A Prefeitura do campus de São Paulo promoveu o 1° Fórum Permanente sobre o Espaço Público da USP, com o objetivo de discutir e elaborar ações para o uso organizado do campus da capital. O encontro foi realizado na Escola Politécnica, no dia 24 de abril, e contou com a presença de cerca de 170 servidores, docentes e alunos, além da

Foto crédito: Francisco Emolo

comunidade externa que utiliza o campus com freqüência.

Na reunião, foram formados os Grupos de Trabalho (GTs), que vão se reunir e fazer propostas para a Cidade Universitária. Eles foram divididos em blocos temáticos, que abrangem seis grandes áreas: segurança em saúde, patrimonial e pessoal; infra-estrutura, mobiliário urbano e suportes de comunicação visual; sistema viário, trânsito e transporte; patrimônios natural, histórico, científico e cultural; resíduos, gerenciamento do lixo e reciclagem; e relacionamento com o entorno sociocultural, político, econômico, científico e tecnológico.

A Cidade Universitária, em São Paulo: propostas serão analisadas pelo Conselho do Campus, visando à sua implementação


Na parte da manhã, o evento foi aberto com palestras proferidas pelos professores Edmir Netto de Araújo, da Faculdade de Direito, e Euler Sandeville Jr., da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). “O espaço público precisa ser objeto de algum regramento. As pessoas têm amplo direito de ir e vir, mas se você quer utilizar um bem público que tenha finalidades específicas, precisa respeitá-las”, enfatizou Araújo. O professor Sandeville – que coordena o Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da FAU – defendeu que a Cidade Universitária deve ser um pólo de experimentações alternativas, centradas num eixo socioambiental. “Defendo um ambiente aberto, que possa produzir conhecimento junto com a sociedade, em sintonia com os fins da Universidade”, propôs.

Recursos digitais – Duas ferramentas digitais – mostradas durante o Fórum Permanente sobre o Espaço Público da USP – vão auxiliar a organização do campus. A primeira delas, em funcionamento desde 2007, é o Stoa. Trata-se de uma rede social on-line que oferece a todos os membros da USP opções para criar comunidades, blogs, guardar arquivos e compartilhar informações.

A outra ferramenta foi apresentada pela Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf) da USP e será disponibilizada aos poucos, até ficar pronta em 2009. É o Sistema Atlas, um grande banco de dados com a geografia e outras características do espaço físico uspiano, englobando detalhes precisos sobre rede de esgoto, plantas de prédios e sistemas de iluminação, entre outros itens. Num plano piloto, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) foi totalmente mapeada. A riqueza de detalhes chegou até a identificar a posição exata e o diâmetro do caule de cada árvore ao redor da unidade. O objetivo do sistema é controlar o uso e a manutenção da infra-estrutura, bem como subsidiar intervenções e decisões técnicas que dependam desse tipo de dado. “Às vezes queremos desenvolver um projeto, mas não se sabe se algum outro departamento está fazendo a mesma coisa. Ou então demoramos para avançar porque faltam ou não existem informações sobre o terreno”, explica Sérgio Assumpção, diretor de planejamento da Coesf. “A idéia é que o sistema de cadastramento de dados físicos seja um pequeno ‘Google Earth’ da Universidade”, compara.

Foto crédito: Cecília BastosGrupos de trabalho – Na parte da tarde, os participantes do encontro se dividiram para formar os seis grupos de trabalho. Esses grupos vão produzir documentos com propostas para a gestão do campus, que, no segundo semestre deste ano, deverão ser analisadas pelo Conselho do Campus. A Comissão Executiva do fórum espera que os grupos respondam a algumas perguntas norteadoras, como “que tipos de uso são adequados a um campus universitário público?” e “há usos que deveriam ser restringidos?”. “A idéia não é apenas pegar os problemas pontuais de hoje, mas também pensar num futuro sustentável”, destacou Maria Cristina Guarnieri, uma das organizadoras do fórum.

Nos grupos, vários assuntos foram tratados por funcionários, alunos, professores e até pessoas da comunidade externa. Os estudantes Maurício Moura, Gabriel Larelio, ambos da Escola Politécnica, e Katheleen Chiang, da FAU, por exemplo, destacaram a atividade de comissões de bateria na Cidade Universitária, que são alvo de reclamações por causa do som alto. “Para nós, o problema não é exatamente a falta de espaço no campus, mas a discriminação das pessoas, que não vêem a bateria como uma atividade cultural, só como uma batucada”, diz Moura.

O presidente da Federação Paulista de Triatlo, Frederico Wilche, participou de um dos grupos de trabalho. “Queremos ajudar a fazer da Cidade Universitária um ambiente democrático com regras”, afirmou Wilche. A necessidade de regulamentação das atividades no campus foi destacada também pelo diretor do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), professor Carlos Bezerra de Albuquerque. “Ao meu ver, a USP é a maior arena esportiva do Brasil. E aqui existe a dicotomia entre o conceito de socialização do esporte e o questionamento sobre receber praticantes de atividade física e eventos esportivos em função do impacto e desgaste que causam na Cidade Universitária. Isso tem que ser regulamentado e a USP precisa receber uma contrapartida”, defendeu.

Interessados em participar das discussões do Fórum Permanente sobre o Espaço Público da USP devem entrar num dos seis grupos de trabalho já formados. A adesão pode ser feita pelo telefone 3091-1986 ou pelo e-mail espacousp@usp.br.

 
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