O pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Armando Corbani, gostou dos resultados da avaliação feita pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) dos 2.175 programas de pós-graduação existentes no Brasil em 2006 (em 2003 eram 1.783), dos quais 221 são da USP. A qualidade progressiva e a liderança da produção intelectual da USP ficam ressaltadas quando se comparam nacionalmente, regionalmente ou dentro do próprio Estado de São Paulo os principais indicadores de qualidade levados

Foto crédito: Francisco Emolo

em conta pela agência avaliadora: a produção em nível internacional de capítulos de livros, de livros, de periódicos e a produtividade geral. Corbani observa que os resultados dessa avaliação, relativa aos anos de 2004 a 2006, ainda são parciais, cabendo recurso em cada caso, o que poderá melhorar ainda mais os conceitos.

Na avaliação anterior, de 2001 a 2003, havia na USP 28 notas 3, a mais baixa possível para sobrevivência do programa, número agora reduzido para 16, ou 43% a menos. No outro extremo, aumentou em 25% a quantidade de programas com nota máxima, 7, passando de 20 para 25. Quanto às notas 6, permaneceram estáveis, 35, mas as notas 5 tiveram pequeno aumento, de 79 para 83. Segundo o pró-reitor, a Universidade precisa acompanhar bem os programas com nota 4, que eram 58 e são agora 62. Corbani observou que pela primeira vez o número de programas nota 5 supera a soma dos

programas notas 3 e 4, e há mais notas 7 do que notas 3 (25 contra 16), o que dá uma boa idéia da melhora de qualidade dos programas da pós em geral.

Segundo o professor, a elevação das notas se deve em parte ao trabalho da comissão supervisora dos programas, que nas avaliações anteriores recebiam notas de 3 a 5. Cabe à comissão, criada ao tempo em que a atual reitora, Suely Vilela, era pró-reitora de Pós-Graduação, promover encontros com os responsáveis pelos programas supervisionados, examinar os projetos de recuperação por eles apresentados, traçar estratégias e, na hora de preencher os dados pedidos pela Capes, quase que assumir a tutela desses programas. Fazem parte da comissão supervisora professores com larga experiência em pesquisa, geralmente presidentes das comissões de pós-graduação.

A avaliação da Capes se faz anualmente, mas é consolidada a cada três anos, quando a instituição divulga as notas. De acordo com o diretor de Avaliação da Capes, professor Renato Janine Ribeiro, entre os critérios adotados pela agência oficial estão a produção científica qualificada do programa; a boa distribuição da produção científica entre os docentes; a formação de mestres e doutores, que, na última avaliação, nas notas 6 e 7 indicava uma titulação média de 1,4 mestre para cada doutor; e boa distribuição da orientação dos alunos. Observe-se que a nota máxima possível de programa em nível de mestrado é 5; 6 e 7, apenas no doutorado.

Segundo Corbani, os pontos mais fracos detectados na USP pela Capes estão na área da saúde, com maior concentração de notas 3 na Odontologia. Ciência da Saúde tinha 15 notas 3 na avaliação anterior, número que caiu para 7, indicando redução de 50%. Nas engenharias observou-se incremento de notas 3, enquanto o melhor nível de ensino e pesquisa foi registrado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que teve três programas nota 7. O pró-reitor destaca que a inserção internacional do curso é um critério para melhorar a nota.

Comparação – Corbani comparou os resultados da USP com os relativos ao País todo, à Região Sudeste e ao Estado de São Paulo. Nacionalmente, a USP possui 33,3% dos programas nota 7, e 24,3% dos programas nota 6. Relativamente ao Sudeste, esses números são, respectivamente, 40% e 32,4%, e no âmbito do Estado, 55,6% e 55,6%.

Mais números: na USP, 64,7% dos programas estão avaliados com notas entre 5 e 7, o que corresponde a 20,5% dos programas do País, e melhora ainda mais quando se analisam as notas 6 e 7 apenas, pois o número sobe para 27,1%.

