Stranded, de
Gonzalo Arijón,
abre o festival
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Stop Making Sense, recebeu premiação tripla no Festival de Veneza do ano passado. E Geração 68 (França, 2007), em que o diretor Simon Brook – que já havia participado em 2003 do É Tudo Verdade, com Brook por Brook, um Retrato Íntimo, sobre o seu pai e diretor de teatro Peter Brook – mostra toda a agitação daquela época, com as greves estudantis que abalaram a Europa e a América Latina e o engajamento político e social que contaminou as artes em geral e derrubou tabus em relação ao comportamento sexual.
Destaque ainda para Relato de Memória (13 Lembranças do Documentário – Descrição de um Combate), do diretor israelense Dan Geva, que retoma 47 anos depois o filme Description d'um Combat, de Chris Marker, filmado em 1960, que mostrava Israel como uma jovem nação. Nesse filme, Geva refaz o trajeto, explorando novos cenários e criando um diálogo entre ambos os filmes para analisar as expectativas frustradas à luz da guerra permanente. E o curta-metragem Salim Baba, co-produção entre Estados Unidos e Índia, com direção de Tim Sternberg, sobre o homem do título, um senhor apaixonado pelo cinema, filme que é finalista na disputa do Oscar deste ano.
Dentro da retrospectiva internacional estão filmes do ciclo 10 Documentários que Mudaram o Mundo, realizado em outubro do ano passado em Londres pelo British Film Institute, com curadoria do consagrado crítico Mark Cousins, que selecionou filmes como Tiros em Columbine (EUA/Canadá/Alemanha, 2002), do polêmico Michael Moore, que tem como ponto de partida o massacre de 12 alunos e um professor por dois estudantes, nos Estados Unidos, em 1999; o inglês Morte de Uma Nação: A Conspiração Timorense (1994), de David Munro e John Pilger, vencedora do prêmio do público no Festival de Amsterdã, que faz um levantamento sólido sobre o massacre da população no Timor Leste, ocorrido em 1991, comprovando a cumplicidade criminosa por parte dos governos ocidentais; e A Revolução não vai Passar na TV (2003), produção irlandesa de Kim Bartley e Donnacha O'Brian, filmada no calor da hora, sobre o golpe de Estado, que em 11 de abril de 2002 depôs brevemente o presidente da Venezuela Hugo Chávez.
Jimmy Carter,
de Jonathan
Demme está
em Programas
Especiais
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Documentário experimental – Na competição brasileira, dos 18 filmes que competem, 17 são lançamentos mundiais, mostrando assim a vitalidade da cinematografia brasileira, como afirma o crítico Amir Labaki. Entre eles, três biografias: João, comentarista esportivo e técnico da seleção brasileira, demitido às vésperas da Copa de 1970; um olhar singular sobre o poeta Waly Salomão; e ainda detalhes sobre a carreira do cantor Simonal. Também, pela primeira vez, o festival exibe a mostra especial Vidas Brasileiras, com seis títulos selecionados que retratam personalidades, como o escritor Antonio Callado, o cineasta Joaquim Pedro de Andrade e o músico Caetano Veloso.
Filmes experimentais compõem a retrospectiva brasileira, reunindo 23 obras produzidas entre 1929 e 2007. Entre os destaques, Chapeleiros (1983), de Adrian Cooper, premiado nos festivais de Havana e Oberhausen (eleito para a mostra “Os Melhores Filmes em 40 Anos”), abordando, sem diálogos, o conflito entre tradição e modernidade a partir de uma fábrica de chapéus do início do século 20; Dormente (2005), do diretor Joel Pizzini, que utiliza diferentes texturas e enquadramentos para captar a sensação de passagem e deslocamento a partir de estações de metrô e linhas de trem; Sopro (2004), de Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander, obra que integra o acervo permanente do Museu Guggenheim, de Nova York, em que uma bolha de sabão serve de metáfora sobre a natureza; e São Paulo, Sinfonia e Cacofonia (1994), de Jean-Claude Bernardet, um dos mais importantes teóricos do cinema brasileiro, que documenta a identidade da metrópole através de trechos de filmes de várias épocas.
São
Paulo, Sinfonia
e Cacofonia,
de Jean-Claude
Bernardet,
que integra a
retrospectiva
brasileira Documentário
Experimental,
tema
que se repete
na conferência
internacional
deste ano
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Há ainda as seções O Estado das Coisas, Foco Latino-Americano e Horizonte, Homenagens para os grandes mestres do cinema mundial Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni e Round Midnight, que apresenta dois trabalhos abordando a trajetória do grupo Joy Division e sua trajetória seminal, interrompida pelo suicídio do vocalista Ian Curtis, aos 23 anos, em 1980; e do escritor beat norte-americano William Burroughs. E completando a programação, a 8a Conferência Internacional do Documentário acontece na próxima semana, de 2 a 4 de abril, com a participação de Jorgen Leth, grande nome do documentário dinamarquês e inovador do gênero, e Jean-Pierre Rehm, diretor do Festival de Marselha, além de pesquisadores brasileiros, que este ano vão discutir o documentário experimental.
O festival É Tudo Verdade vai até 6 de abril, em várias salas da capital (entre elas, Centro Cultural Banco do Brasil, Cinemateca, Cinesesc, Reserva Cultural e Cinusp com mostra paralela à conferência), sendo exibido simultaneamente no Rio de Janeiro; depois segue para Brasília, e ainda prevê extensões em Bauru, Recife e Caxias do Sul. Programação completa e mais informações podem ser obtidas no site www.etudoverdade.com.br.
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