Democratizar a produção televisiva dos canais universitários agora já é uma realidade. Foi lançada no dia 6, na sala do Conselho Universitário da USP, a Rede de Intercâmbio de Televisão Universitária (Ritu), uma ferramenta que compartilha entre as televisões universitárias conteúdos de vídeo para a construção de uma grade de programação local

Foto crédito: Cecília Bastos

e 100% universitária, numa rede de alta velocidade com qualidade para exibição em televisão.

Esse compartilhamento só foi possível devido a uma parceria entre a Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Educação e o Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid) da

O encontro na Sala do Conselho Universitário: 24 horas no ar

Universidade Federal da Paraíba. Ao Lavid coube desenvolver uma interface na internet, fruto de pesquisas patrocinadas pela RNP para a instalação de servidores de vídeo.

Cada uma das universidades, sejam elas federais, estaduais ou particulares, integrada em alguma das redes da RNP, poderá digitalizar sua produção de televisão e compor uma grade televisiva nacional, cabendo a cada um dos canais universitários exibir sua própria grade de programas. “A Ritu é uma rede igualitária, em que todos os pontos têm igual valor e autonomia para compor sua grade de programação e contribuir com as demais, enviando seus melhores programas. É uma rede horizontal, sem a presença de uma ‘cabeça’, diferente do modelo verticalizado dos canais abertos, adotados no Brasil atualmente”, ressalta Cláudio Márcio Magalhães, presidente da ABTU.

As vantagens da Ritu, segundo Magalhães, são a maior capacidade de acesso aos programas e a autonomia no uso deles, compondo a grade conforme o interesse de cada canal universitário e a inovação tecnológica.

De acordo com o diretor da TV USP, jornalista Pedro Ortiz, o canal universitário que participar como associado da Ritu vai poder digitalizar semanalmente a sua programação, como documentários e vídeos científicos, entre outros, e com isso disponibilizá-la para a grade nacional, facilitando o acesso dos programas em qualquer lugar do país. “A Ritu possibilita uma grande diversidade de programação, que vai refletir a produção da TV universitária de todo o Brasil. Hoje são 50 canais universitários e mais de cem instituições de ensino superior, entre universidades, centros universitários e faculdades, com uma produção regular de televisão”, comenta.

Tempo real – O coordenador da Ritu, Adriano Adoryan, comenta que a realidade da produção e exibição de um programa de TV do canal universitário é muito difícil. “Muitos deles produzem apenas uma ou duas horas por dia e no restante do tempo reproduzem o conteúdo de outras emissoras, ficando com dificuldade de estabelecer uma linha editorial própria.”

Adoryan, também responsável pelo conteúdo do IPTV-USP, aponta ainda que a Ritu está possibilitando existir um tráfego de vídeos na internet praticamente em tempo real. “Com isso abrimos a possibilidade de, sem um grande investimento adicional, ter uma grade universitária 24 horas no ar.”

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Participação: rede será aberta para todos os interessados

O gerenciamento da rede é de responsabilidade da ABTU. Para que as universidades associadas possam participar, existem alguns critérios de qualidade, lembra Ortiz. “A ABTU vai manter uma espécie de conselho de programação para validar os vídeos enviados para circular na rede. A etapa de validação quer verificar se os vídeos cumprem as questões técnicas de qualidade de imagem e som.”

Ortiz lembra que todos os programas vão ser digitalizados em qualidade broadcasting, ou seja, Mpeg 2, com capacidade para que, quando a programação for baixada pela internet, possa ser gravada numa fita de exibição na televisão. “Não é só tráfego de vídeos na internet com qualidade para internet, mas sim com qualidade para televisão.”

Outro cuidado que se deve tomar é na questão dos direitos autorais. Ortiz conta que a ABTU também vai observar os critérios legais existentes para uma produção correta de vídeo. “Para colocar um vídeo na rede é preciso deter os direitos autorais da trilha sonora e das pessoas entrevistadas, que devem dar autorização para o uso da imagem, por exemplo.”

Quanto ao conteúdo, não existem restrições, a não ser pelos parâmetros que norteiam não só as TVs universitárias, mas as próprias universidades na sua produção intelectual, no que diz respeito aos direitos humanos, assim como não fazer propagação de idéias racistas e xenófobas. “Vamos exigir respeito a esses critérios. Queremos promover a diversidade do pensamento, mas exigimos respeito à ética e aos direitos humanos”, ressalta Ortiz.

A construção da Ritu passou por duas fases. Na primeira foram selecionadas nove universidades para participar: USP, Mackenzie, PUC Campinas, Unicamp, Federal de Minas Gerais, Federal de Santa Catarina, Federal Fluminense, Federal da Paraíba e Unisinos, do Rio Grande do Sul, que ajudaram a compor a grade atual de programação da rede.

A partir do início do segundo semestre a rede irá se abrir para todos os interessados, contando com uma quantidade de vídeos bem extensa. Ortiz deixa claro que a rede é um mecanismo de tráfego de vídeos de alta qualidade pela web. “Não é aberta para usuários que utilizam outras redes da internet, mas sim para as TVs universitárias associadas à Ritu, que queiram compartilhar suas produções.”

Vale lembrar que a Ritu surgiu da necessidade de se fornecer às TVs universitárias uma programação de qualidade para que elas pudessem compor uma grade de programação diversificada 24 horas no ar. O custo da rede é muito mais baixo do que o de qualquer outra solução, como links de satélite ou uma complicada operação de troca de fitas, que inclui a logística da copiagem e distribuição. Além dos dois PCs rodando Linux e o software Ritu 1.0, basta uma conexão de rede de alta velocidade à RNP.

Para que outras universidades possam participar, basta ter um computador robusto em termos de memória e espaço de armazenamento, que hoje gira em torno de R$ 5 mil. “Em termos de custos, para uma universidade é muito barato. Os programas usados são todos de códigos abertos, ou seja, softwares livres, sem custo nenhum para a instituição”, analisa Ortiz.

 
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