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inseguros em falar com as crianças a respeito, com medo de provocar tristeza ou ir de encontro aos valores religiosos familiares dos alunos.”
Lucélia ressalta que a partir dos 5 anos a criança já possui a capacidade de abstrair e assimilar os três componentes básicos para a aquisição do conceito de morte: universalidade, não-funcionalidade e irreversibilidade. “Os encontros mostraram a necessidade de um espaço para os educadores discutirem assuntos mais complicados de se abordar com os alunos”, diz. “O tema da morte não precisa ser ignorado, podendo ser abordado, por exemplo, em aulas de ciências, com livros e em rodas de conversa com as crianças.”
Leituras – Durante a pesquisa, foram apresentados 36 livros, nacionais ou traduzidos, que abordam a morte para o público infantil. “As abordagens são muito variadas, há livros que falam sobre a velhice, morte de pais, irmãos, avós e ciclo de vida”, descreve a psicóloga. Há títulos que explicam aspectos biológicos e sociais, como os ritos fúnebres, outros com atividades interativas e até alguns com abordagem fantástica, ligada à questão espiritualista. “Outros tratam o assunto com um certo humor, como A mulher que matou os peixes, de Clarice Lispector.
Apesar da variedade de enfoques, apenas sete livros já eram conhecidos pelos educadores. “Um exemplo é o livro Os porquês do coração, de Conceil C. Silva, que fala sobre a morte de um peixinho de estimação e mostra como uma criança lidou com a perda e a tristeza e transformou o desespero da falta em boas lembranças”, conta Lucélia. “Uma das professoras disse que já usava o livro, mas para falar sobre os porquês, mesmo que a temática da morte e das perdas fosse tão evidente.”
Algumas obras chamaram a atenção pela sutileza com que abordam o tema, como Vó Nana (Margaret Wild), Menina Nina (Ziraldo), Eu vi mamãe nascer (Luiz Fernando Emediato) e A montanha encantada dos cisnes selvagens (Rubem Alves). A pesquisadora aponta que o livro Quando os dinossauros morrem, de M. Brown, despertou muito interesse dos educadores. “Por meio de tiras de quadrinhos com diálogos de uma família de dinossauros, são mostradas questões como as diferentes formas de morrer", diz. "Também são abordados os rituais de despedida, costumes e crenças das diferentes religiões, além de formas de manifestação de sentimentos e o próprio conceito de morte.”
Lucélia também indica os livros A história de uma folha (Leo Buscaglia) e Tempos de vida (B. Mellonie e R. Ingpen), em que a morte é abordada como parte do ciclo vital. “Por fim, Vovô foi viajar, de M. Veneza, e Cadê meu avô?, de Lídia Carvalho, apontam para a importância de não enganar a criança ao se contar sobre a morte de alguém”, explica. “Ela fatalmente saberá que está sendo enganada e poderá ter a sua confiança abalada.”
Lucélia ressalta que, a partir da apreciação dos livros, os educadores perceberam ser possível sua utilização com os alunos para discutir e elaborar a questão das perdas e da morte como parte da vida. “Mais do que um simples método de ensino a ser aprendido, essa experiência deve ser sentida, vivenciada e experimentada”, conclui.
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