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Armando Corbani: “A elevação das notas se deve em parte ao trabalho da comissão supervisora dos programas”

Na análise dos indicadores de produção científica, o pró-reitor observou que, na publicação de capítulos de livros, o quadro nacional é o seguinte: Direito da PUC-SP: 288; Saúde Pública da USP: 251; Pediatria da Unifesp: 249; Neurologia da USP: 230; Cardiologia da USP: 224. Na publicação de periódicos internacionais (produção total): Física da USP: 1.061; Química da Unicamp: 910; Física da Unicamp: 741; Química da USP: 599; Física da USP de São Carlos: 558. Na produção de livros: Direito da USP: 78; Direito da PUC/SP: 57; Educação da USP: 53; Integração da América Latina (USP): 51; Direito da UERJ: 51.

Na produtividade por docente (artigos em periódicos internacionais): Farmacologia da FMRP (USP): 19,38; Fisiopatologia da Unicamp: 16,94; Enfermagem da UFC (Ceará): 15,83; Física da Universidade Federal de São Carlos: 14,93; Química Inorgânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro: 14,93.

Também no conceito internacional o professor Corbani observa melhora progressiva da USP. No ranking das 500 melhores universidades do mundo elaborado pelo Instituto de Altos Estudos da Universidade Xangai Jiao Tong, a USP ficou em 128º lugar; na classificação do ano passado era a 134ª. Atrás ficaram as Universidades de Buenos Aires, Argentina, e Autônoma do México, empatadas na 165 a posição. As outras brasileiras que figuram na classificação chinesa são Unicamp (298º), UFRJ (335º), Unesp (449º) e, pela primeira vez, Universidade Federal de Minas Gerais (449º).

Concorrência – A conclusão do pró-reitor de Pós-Graduação é que, no período avaliado pela Capes (2004 a 2006), a USP revelou desempenho excepcional, aumentando a produção de conhecimento tanto qualitativa quanto quantitativamente, e num cenário em que a concorrência também cresce a olhos vistos. “Está cada vez mais difícil subir um degrau no ranking internacional de excelência, mesmo assim a USP é a única das universidades da América Latina e do Caribe que todo ano consegue fazê-lo”, observa Corbani, referindo-se à classificação feita pela Universidade de Xangai.

Ainda que não possua nenhum Prêmio Nobel, que é um dos principais critérios para avaliação da qualidade da pesquisa de uma instituição, a USP se mantém à frente de instituições que abrigam pesquisadores com estreitos vínculos com ganhadores daquele prêmio e por isso possuem boa visibilidade, mas não necessariamente a melhor produção científica. De acordo com o professor, estão nessa situação mais de cem universidades, todas classificadas abaixo da USP. Se o prêmio máximo até hoje atribuído à ciência não é decisivo para a melhor classificação, a inserção no plano internacional é fundamental. É que nenhuma instituição de pesquisa trabalha isoladamente, mas de forma cooperativa, e a própria questão da língua, que até recentemente era considerada fator negativo quando se tratasse, por exemplo, do português, porque pouco usado no campo da ciência, não representa mais nenhum empecilho, visto que os pesquisadores do mundo inteiro se comunicam em inglês.

Corbani, que vem de uma área estratégica, a física, chama a atenção para a necessidade de a Universidade formar dois tipos de profissional, o pesquisador e o professor, embora nenhum deles possa prescindir da formação básica comum aos dois perfis. É certo que toda pesquisa, além do interesse científico, acaba tendo impacto direto na sociedade. Isso acontece especialmente quando uma pesquisa básica resulta em remédio ou vacina que preservam a vida de milhares de pessoas. Vale também a observação de que o ensino da ciência – matemática, física, química, biologia – precisa ser levado às escolas de todos os níveis por docentes com alta qualificação.

 
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