Geraldo de Barros, Tuca Vieira, Leya Mira Brander e mais 24 artistas dos grupos Poro, Cine Falcatrua, Laranjas, GIA (Grupo de Interferência Ambiental) e Espaço Coringa, integrantes do cenário artístico brasileiro passado e atual, estão presentes na inauguração do primeiro ciclo de exposições do Centro Universitário Maria Antonia, que tem

como objetivo misturar artistas das mais diferentes origens, gerações e correntes estéticas.

“Fotoformas e Suas Margens”, título da mostra do fotógrafo, desenhista e designer de móveis Geraldo de Barros, é resultado das pesquisas de mestrado de Heloisa Espada, curadora da exposição, que pretende mostrar, através da organização das obras, seu ponto de vista histórico sobre a produção do artista, com destaque para seus trabalhos mais conhecidos, as fotoformas. Foi no momento de transição e entrada da corrente abstracionista no Brasil, em meados da década de 50, que Geraldo de Barros inicia seu processo de amadurecimento, experimentando o construtivismo e a arte concreta, na qual se especializaria. Faz uma trajetória da preferência pela geometria ao

Ateliê em Paris (1951), superposição de imagens no fotograma de Geraldo de Barros

longo dos trabalhos, que tratam da percepção de figuras e fundos, até chegar a sua vertente final, com uma produção programática, repetitiva e mais racional. Pode-se notar, “de um lado, a busca por uma criatividade 'pura' e espontânea, não corrompida pelo saber artístico convencional... de outro, a confiança na máquina como instrumento de um processo criativo racional e perfeitamente previsível”, explica a curadora.

Em “Fotografia de Rua”, Tuca Vieira expõe seu mais recente trabalho de observação sobre centros urbanos, registrando momentos, cenas do cotidiano e personagens de São Paulo. O fotógrafo busca uma cidade imaginária, no sentido de que “toda cidade é composta em parte pela sua concretude e parte pelo imaginário que desperta em cada habitante. Logo, as cidades só podem existir enquanto narrativa”, escreve Eder Chiodetto, curador da mostra. Ele explica que “'Fotografia de Rua' é um dos avessos possíveis da cidade de São Paulo. Insólito, misterioso, permeado por uma atmosfera lúgubre que denota a solidão do andarilho, este ensaio mescla influências da tradição da fotografia de rua francesa com a estética sedutora dos filmes noir...”. São 30 imagens em preto-e-branco que reconstroem os locais visitados pelo artista, dotando-os de novos significados.


Imagem do fotógrafo Tuca Vieira: novos significados

Leya Mira Brander materializa possibilidades de interpretação quase infinitas sobre diversos acontecimentos do mundo e sua esfera pessoal nas gravuras de “Tudo que Eu Sei”. A partir da técnica de reprodução de séries de desenhos por meio de uma matriz, no caso, o metal, “Leya cria um mecanismo que permite uma infinidade de novos arranjos para um conjunto de imagens que também pode ser aumentado”, conta Fernanda Pitta, que assina o texto crítico do catálogo. Pequenas variações no desenho da matriz metálica “compõem um universo extenso e, quem sabe, infinto”, diz. São imagens, palavras e sensações que se articulam e recombinam sem nunca se repetir e que “se diferenciam apenas pela quantidade que guardam de um de seus componentes”.

Por fim, “Campo Coletivo” reúne, sob curadoria de Fernanda Albuquerque e Gabriela Motta, cinco grupos de artistas de Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre, Salvador e São Paulo, representando uma das mais atuais correntes artísticas do Brasil. São eles, respectivamente: Poro, Cine Falcatrua, Laranjas, GIA e Espaço Coringa, e, juntos, transformam o espaço da mostra em uma “midiateca, um lugar de conversa e consulta que se organiza em quatro núcleos: materiais gráficos, projeções, ativações e biblioteca”, explicam as curadoras. A exposição é composta por cartazes, panfletos, adesivos, livros, catálogos e registros de ações e intervenções públicas dos artistas, propondo novas maneiras de fazer e discutir a arte. Devido à filosofia do copyleft adotada pelos grupos, todo o material exposto poderá não apenas ser visto como copiado pelo público. Ao longo do período de exibição serão realizadas as chamadas “ativações”, oficinas, debates, conversas e mostras de filmes com os artistas e convidados, discutindo o coletivismo e a arte como meio de atuação na esfera pública.

As exposições ficam abertas ao público até 1º de junho, de terça a sexta, das 12h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h, no Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, Vila Buarque). Mais informações pelo tel. 3255-7182. Entrada franca.

 
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