O Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), cuja aplicação começou em 2006, recebeu aperfeiçoamentos anunciados na semana passada pela pró-reitora de Graduação da Universidade, Selma Garrido Pimenta. A concessão do bônus universal de 3% no vestibular aos alunos oriundos da escola pública será mantida, e a nota desses

estudantes poderá ser acrescida de bônus qualificado por duas outras modalidades: o desempenho verificado no recém-criado Programa de Avaliação Seriada da USP e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), coordenado pelo Ministério da Educação. No total, a nota dos candidatos ao vestibular provenientes das escolas públicas estaduais poderá ter um bônus de até 12% a partir do mérito acadêmico demonstrado por meio da pontuação máxima nas provas.

A implantação do Programa de Avaliação Seriada (PAS) da USP é uma das mudanças para o próximo vestibular. A avaliação será feita por meio de uma prova elaborada pela USP a ser aplicada nas escolas da rede pública estadual que optarem por participar do programa. O desempenho dos estudantes se traduzirá em bônus adicional de até 3%, proporcional ao resultado obtido na prova, num processo que a USP está desenvolvendo em parceria com a Secretaria de Educação do Estado. Neste primeiro ano, a prova será

aplicada aos estudantes do 3º ano do ensino médio e implementada progressivamente para as demais séries em 2010 e 2011. A concessão do bônus de até 6% no Enem perfaz o total de até 12% que o candidato tem chance de obter. Essas proporções podem ser modificadas após a plena implementação do PAS.

O objetivo principal do programa é aproximar a Universidade das escolas públicas da rede estadual de ensino e estimular a participação dos estudantes dessas escolas no vestibular da USP. De acordo com o documento de avaliação sobre o Inclusp divulgado pela Pró-Reitoria de Graduação, “o egresso da escola pública tende a se sentir desestimulado a prestar o vestibular em razão de suas poucas chances de aprovação”, denotando-se, portanto, “que fatores socioeconômicos têm influência preponderante nas possibilidades de acesso à Universidade”.

Foto crédito: Cecília Bastos
Selma: metas cumpridas

Impacto – O Inclusp é um programa de longo prazo e entre as suas metas está atuar na base para que algumas distorções da realidade educacional brasileira sejam revertidas. Basta dizer que cerca de 85% dos alunos do ensino médio estudam nas escolas públicas, mas essa proporção se inverte na hora da entrada na Universidade mantida pelo estado: em 2006, apenas 24,7% dos ingressantes da USP vinham dessas escolas.

O impacto do bônus de 3% nos dois últimos vestibulares da USP foi determinante para inverter a tendência de queda na quantidade de ingressantes da escola pública (veja gráfico abaixo). Em 2007, esse número alcançou 2.716 alunos (26,7%) e, pelos dados de 2008 consolidados até o momento, o total chega a 2.713 (26,3%). “Os resultados alcançados pelo Inclusp mostram que foi atingido o objetivo de aumentar o ingresso na USP de estudantes provenientes do ensino médio público, interrompendo a tendência de queda que já se evidenciava desde 2005”, diz a pró-reitora Selma Garrido Pimenta.

Nesse quadro é preciso considerar ainda o decréscimo de candidatos inscritos no vestibular: de 152 mil em 2006 para 126 mil em 2007 e 123 mil neste ano. A oferta de vagas em novas universidades públicas na Grande São Paulo – a Federal do ABC (UFABC) e os recentes campi da Unifesp em Guarulhos e Diadema –, além do aumento do número de bolsistas beneficiados pelo ProUni, do governo federal, são fatores que podem ter influído nesse processo. Mesmo assim, a tendência de queda de inscritos das escolas públicas no vestibular da USP não se refletiu no total de ingressantes.

Foto crédito: Cecília Bastos
Uma escola mantida pelo estado: mais perto da Universidade

Potencial – A avaliação do Inclusp até aqui é positiva também em relação aos resultados acadêmicos dos alunos beneficiados pelo programa. De acordo com dados obtidos através do Sistema Júpiter, as médias desses estudantes em 2007 foram de 6,3 – ligeiramente acima da média da Universidade (6,2). Dos 118 cursos oferecidos na USP, a média dos ingressantes beneficiados pelo Inclusp foi igual em oito cursos ou superior em 54 deles. Ou seja, em 54,2% dos cursos da USP, esses alunos tiveram média superior ou igual à média USP. O dado sobre o rendimento baseia-se na análise do histórico escolar do aluno que cursou o primeiro ano em 2007. Para a pró-reitora Selma, “manteve-se o mérito acadêmico como legitimador desse acesso, como demonstra o desempenho acadêmico dos ingressantes de 2007”.

Os números atestam, portanto, que não há diferença de desempenho acadêmico entre alunos ingressantes por meio do Inclusp e os que não utilizaram o programa. “Os dados revelam que os estudantes têm potencial para acompanhar os cursos, inclusive os considerados mais tradicionais, em igualdade com seus colegas de classe”, afirma Selma. Para a reitora Suely Vilela, “esses indicadores nos mostram que a USP está seguindo no caminho correto quanto à adoção de ações afirmativas que contemplam o mérito acadêmico e a inclusão social e nos estimulam a prosseguir no aperfeiçoamento do programa e na implantação de suas diferentes fases”.

 

 
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