usar apenas seus próprios equipamentos e viaturas. “Não acredito que alguém possa se opor a isso, até porque a comunidade que freqüenta o campus quer segurança”, diz Carvalho. “O que tenho falado sempre é que a USP não é um oásis. Ela está dentro da cidade de São Paulo e, portanto, sofre dos mesmos problemas, até agravados pelo fato de que aqui não há policiamento ostensivo.”

Câmeras – O prefeito aguarda para os próximos dias a solução de um impasse que até agora impediu um reforço à segurança: a definição da empresa que vai implantar o projeto de vigilância por câmeras. O edital para implantação do sistema foi lançado no ano passado, mas cada uma das três empresas classificadas apresentou impugnações referentes aos aspectos técnicos contra as demais. Um especialista da Escola Politécnica e a Consultoria Jurídica da USP estão atuando na busca de soluções para o problema. Definida a vencedora – e não havendo contestação judicial –, o contrato será assinado e homologado, com previsão de início de implantação ainda neste ano.

Outra medida que contribui para a segurança é a melhoria da iluminação. Uma sensível diferença já pode ser notada na avenida da Universidade (que dá acesso ao Portão 1): a altura dos postes foi diminuída, fazendo com que a luz não incida mais sobre a copa das árvores. Intervenções semelhantes têm ocorrido em outras áreas e continuarão a ser realizadas de acordo com a disponibilidade orçamentária, ressalta o prefeito.

 

 

Motoristas poderão ser multados

Está em exame na Consultoria Jurídica da USP uma proposta de convênio com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para que possam ser aplicadas multas aos motoristas que cometam infrações na Cidade Universitária. Para o prefeito Adilson Carvalho, a medida, quando implementada, vai contribuir também para a diminuição de conflitos entre motoristas e ciclistas.

Entre os principais problemas verificados no campus estão o excesso de velocidade e o estacionamento em local irregular, como o uso indevido das vagas exclusivas de portadores de deficiência. Passam pelas portarias, em média, 1.800 veículos por hora entre as 5 horas da manhã e a meia-noite. Cerca de 60 mil veículos utilizam o campus como passagem para cortar caminho, evitando principalmente trechos congestionados da Marginal Pinheiros. A Prefeitura adotou alguns bloqueios nas vias principais do campus nas primeiras horas da manhã, o que obriga esses motoristas a fazer algumas voltas a mais e evita os “nós” que ocorriam no Portão 1, quando a entrada de funcionários, estudantes e professores ficava dificultada por esse trânsito de passagem.

 
PROCURAR POR
NESTA EDIÇÃO
O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
[
EXPEDIENTE] [EMAIL]