O cotidiano dos países árabes e seus conflitos serão exibidos nas telas da mostra cinematográfica “Imagens do Oriente 2008”, que tem início nesta terça. O evento está em sua segunda edição e é promovido pelo Instituto de Cultura Árabe (Icarabe), em parceria com o Centro Cultural São Paulo (CCSP). Este ano estão reunidas 42 produções do Irã,

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Jordânia, Líbano, Palestina, Paquistão e Síria. Segundo o cineasta e curador Massoud Bakhshi, a seleção traz trabalhos de “talentosos diretores que têm documentado não apenas a realidade de suas sociedades, mas inclusive expressado e comentado sobre o que está por detrás da realidade cotidiana dessas vidas”.

Os longas árabes traçam uma nova retrospectiva do conflito entre Israel e Palestina e observam como a terceira geração de refugiados se porta nesse

O iraniano Azeitona, de Miza Molavi (acima), e o curta Tapa, de Ehsan Amani (abaixo)

contexto. Já os iranianos falam sobre morte, solidão e amor. Também, como parte da programação, será realizado o debate “O Papel do Cinema Árabe e Iraniano na Contemporaneidade”, nesta quarta, às 20h, com participação dos produtores Massoud Bakhshi e Montaser Marai, do cineasta Alimohamad Ghassemi e do diretor do Centro de Cinema Experimental do Irã (Defc), Mohammad Afarideh, além de Alessandra Meleiro (USP) e Arlene Clemesha (USP/Icarabe).

Filmes – A mostra será aberta com o iraniano O Velho e a Estrada de Trem (10 min), que fala da espera de um velho ferroviário por seu filho e foi dirigido por Panah Barkhoda Rezaei. Do mesmo país ainda serão exibidos As Formigas (3 min), de Peyman Barahin, que mostra um homem que caminha sobre formigas em um dia chuvoso; Os Infortúnios de Mashdi (14 min), de Shahram Mirab Aghdam, em que um senhor, que compra bilhetes de loteria desde a juventude, finalmente ganha o prêmio, mas coisas estranhas começam a acontecer; e Miragem (18 min), de Behzad Rasoulzadeh, que mostra a vida de crianças que moram próximas à fronteira do Irã; Azeitona (6 min),dirigido por Misa Molavi, conta como o mesmo pássaro é visto como uma pomba para um professor e um corvo para seu aluno; A Gaiola (12 min), de Vahid Nasirian, em que um gigante faz estátuas que começam a cair das nuvens; e Um Lugar Agradável para o Peixe (26 min), de Nasser Zamiri, sonho de um romântico casal de anões com o nascimento do filho; além do filme do diretor Bahman Ghobadi que retrata a vida de uma família curda que vive próxima à fronteira Irã/Iraque em Daf  (2003, 52 min). E também os longas As Mazelas de Uma Solteirona, filme do ano passado dirigido por Seyed Massoud Atyabi, sobre as mudanças que um acidente de carro gera na vida de um casal; e Escrevendo na Terra, de Ali Mohammad Ghasemi, que conta a história de uma mulher que decide matar todas as crianças de sua aldeia para salvá-las da vaidade do mundo.

Foto crédito: divulgaçãoDentre os palestinos, A Muralha de Ferro (2006, 52 min), dirigido por Mohammed Alatar, que conta a história da implantação sionista na Palestina; Jerusalém, o Lado Leste da História (2007, 57 min), do mesmo diretor, em que são expostos conflitos da parte leste de Jerusalém; e Meu País Amado (Palestina/Nova Zelândia, 2007, 24 min), de Janice Abo Ganis e John Mandelberg, sobre cantores que revelam as histórias de suas comunidades através da música, entre outros. Destaque ainda para Um prato de Sardinhas, ou A Primeira Vez que Eu Soube de Israel (Síria/França, 1997, 17 min), de Omar Amiralay, que revisita as ruínas da cidade síria Al-Qunaytera, ocupada por Israel durante sete anos; Fronteiras de Sonhos e Medos (Líbano/Palestina, 2001, 56 min), de Mai Masri, em queduas garotas palestinas que vivem em diferentes campos de refugiados se tornam amigas; Fazedor de Guerra (5 min), de Shahram Heidarian, sobre um fotógrafo militar americano que disponibiliza suas imagens da guerra entre Iraque e Estados Unidos; e Tapa (5 min), de Ehsan Amani, que mostra mistérios envolvendo um casal de velhos, um homem e uma moça.

Também são vários os documentários da programação, como Faixa de Gaza (EUA/Palestina, 2002), de James Longley, que apresenta um raro olhar sobre a realidade vivida nos territórios palestinos sob ocupação militar israelense; o palestino De Futebol e Sonhos (2006), de Maya Sanbar e Jeffrey Saunders, que mostra jogadores da Cisjordânia e Gaza, que não podem treinar juntos em seu próprio país; Coração Aberto (Palestina/Reino Unido, 2006), de Claire Fowler, que narra a luta pela sobrevivência de um garoto de nove meses que precisa realizar uma cirurgia do coração; Leite do Deserto (Síria/Reino Unido, 2004), de Yasmin Fedda, que aborda as relações entre cristãos e muçulmanos na Síria; e Blues Palestino (Palestina, 2005), de Nida Sinnokrot, que fala sobre a campanha não violenta contra a construção do Muro empreendida por um vilarejo.

A mostra é gratuita e vai até domingo, com sessões entre 16h e 20h, no CCSP (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso). Mais informações pelo tel. 3383-3402. A programação completa pode ser acessada no site.

 
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