Tendência que se verifica em diversos segmentos da sociedade, o aumento do consumo de drogas ilícitas e álcool é uma realidade também na Universidade. A USP já dispõe de vários locais que atendem a quem procura tratamento, porém essa rede não está unificada. Conseqüentemente, há dificuldade para obter dados mais amplos que possam

orientar as políticas de atendimento. É exatamente esse o foco de um novo projeto que a USP começa a implantar, a partir da cessão de uma área no Instituto de Psicologia para abrigar o Programa de Prevenção e Tratamento de Uso de Álcool e Drogas da USP.

“Atualmente o trabalho já é bem-feito, mas não há integração. A idéia é que o sistema passe a conversar”, diz o professor José Franchini Ramires, coordenador do Departamento de Saúde da USP – nova denominação do Sistema Integrado de Saúde da Universidade (Sisusp). Uma das iniciativas do projeto, cita, é a adoção de prontuários clínicos comuns para que o departamento acompanhe mais de perto o atendimento feito em setores como a Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) ou o Hospital Universitário. A diversidade dos problemas pode ser sentida em duas pontas da rede, exemplifica o professor: enquanto na Coseas a procura é maior por estudantes dependentes de drogas, o atendimento na

Prefeitura do campus da Capital recebe principalmente funcionários afetados pelo alcoolismo.

Em abril, um workshop reunindo diretores de unidades de ensino, institutos, museus, prefeituras e hospitais já havia debatido propostas e diretrizes para uma política de enfrentamento do uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas na Universidade. No dia 2 de junho, Ramires apresentou o projeto na congregação do Instituto de Psicologia, e agora a unidade está buscando o local ideal em seu Centro de Atendimento Psicológico (CAP) para receber a coordenação do programa. A previsão é de que o serviço comece a funcionar em cerca de 30 dias. Além do Instituto de Psicologia, estarão integrados setores como o Instituto de Psiquiatria (IPq) e o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea), coordenado pelo médico Arthur Guerra de Andrade.

Geladeira e fogueira – A USP já se responsabiliza por internações de integrantes de sua comunidade para tratamentos em clínicas de recuperação de dependentes químicos. Muitas vezes, porém, quando o paciente recebe alta e volta ao convívio no local de trabalho ou estudo, acaba recaindo no consumo. “Colocamos a pessoa na geladeira, mas depois ela volta para a fogueira”, compara José Ramires. A falta de uma política integrada resulta em falhas no acompanhamento depois de uma internação – e quem conhece quadros de dependência sabe que esse é um fator crucial para a adesão ao tratamento. A regra, aliás, vale também para pessoas que nunca passaram por clínicas.


Ramires: “A idéia é que o sistema passe a conversar”

Um dos objetivos do novo programa é fazer com que o atendimento, seja psicológico ou psiquiátrico (ou ambos ao mesmo tempo), ande de mãos dadas – e unido à assistência social sempre que necessário. “A idéia dessa organização é acompanhar mais de perto. O grupo precisa saber o que está acontecendo e conhecer os nossos problemas mais a fundo”, diz o médico. A incorporação de novos métodos e técnicas de tratamento é outro alvo. Não serão contratados novos profissionais para o serviço. Para o professor Ramires, é possível conseguir uma maior organização com os quadros e recursos já disponíveis.

Enquanto a nova coordenação está sendo estruturada, alunos, funcionários e docentes interessados em atendimento podem procurá-lo no Hospital Universitário (agendamento de consultas pelos telefones 3091-9449 e 3091-9200), no Grea (telefones 3069-6960 e 3069-7891) e na Coseas (telefone 3091-2043).

 
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