Eram duas, USP e Federal do Rio de Janeiro, agora são quatro, com o acréscimo da Unicamp e da Federal de Minas Gerais, as universidades brasileiras que integram a Rede de Macrouniversidades da América Latina e Caribe, que no dia 13 de março elegeu por aclamação a reitora da USP, Suely Vilela, para presidi-la por dois anos. A entidade reúne 32

Foto crédito: Francisco Emolo

instituições de ensino superior de ponta, atuando em sintonia com a Unesco, representada pelo Instituto Internacional para a Educação na América Latina e no Caribe (Iesalc). Por sinal, a Unesco promove em julho de 2009, em Paris, reunião sobre educação superior na qual se espera que os latino-americanos tenham o que mostrar.

Com a adesão de mais universidades e a eleição da reitora da USP na 4a Assembléia Geral, realizada na Universidade Nacional da Costa Rica, o Brasil aceita e começa a pôr em prática o convite do principal fundador e primeiro presidente da rede, professor Juan Ramón de La Fuentes, da Universidade Nacional do México, para que o maior país da América Latina tenha presença mais destacada no grupo acadêmico assim organizado.


À frente da entidade, Suely Vilela não pretende desempenhar um papel apenas decorativo, mas anuncia um programa consistente para a rede em geral e para os parceiros brasileiros em particular, que, se depender dela, terão atuação diferenciada e um programa conjunto. A professora já começa a marcar datas para dar início a visitas a reitores das instituições congregadas. A sede da rede continua sendo no campus da Universidade Nacional do México, pois foi o seu reitor o primeiro presidente da entidade e é lá que fica a estrutura administrativa. Isso não quer dizer que a presença da presidente agora eleita seja freqüentemente exigida no México em razão disso. Os modernos meios de comunicação dispensam as viagens em excesso, comenta Suely.

O termo macrouniversidades designa, em princípio, escolas com mais de 40 mil alunos. Se de fato nem todas que integram a rede possuem tantas matrículas, é certo que não podem deixar de oferecer cursos em várias áreas, nos níveis de graduação e pós-graduação, além de desenvolver pesquisas na fronteira do conhecimento. Basicamente, são três os programas da rede destacados pela reitora da USP:  de cooperação regional e investigação científica e tecnológica, que desenvolve projetos oriundos de diferentes universidades e relacionados, por exemplo, com energia e meio ambiente; de mobilidade em pós-graduação, com permuta de alunos; e de educação superior a distância.

Foto crédito: Francisco Emolo
Suely: intercâmbio de estudantes é fundamental

Suely Vilela afirma que o fato de a sociedade contemporânea estar globalizada, condição na qual a interação entre diferentes segmentos é muito importante, leva à convicção de que em termos de América Latina é indispensável promover o intercâmbio de estudantes. Para isso a rede dispõe no momento de cem bolsas de estudo fornecidas pelo banco Santander. Elas são suficientes apenas para o início de um programa de internacionalização, pois a demanda vai muito além da oferta. Para disputar uma centena de bolsas houve mais de 200 inscrições, conforme o quarto edital agora publicado.

A propósito do programa de ensino a distância, Suely anuncia algumas novidades. A USP ainda não possui curso a distância (apenas alguns de extensão), mas existem disciplinas ministradas com ajuda do aprendizado eletrônico, tanto na graduação quanto na pós. Pela legislação federal, todo curso a distância deve ter pelo menos 20% de aulas presenciais.

Um grupo de trabalho designado pela reitora apresentou na semana passada proposta de criação do Instituto do Aprendizado Eletrônico, que deverá agora tramitar nas comissões colegiadas da Universidade. O objetivo do instituto é sistematizar e juntar num mesmo lugar físico todas as experiências em aprendizado eletrônico já levadas a efeito aqui. Nesse instituto deverá haver um curso a distância de licenciatura em ciências, proposta que também deverá ser discutida e votada no Conselho Universitário neste semestre. Se aprovado, será o primeiro curso a distância propriamente dito na USP. O edifício da Coordenadoria da Tecnologia de Informação (CTI) deverá ser inaugurado ainda este ano ou no início do próximo. No primeiro andar acomodará o instituto e o CCE (Centro de Computação Eletrônica).

Autonomia – Segundo Suely Vilela, os países integrantes da Rede de Macrouniversidades da América Latina e do Caribe enfrentam dificuldades comuns, sobretudo nas áreas econômica, social, de saúde e educação, variando elas apenas na forma de se apresentar e na intensidade. É certo também que cada universidade pode dar a sua contribuição para a solução desses problemas, ajudando com conhecimentos nos quais se destaca. Quanto à USP, de acordo com a reitora, atualmente os seus pontos altos na pesquisa dizem respeito ao genoma, ao ambiente e à energia (programa dos biocombustíveis). À Universidade de Havana (Cuba), que faz parte da rede, ninguém negará excelência em medicina.

Mas o que marca mesmo a USP e as outras duas oficiais do Estado, a Unicamp e a Unesp, é a forma peculiar de autonomia de que desfrutam. Nosso conceito de autonomia universitária é diferente dos demais, diz a reitora, acrescentando que autonomia de verdade só existe quando se pode dispor de recursos orçamentários, de liberdade para planejar as despesas a curto, médio e longo prazo, definir os programas e ainda transferir as sobras do orçamento de um exercício para o seguinte. Nem as federais brasileiras nem as demais integrantes da Rede de Macrouniversidades da Amértica Latina e do Caribe gozam dessa autonomia.

 
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