O ano de 1968 é lembrado como um conjunto complexo de movimentos de mobilização e contestação social, época de rebeliões estudantis na França, da luta armada na América Latina, da guerra de libertação do Vietnã, da Contracultura na Europa, questionando os valores instituídos e pregando a expressão libertária. Para discutir a questão, passados 40

anos, um grupo de alunos do Centro Acadêmico organiza a quarta edição da Semana de Ciências Sociais, que acontece de segunda a sexta, incluindo mesas-redondas, debates, exposição, mostra de filmes, além de depoimentos de pessoas que viveram aquele momento.

Na abertura, nesta segunda, pessoas que atuaram e lutaram em 68 iniciam suas falas e reflexões sobre a luta armada e as organizações clandestinas, e como

Pra Frente Brasil, de Roberto Faria, filme que se passa durante a ditadura

vivenciaram aquela época. Entre os depoimentos, estão o de Bernardino Ribeiro de Figueiredo (presidente do Centro Acadêmico de Filosofia, em 1968), João Quartim de Moraes (integrante da Vanguarda Popular Revolucionária, 68) e Leonel Itaussu de A. Mello (presidente do DCE-USP, 1968-1969). Ainda no mesmo dia serão realizadas duas mesas: Contexto Histórico do Brasil, com a presença de Alexandre Fortes, Francisco de Oliveira e Maria Aparecida de Aquino; e Contexto Histórico Mundial, apresentado por Robert Sean Purdy, Ruy Braga e Sebastião C. Velasco e Cruz.

No segundo dia, na terça, os temas são Terceiro Mundo e Revolução, com Bernardo Ricupero, Leonel Itaussu de A. Mello e Luiz Bernardo Pericás; Juventude: Ator Político e Social, com Helena Abramo e José Guilherme C. Magnani, assunto que ganha destaque “já que a existência da juventude como grupo social distinto dos demais é algo recente, e 68 foi marcante para apontá-lo como protagonista de muitos embates sociais e políticos”, como informa uma das organizadoras Camila Rocha; e Contracultura e Indústria Cultural, com Henrique Carneiro, Marcelo Ridenti, Paulo Menezes e Vladimir Safatle.

Na quarta, a primeira mesa Reforma Universitária no Brasil e na América Latina vai abordar as reformas realizadas na própria Universidade de São Paulo e ainda a Reforma de Córdoba, na Argentina, que tinha reivindicações em comum com o movimento estudantil da USP. Participam Gabriel Cohn e Maria Ligia Coelho Prado. O tema 1968, o ano que (quase) mudou o mundo é debatido por Heloisa Fernandes, Paulo Arantes e Theotonio dos Santos e também é assunto do dossiê da revista Margem Esquerda, número 11, que será lançada ao lado do livro O Poder das Barricadas, de Tariq Ali. E o último debate trata dos Movimentos Sociais, com Alipio Freire e Maria Célia Paoli.


A exposição que integra o evento traz a instalação 1968, Presente!, da artista plástica Fulvia Molina

Na quinta, as discussões giram em torno da Emergência do Movimento Negro nos EUA e no Brasil, com participação de João Baptista Borges Pereira e Teresinha Bernardo; e Estudos Urbanos e Conflito Social, com Eduardo Marques, Fraya Frehse e Heitor Frúgoli. No encerramento, na sexta, os direitos humanos são abordados por Ana Lúcia Pastore, Dalmo Dallari e Rossana Rocha Reis, além de “1968: Debate da Nova Esquerda/Velha Esquerda”, com Álvaro Bianchi, Gildo Marçal Brandão e Ricardo Musse; e na mesa Legados de 1968, o professor Franklin Leopoldo e Silva, que também participou ativamente na época, fala tanto como ator político como intelectual, refletindo sobre o legado daquele ano para gerações presentes e futuras.

Paralelamente, acontece uma exposição da artista plástica Fulvia Molina, apresentando a instalação 1968: Presente!. Estudante na época, apesar de não ter participado de nenhuma organização, acompanhou e vivenciou aquele momento de intenso embate social e político, e também dá depoimento durante a abertura do evento. E ainda é exibida uma mostra de filmes, selecionados por Paulo Menezes, com sessões a partir das 18h30: Pra Frente Brasil (1983), de Roberto Farias, na segunda; A Sociedade do Espetáculo (1973), de Guy Debord, na terça; Universidade em Crise (1966), de Renato Tapajós, 15 Filhos (1966), de Maria Oliveira e Marta Nehring, e Barra 68 – Sem Perder a Ternura (2000), de Vladimir Carvalho, na quarta; Ação Entre Amigos (1998), de Beto Brant, na quinta; e Quase Dois Irmãos (2005), de Lucia Murat, na sexta, mostrando como a arte e o cinema retratam ou rememoram aquele ano.

A 4ª Semana de Ciências Sociais 68/40 Anos acontece de segunda a sexta, sempre a partir das 14h, no Prédio das Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP (av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária). Mais informações pelo e-mail secs2008@googlegroups.com. A entrada é franca, e não há necessidade de inscrição.

 
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