Criado em 1993 por Aída Queiroz, César Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães, quando a animação brasileira mal engatinhava, o Anima Mundi já é o maior festival do gênero na América Latina e o terceiro do mundo. O evento, que chega a sua 16a edição, exibe entre 23 e 27 de julho 441 filmes de 42 países, 74 deles do Brasil.

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São quatro mostras competitivas: Longas-Metragens, Curtas, Infantil e Portfólio; e mais quatro informativas: Animação em Curso, Futuro Animador, Panorama de Curtas e Panorama de Longas. Além das premiações dos júris oficial e popular e do Prêmio Aquisição do Canal Brasil, o festival conta ainda com os tradicionais Anima Mundi Web e Anima Mundi Celular, que premiam animações feitas para internet e celular, respectivamente.

A competição de longas conta com quatro filmes inéditos no país. O dinamarquês Princess, de Angers Morgenthaler, foi exibido na Quinzena dos Realizadores do último

O despejo – ou... Memórias de Gabiru, do carioca Sérgio Glenes, e Belowars (abaixo), do paranaense Paulo Munhoz, figuram entre as 74 animações brasileiras do festival

Festival de Cannes e mistura animação 2D e atores para abordar a exploração social de crianças e adolescentes; a superprodução norte-americana Delgo, de Marc Adler e Jason Maurer, é um épico de fantasia feito em computação gráfica que se passa em uma galáxia distante e foi dublado por Val Kilmer, Anne Bancroft e Burt Reynolds, entre outros; o também norte-americano Idiots and Angels, de Bill Plympton, é uma comédia de humor negro sobre um anjo relutante; e Belowars, do paranaense Paulo Munhoz, foi baseado no livro infanto-juvenil Guerra Dentro da Gente, de Paulo Leminski.

As sessões de curtas contam com o filme da Disney Como Montar um Home Teather, novo desenho da série do Pateta; a animação em 3D francesa Blind Spot e novos trabalhos de brasileiros como Animadores, de Allan Sieber; Cânone para Três Mulheres, de Carlos Eduardo Nogueira; e Passo, de Ale Abreu, além de curtas premiados em festivais nacionais como Dossiê Rê Bordosa, de César Cabral, e Pajerama, de Leonardo Cadaval. Entre os latino-americanos, um curta merece atenção redobrada: o colombiano En Agosto, de Andrés Barrientos e Carlos Andrés Reyes. Participam ainda o sul-africano The Tale of How, de The Blackheart Gang; o australiano Mutt, de Glen Hunwick; o búlgaro Pojar, de Bilyana Ivanova; e o norte-americano Hot Dog, de Bill Plympton.

As outras mostras também estão cheias de novidades e animações surpreendentes. A Panorama está de caso com o cinema de ficção, representado pelo franco-belga La Svedese, de Nicolas Liguori, que narra o romance da atriz sueca Ingrid Bergman com o diretor italiano Roberto Rossellini. E a mostra infantil não é só para crianças. Nela encontram-se o gracioso A Sunny Day, de Gil Alkabetz; o uruguaio em stop-motion La Canilla Perfecta, de Walter Tournier; e a nova série de desenhos da produtora carioca MultiRio, como Seu Lobo, de Humberto Avelar. O público pode assistir ainda a outros brasileiros, como Maiô de Bolinhas, de Mariana Caltabiano; O Despejo – ou... Memórias de Gabiru, de Sérgio Glenes; e O Povo Atrás do Muro, de Marconi Loures de Oliveira.

Crédito foto: divulgaçãoMerece destaque ainda a produção argentina, com títulos de peso no festival. Fora da competição serão exibidos Martín Fierro, co-produzido pela Espanha com base no poema gauchesco de José Hérnandez que leva o mesmo nome. Dirigido por Norman Ruiz e Liliana Romero, é um dos mais belos exemplares da nova safra de animação argentina, ainda inédita no Brasil. O documentário Quirino Cristiani, de Gabriele Zucchelli, é mais um filme em evidência. O personagem-título é o pioneiro do país que fez o primeiro longa de animação do cinema. 

O ciclo de debates Papo Animado conta com grandes nomes da animação atual. Um deles é o argentino Juan Pablo Zaramella, vencedor do júri popular do Anima Mundi 2005 e de mais 45 prêmios internacionais com Viaje a Marte. O veterano Ray Harryhausen, que deu vida aos esqueletos de Jasão e os Argonautas, fala sobre o stop-motion, uma técnica antiga e das preferidas dos animadores. O lado high tech será representado pelo trabalho da Blizzard, uma das maiores empresas de computação gráfica para videogames do mundo, que envia o supervisor James McCoy. Da Alemanha vem Andréas Hykade, diretor do alucinado Ring of fire e autor da série infantil Tom & The Slice of Bread With Strawberry Jam & Honey. O animador brasileiro Daniel Schorr chega do Canadá para o festival, trazendo um trabalho respeitado, que conta com os títulos In Search of The Dragon e Snow Cat.

Profissionais da animação têm encontro marcado no workshop de roteiro e desenvolvimento em animação de Jean Ann Wright, autora do livro Animation Writting and Development. O grupo japonês Tochka, que faz as animações Pikapika, também promove workshops, em que as pessoas desenham no espaço com luzes coloridas. Esses esboços feitos de luz são capturados por uma câmera fotográfica e depois transformados em animação.  E a consultora especializada em desenvolvimento de animação para crianças Heather Kenyon fala ao público sobre o que os compradores internacionais buscam num projeto de pitching original.

O Anima Mundi apresenta uma seleção especial de filmes de animação do Open Cinema, o maior festival internacional de curtas-metragens da Rússia, que é realizado ao ar livre em São Petesburgo. A animação experimental também ganha um espaço próprio neste ano com a Galeria Animada, onde as obras serão exibidas como em uma exposição de artes plásticas. E o artista brasileiro Márcio Ambrósio participa da festa com a instalação interativa Oups!, vista pela primeira vez no Recyclart, em Bruxelas.

O Anima Mundi 2008 estréia na próxima quarta, dia 23 de julho, e vai até dia 27, das 11h às 24h na Fundação Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda). Os ingressos para as salas 1 e 2 custam R$ 6,00 e para a sala 3, R$ 3,00. As sessões da mostra Futuro Animador são gratuitas. Informações pelo tel. 3823-4600 ou ainda pelo site www.animamundi.com.br.

 
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