O ônibus a etanol da Escola Politécnica: muitas vantagens em relação ao motor a diesel
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durante um ano na cidade de São Paulo, a partir de dezembro, como teste para demonstração de viabilidade, no corredor Jabaquara-São Mateus, com parada em nove terminais e atendimento a quatro municípios: São Paulo, Diadema, São Bernardo do Campo e Santo André.
O etanol – um álcool hidratado
para combustível – precisa de aditivo
para ser utilizado em motores
diesel, pois não tem propriedade
de auto-ignição por compressão,
que é a tecnologia do motor diesel.
O aditivo permite uma combustão
mais rápida e com maior eficiência
energética. Estudos indicam que o
ônibus consome aproximadamente
60% a mais de etanol do que de
diesel para percorrer a mesma distância.
Embora o etanol seja 50%
mais barato que o diesel, as despesas
precisam de análise, pois há a necessidade
de acrescentar o custo do
aditivo. Por enquanto, a sueca Sekab
é a única empresa a produzir aditivo
para motor a base de etanol.
Caberá à equipe da USP monitorar
e avaliar a eficiência energética
do etanol como combustível. Após
os resultados, a equipe do Projeto
Best e a União Européia fornecerão
recomendações para a formulação
de políticas públicas que incentivem
o uso do etanol no transporte
público urbano. “É um projeto de
conscientização da sociedade e quer
chamar a atenção dos formadores
de opinião de que essa tecnologia
está disponível e pode ser encarada
como uma tecnologia comercial”,
diz Moreira.
O professor conta ainda que a
Suécia optou, desde 1985, pelo uso
desse combustível na frota de ônibus.
“Embora ele seja mais caro,
preferiram dar mais valor à redução
da poluição local, para a melhoria
da qualidade de vida, do que ao
custo. Num país onde a passagem
de ônibus tem valor elevado em
comparação a São Paulo, é mais fácil
absorver esse combustível, inclusive
porque no início recebeu subsídio
do governo. De qualquer forma, a
Suécia tem quase 600 ônibus em
operação e 200 deles foram incorporados
no programa Best.” Diesel e etanol – O investimento
no Projeto Best é da ordem de R$
1,6 milhão e o custo do veículo sai
em torno de R$ 500 mil, quase o
mesmo preço do ônibus atual, segundo
Paulo José Guarese, gerente
executivo de Projetos Especiais
da Marcopolo. Ao se comparar
a tecnologia do ônibus a diesel
usado na frota de São Paulo com
a tecnologia usada para o ônibus a
etanol, verifica-se que a diferença
é pouca, afirma Moreira. “A taxa
de compressão de um motor a
diesel comum é de 18:1, enquanto
a do motor a etanol é de 28:1. Isso
significa alteração da dimensão do
cilindro. A eficiência energética é
igual à do motor a diesel, mas consome
mais combustível. O vilão é
a quantidade de energia contida
num litro de etanol, que é muito
menor do que num litro de diesel,
assim como o volume também.”
O veículo de teste será incorporado
primeiramente à frota da
operadora Metra (Sistema Metropolitano
de Transporte), indicada
pela Empresa Metropolitana de
Transportes Urbanos de São Paulo
(EMTU), e a mais uma operadora,
escolhida pela SPTrans, que
gerencia o transporte de ônibus na
capital paulista.
Segundo Moreira, o etanol deve
ser incentivado por vários motivos,
entre eles, a alta produção de álcool
do Estado de São Paulo – maior
produtor do País – e o combate à
poluição. Esse combustível permite
a redução de 92% de monóxido
de carbono, 93% de material particulado,
83% de hidrocarboneto
e 100% de enxofre. “O que mais
interessa é a diminuição do dióxido
de carbono. A quantidade
emitida é muito baixa, em torno
de dez quilos. É um combustível
renovável, limpo e biodegradável.
Atende aos limites de emissão de
poluentes da Euro 5 (regulamentação
de emissões de poluentes
que entrará em vigor em 2009, na
Europa). Não contém enxofre, o
responsável pela chuva ácida, reduz
em mais de 80% as emissões
de gases do aquecimento global.
Estimula o emprego na zona rural
e é um produto disponível em
larga escala no País.”
O ônibus a etanol circulará em quatro cidades e servirá como um teste para que mais veículos com o mesmo combustível sejam incorporados à frota de São Paulo: alternativa viável para combater a poluição atmosférica |
A apresentação do ônibus movido
a etanol contou com a participação
do prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab, que se prontificou
a defender o projeto, deixando à
disposição o secretário da SPTrans,
Alexandre Moraes, e pediu mais
colaboração das empresas presentes,
para que colocassem mais dez
ônibus em operação até o início de
2008, o que foi aceito pelo diretor
da Coopersucar, Aloísio Nunes de
Almeida, e pelo gerente executivo
de Assuntos Institucionais do Produto
Scania, José Henrique Senna.
O secretário da SPTrans explicou
que o pedido do prefeito aos parceiros
do projeto para operarem
imediatamente mais dez veículos
é a melhor forma de ter em larga
escala os resultados mais importantes
do projeto. A partir daí,
pode-se pensar em implementar o
projeto na frota de 15 mil ônibus
da cidade de São Paulo. “Com a
redução da emissão de gases que
geram o efeito estufa e com a ausência
da emissão de enxofre, se
multiplicarmos por 15 mil ônibus
que rodam quase 24 horas na cidade,
teremos inevitavelmente uma
melhoria para o ambiente não só
do Brasil, mas do mundo.”
O Brasil é o primeiro país das
Américas a ter ônibus movido a
etanol em circulação pelo Projeto
Best. Outras cidades da Europa
e Ásia participam do programa:
Estocolmo (Suécia), Madri (Espanha),
Roterdã (Holanda), La
Spezia (Itália), Somerset (Inglaterra),
Nanyang (China) e Dublin
(Irlanda). |